Bruxos (Livro 3)

Capítulo 2

Stephanie pov.

Chegamos até a minha casa e eu sai do carro primeiro que as três. Senti a brisa fria de final de ano de Princetown sempre foi uma das melhores sensações para mim. Dei um passo em direção à minha casa e senti o cimento frio no solado do meu pé, me lembrando de que eu estava descalça.

- Você está sem seus sapatos, princesa. Quer que eu os pegue para você não ferir seus delicados pés nesse chão imundo? - Jenna ironizou saindo do carro, descalça também. Eu ri.

- Não me chame de princesa, Vossa Majestade. - brinquei com ela também. - Não sou eu que sinto nojo quando vejo seres humanos, uma categoria abaixo de nós, fazer coisas fúteis.

- Stephanie, você é ruim para piadas. Já te disseram isso? - Jenna perguntou rindo adentado os arredores da casa com eu a segui.

- Eu já disse. - Diana riu atrás de mim.

- Eu também. - Fallow disse.

Traidoras.

- Viu Stephanie? - Jenna perguntou. - Todas ao meu lado.

Entramos em minha casa e eu respirei o ar de dentro delas. O mesmo cheiro de chá de camomila e lavanda de sempre, mas... Algo estava errado. Não com o cheiro, mas o lugar. Ele parecia diferente de antes de eu morrer. Olhei em volta, não havia nada de errado, mas, do mesmo jeito, estava diferente.

Olhei para a escada que dava ao segundo andar onde tinha os quartos.

- Diana. - chamei. - Tem algo errado.

- Como? - ela perguntou preocupada e olhando ao redor. - Não tem nada de errado, eu vim aqui hoje de manhã.

Mas tinha algo errado.

Fui em direção às escadas e subi até o segundo andar, parando na porta do meu quarto, que estava fechada.

- Stephanie, - Jenna chamou subindo as escadas ao meu encontro. - o que há de errado?

Eu não à respondi e abri a porta. Senti a meu corpo queimar por inteiro e fechei os olhos. A dor começou a parar aos instantes e abri os olhos de novo.

Eu estava em uma sala de jantar decorada à moda antiga, mais precisamente do século IX. Eu estava com um vestido branco de época e meia cabelos estavam devidamente presos em um coque com alguns cachos caindo sobre meu rosto.

Havia uma figura sentada na mesa junto à mim, tomando chá calmamente.

- Não sei o que o seu pai achava de tão espetacular em chá, não tem nada glorioso nisso. - minha mãe disse colocando a xícara de chá na mesa. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu corri ao seu encontro, abraçando-a.

- Eu não acredito. - falei entre soluços. - É você mesmo, isso é real?

Ela parou de me abraçar e pegou o meu queixo, suspendendo-o para que eu a olhasse em seus olhos.

- Não, querida. Isso não é real. - ela começou. - É apenas uma realidade paralela em que eu estou tendo a oportunidade de falar com você novamente. Eu gostaria muito que fosse real, mas... Não posso. Eu estou morta na sua realidade.

Lágrimas voltaram a cair pelo meu rosto. Eu era tão... Frágil. Eu não queria ser frágil desse jeito, será que tem alguma forma de melhorar?

- Agora escute, Stephanie. - ela chamou minha atenção. - Meu tempo é muito curto aqui e eu tenho que ser rápida e clara com você. Eu sei que as garotas já explicaram todo o caso de vocês duas serem Descendentes, mas agora eu vou explicar algo que vai mudar em seu psicológico, algo que elas não sabem que vai acontecer. Você, Stephanie, como uma Descendente do Sol, vai mudar o seu jeito de pensar e de ver as coisas. Os Descendentes do Sol sempre foram destemidos e fortes, sempre buscando por novas coisas que desafiem o seu poder. Eu sei que toda essa... Mudança está sendo demais para vocês duas, mas não é nenhum bicho de sete cabeças. Vocês duas vão ser bem mais poderosas que qualquer ser da Terra, fiquem cientes disso, pois esse fato trará novos inimigos que anseiam por esse poder. Agora... - ela se virou para a mesa, pegou uma adaga e me entregou. - Vocês vão precisar disso mais tarde.