Capítulo 3

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As paredes brancas ardiam nos reflexos laranja do pôr-do-sol, que entravam pelas grandes janelas que eram guardadas por cortinas finas, essas que balançavam ao sabor do vento, a sala tinha um ar de paz, os moveis claros, poucos, apenas o necessário.  Quando olhou para um canto da sala, o velho piano de cauda estava no mesmo lugar que ela o viu pela primeira vez, mas agora estava reformado, podia notar isso na beleza que retomara através do revestimento negro que brilhava. O som dos sininhos que balançavam ao sabor do vento enchia o ambiente de forma doce e calmante. Lois observava todo o ambiente, admirando cada detalhe, lembrando-se de como era antes e como é agora.

- Você fez tudo? Como dizia no jornal? – Ela perguntava curiosa. 

- Sim, quer dizer. A maioria das coisas, algumas coisas precisei de ajuda, por que algumas coisas são impossíveis de se fazer só. – Ele sorri sem graça. 

Ela sorri e de repente seus olhos se enchem de surpresa. Ela via o quadro que enviará, em cima da lareira, ele havia recebido o quadro, mas não quis entrar em detalhes, pois entrariam em terreno perigoso, que envolvia o passado e o fato dele ter esquecido dela, não ter enviado cartas, não procurá-la. Mas, ele notou o olhar dela sobre o quadro e falou. 

- Eu o guardei por todo esse tempo, para pendurá-lo ai. Ele sempre ajuda a lembrar de você. – Ele fala ficando em pé atrás dela, próximo, mas sem tocá-la. – Você ainda pinta? 

- Não. – Ela responde brevemente. Sentindo a presença dele bem próxima, aquela proximidade mexia ainda com ela. 

- Por que? Você pinta tão bem! Passa sua vibração, sua força através das pinceladas na tela. – A voz era cheia de admiração. 

- Por que, aos poucos a vontade foi esmaecendo e se perdendo no caminho. – Falava de tal forma que parecia falar de outra pessoa. 

Depois de um silêncio estabelecido, Clark o quebra, perguntando: 

- Já comeu caranguejo? 

- Já, na comida, muitas vezes. – Ela responde sem entender ao certo. 

- Não falo assim, falo de outra forma, come-lo mesmo... Tudo bem, você vai ter essa experiência hoje... Deixa eu pegar os caranguejos! Ele caminha para a porta enquanto ela retira as luvas, o chapéu e coloca a bolsa em cima de um dos moveis e o segue. 

- Quero ir com você, quero ver isso. 

Ele sorri e caminha com ela por uma trilha que ia até o cais, o caminho era cheio de lembranças do passado, pois algumas vezes eles vinham tomar banho no rio, enquanto Clark puxava as cestas para retirar os caranguejos e colocá-los em um balde, dividia sua atenção entre o serviço e ela, que estava observando tudo, o antigo balanço de madeira sobre o cais, e uma das madeiras que ainda trazia talhado um coração co um L, ela passou a ponta dos dedos lembrando do dia que eles fizeram aquela simples obra. Com o serviço terminado ele ficou de pé e disse sorrindo: 

- Vamos? 

- Vamos! – Ela sorri delicadamente, comedida, como tinha se tornado, devido a tudo que passou. – Tinham muitos? 

- O suficiente para o jantar. Espero que goste. 

- Acho que vou sim, estão bem apetitosos antes de ir para panela, imagine depois. – Ela sorri. 

- É verdade, estão bem grandes. Se depender do cozinheiro esse jantar será maravilhoso.

Escolhas: Pelo Futuro - Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora