Subterfúgio: não há tempo para pensar

CAPÍTULO 12 - AS ORIGENS DESCONHECIDAS

EM INTRODUÇÃO AO ASSUNTO COMPLEXO que mencionou, meu pai desenhou uma pirâmide em um pedaço de papel e disse:

- Como fui orientado, devo explicar primeiro o que me foi explicado, depois, vocês abrirão o baú, e eu não sei o que vai acontecer. Posso continuar?

Dessa vez, os três se manifestaram em sinal afirmativo. Então, a narração começou:

Nosso mundo possui três dimensões, que juntas, formam uma pirâmide. Assim, temos a base, a parte intermediária e o topo. Cada dimensão é única, com suas características bem definidas.

Bom, começando pela base, onde nós estamos: a primeira dimensão, ou, "Chelbi". As pessoas aqui são o que a gente iria chamar de "normais", quando comparadas aos residentes das demais.

No entanto, como eu já disse, cada dimensão é única, assim como seus habitantes, e dessa forma, nós todos somos dotados de um "poder", que não existe em nenhuma das outras dimensões: capacidade de sentir amor.

Subindo a pirâmide, existem todos os outros sentimentos. Não existe amor, entretanto, existe ódio.

Na segunda dimensão, "Renmi", o "poder" que os define é a força. Um bebê que nasce lá, é, pelo cálculo da criação original, mil e quinhentas e oitenta e oito vezes mais forte do que o homem mais forte que existiu na primeira ou na terceira dimensão.

A terceira dimensão, ou, "Goty", é comandada pelo pensamento. Os habitantes do topo da pirâmide conseguem utilizar a mente como nenhum outro ser humano. Diferente das demais dimensões, o dom não é igualmente distribuído.

Cada indivíduo recebe um poder relacionado com suas habilidades mentais. Esse poder não é exclusivo. Na mesma família, é muito comum ser compartilhado pelas gerações. É como se fosse um traço genético, como a cor dos olhos, do cabelo ou o formato do rosto.

Fomos criados de maneira que uma dimensão fosse responsável pela manutenção e equilíbrio da outra. Quando o mundo foi feito, acredita-se que a ideia do Criador, era de que uma dimensão sempre pensasse que era exclusiva.

Se uma das partes dessa pirâmide soubesse que não era exclusiva e que estamos configurados nesse formato, seria porque, os nascidos na terceira dimensão conseguiram descobrir esse fato, mas, com o poder que eles possuíam, seriam sensatos o bastante para não interferir.

Sem ignorar a natureza humana, seja ela desenvolvida sobre qualquer aspecto, e acreditando com desconfiança no bom senso dos nascidos em Chelbi, cinco habitantes específicos e contemporâneos de cada dimensão traziam uma marca, uma espécie de "medida de segurança" idealizada pelo Criador, para o caso de alguém viajar ilegalmente entre as camadas, deixando uma passagem aberta.

A marca, quando ativada, permitia a viagem em grupo entre as dimensões, em que esses "escolhidos" ficariam aprisionados na dimensão destino, porque, ao contrário de outras pessoas, sua migração conjunta não abre uma passagem, e sim, fecha.

Dessa forma, cada um dos cinco era como se fosse um pedaço de uma chave, que para funcionar, precisava ser "colada", o que exigia um evento natural desconhecido.

Caso houvesse interferência, com a viagem de um habitante isolado para dimensão que não é a sua, qualquer que fosse o motivo, o mundo iria agir rapidamente, provocando esse evento natural desconhecido, transportando os cinco escolhidos da dimensão que teve sua saída violada, para a dimensão de destino do viajante clandestino, fechando a passagem.

Acontece, que isso tudo é teoria. A raça humana, em todas as dimensões, foi se tornando cada vez mais uma decepção. Como a primeira dimensão era a única capaz de sentir amor, ela, supostamente, deveria amar para compensar as outras duas, ou seja, o nível de ódio nunca poderia ultrapassar o nível de amor gerado.