Capítulo 4

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Clark desce as escadas com uma camisa sua de mangas compridas, enquanto Lois tirava o sapato alto e o colocava em um canto da cozinha branca, que brilhava sob a luz, nem parecia a casa de um homem que vivia só de tão limpa que era ela. 


- Vista para não sujar seu vestido. – Ele entrega a camisa vinho para ela. 

- Obrigada. – Sorri agradecida. 

- Você gostaria de beber chá ou cerveja?...É tudo que tenho. – Ele oferece com a janela aberta. 

- Chá. – Ela responde brevemente. 

- Ok! – Ele responde sorrindo enquanto retira uma cerveja da geladeira. Depois enche uma chaleira com água e coloca essa no fogo. 

- Você poderia cortar os legumes enquanto eu limpo os caranguejos? – Ele pergunta calmamente. 

- Claro! – Ela abre um amplo sorriso solicito. 

- A tábua e as facas estão na bancada, e os legumes na gaveta mais baixa da geladeira. É sempre bom colocar eles para ferverem com um pouco de tempero, então é só cortar cebola, tomate e pimentão, também tem cebolinhas, elas dão um gosto especial. – Ele explica sob o olhar admirado dela, ele nota e fica desconcertado. – Bem, eu vou pegar os caranguejos que deixei lá fora. 

Ele sai para pegar os caranguejos, e volta com eles enquanto ela se preparava para cortar os temperos. Depois de todas as tarefas feitas e o caranguejo no fogo, fervendo, eles estavam sentados na varanda, esperando o caranguejo aprontar, Lois com sua xícara de chá e uma manta vermelha sobre as pernas na cadeira de balanço, e Clark com sua cerveja, sem manta, pois já tinha se acostumado com a noite fria daquela região, eles conversavam amigavelmente. 

- Por onde anda o Pete? – Pergunta Lois curiosa. 

- Ele infelizmente morreu na guerra. – Clark responde tristemente. 

- Que pena, ele era um amor de pessoa... Será que Chloe sabe disso? – Se pergunta. 

- Acho que não, por que ela não tem noticias nossas a muito tempo, desde que a mãe dela vendeu a casa. – Ele fala meio chateado. – E como vai ela? 

- Bem, ela foi contra a minha tia para a guerra, trabalhar como enfermeira na Cruz Vermelha, minha tia teve um ataque do coração. Ela apenas enviou uma carta dizendo que estava na Itália e não voltaria. O que minha tia não sabe é que recebi uma carta, em que ela me revelava o endereço para correspondências, que ela estava em Veneza, e que casou com um médico, disse que nunca mais voltaria a América enquanto a mãe dela estivesse viva. Ela nunca a perdoou. 

- Eu a entendo, e você perdoou? – Ele pergunta curiosamente. 

- Fingi perdoar apenas por sobrevivência, na verdade quando olho para esses anos que se passaram, parece que outra pessoa estava vivendo aquela vida, não parece que fui eu, que eu estava conformada com aquela vidinha de mulher que gerencia a casa e figura em encontros sociais. – Lois fala com certa tristeza. 

- Bem, eu vivi a minha vida, trabalhei no norte, fui para a guerra e voltei com uma herança do meu patrão, nada de tão emocionante, apenas busquei viver, pois sabia que um dia nós estaríamos aqui. – Clark sorri carinhosamente. 

- E seus pais? – Pergunta Lois preocupada, pois ele ainda não tinha falado dos pais. 

- Meu pai morreu primeiro, a doença no coração o matou. Minha mãe morreu dois anos depois, ainda acho que ela não agüentou a solidão. Ambos não viram a casa pronta. – Ele fala tristemente. Depois de um grande silêncio ele fala. – Bem, acho que nosso jantar está pronto.

Escolhas: Pelo Futuro - Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora