Após o término do café da manhã e dar um abraço em sua mãe, seguiu para a escola, o mesmo caminho, a mesma rotina. Demorava aproximadamente 20 minutos para chegar a escola, pelo caminho era possível ver ao longe o enorme muro de metal que os cercava, o muro era tão alto que mal podiam ver seu fim.
Haviam cerca de 370 famílias naquela comunidade - haviam outras maiores que abrigavam um número maior. Funcionava da seguinte forma: haviam pequenas casas com a quantidade de quartos de acordo com a família - porém bem pequenos -, um banheiro, uma pequena cozinha com alimentos de acordo com o tamanho da família e a quantidade mínima necessária para permanecerem nutridos, e uma pequena sala mesclada a cozinha, com apenas um sofá e uma mesa pequena para refeições e algumas cadeiras. A coisa mais tecnológica na casa era uma geladeira velha e muito barulhenta, fora isso o acesso a tecnologia basicamente não existia. Mas, é claro, que a tecnologia não se foi, ela somente é usada pelos Semiatan, e ela foi muito bem desenvolvida.
Algumas famílias tinham direito a trabalhar e estudar, como já disse, mas isso depende das gerações anteriores - a família de Charlotte feliz ou infelizmente teve esse direito. Nas escolas aprendiam a ler e a escrever, fazer cálculos, estudos sociais e aprendiam algumas profissões - apesar de não terem direito de escolha, pois futuramente trabalhavam na função que faziam melhor.
Continuando nosso caminho, leitor, - estamos quase nos achando -, Charlotte encarava o portão do muro ao longe enquanto caminhava para a escola, não era possível chegar até ele, haviam vários seguranças e cercas elétricas por quase toda a extensão - fora toda a tecnologia não vista, haviam milhares de pequenas câmeras escondidas nos muros e diversas outras armadilhas capazes de deter qualquer um -, a última pessoa que se aproximou dele nunca mais foi vista depois de ter sido enviado para a Casa - uma casa assustadoramente macabra na parte sul, perto do portão. Não se sabe o que acontece lá, mas nunca voltam.
Quando quebravam regras eram punidos sendo proibidos de sair de casa para trabalhar ou fazer qualquer outra coisa - ou eram mandados para a Casa -, e permaneciam durante todo o tempo de algemas, o tempo era indefinido, talvez uma semana, dois anos, ou até a vida toda, depende do que cometeu.
- Hey, garota! - alguém a chamou.
Ela olhou para trás e encarou o menino de cabelos castanhos. Ele a avaliava, analisando seu cabelo e olhos escuros, altura média, pele clara, um rosto não muito feliz.
- O quê? - Ela respondeu.
- Você está indo para a escola, certo? Mudaram meu horário para a manhã não faço ideia do porque, então pensei que seria bom conhecer alguém antes. Prazer, meu nome é Steve. - ele estendeu a mão.
Ela franziu o cenho, e encarou sua mão estendida, então se movimentou, dando as costas a ele e seguindo para a escola. Não era de fazer amigos rápido, aliás ele poderia estar mentindo, talvez quisesse lhe fazer mal. Mas ela ouviu passadas rápidas atrás de si, olhou brevemente e viu que ele a seguia.
- Sabe, você poderia dizer seu nome. - Ele sorriu. - Ou esqueceu?
Ela continuou a andar sem o encarar, e começou a pensar que talvez ele não a faria mal, já que parecia ser só mais um garoto comum.
- Hey, fala comigo. Ah, não, espera! Você é muda.
- Eu não sou muda. Por favor, pare de me seguir e me deixe em paz. Você é o tipo de garoto irritante e idiota que quero manter distância. - Ela o encarou ríspida, apenas para assustá-lo, não queria novos amigos, e por um momento pareceu que ele a deixaria em paz, mas então sorriu abertamente.
- Como sabe que sou o tipo de garoto idiota e irritante que você quer manter distância se nem ao menos me conhece? - Ele perguntou, arqueando a sobrancelha.
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A Menina da Conspiração
Science Fiction🔹🔹Segundo Lugar em Ficção Científica nas Olimpíadas Literárias🔹🔹 O mundo foi dividido em pequenas comunidades, na verdade é só um nome mais bonito para aquelas prisões, onde ninguém tem escolha, onde ninguém vive de verdade. Numa soci...