Capítulo Três

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Ao abrir os olhos Charlotte viu o teto rabiscado de seu quarto, olhou para a janela e viu que o sol estava nascendo. Se levantou e se apoiou na grade da pequena janela para ver o nascer do sol. Ela adorava fazer isso, para ela não havia nada mais bonito como o nascer ou o pôr do sol, a mistura de cores no céu, tudo ficava perfeito.

Lentamente o sol se levantou no céu, e então ela foi tomar banho e fazer sua higiene matinal. Só havia um banheiro na casa, era pequeno e a água do chuveiro era gelada e, não era muita. No inverno, tinha que esquentar a água no fogão, mas na maioria das vezes Charlie só entrava no chuveiro, sem pensar, e tomava o banho, independente da temperatura da água.

Quando ela saiu do quarto já pronta levou sua mochila consigo, encontrou sua mãe na cozinha junto com Jack, seu pai já havia ido trabalhar. Haviam dois pequenos pedaços de pão na mesa e um na mão de Jack, que comia rápido, mas sua mãe o advertia.

- Coma devagar, Jack! Assim ficará com fome depois! - Eileen dizia.

Charlotte não disse nada, apenas respondeu quando lhe desejaram um bom dia. Pegou o pequeno pedaço de pão que lhe cabia, era um pouco maior que o de Jack, e um pouco menor que o de sua mãe. O examinou, parecia algo totalmente diferente do que as pessoas já chamaram de pão um dia, e comeu bem devagar. O que havia para acompanhar era um pouco de água da torneira, que saia ralíssima.

- Querida, toma. - Sua mãe lhe estendeu metade do seu pão que não era muito, a outra metade já estava com Jack.

- Não, mamãe. A senhora também precisa comer, eu já comi o meu. - Ela empurrou delicadamente a mão de sua mãe.

- Charlotte, deixe disso, sei que está com fome. - Eileen retrucou e estendeu novamente a mão com o pão em sua direção.

- Não, mamãe, já estou satisfeita. - Ela disse e tomou o último gole de água em sua caneca de ferro. - Na verdade, preciso ir, senão vou me atrasar. - Ela se levantou deu um beijo na bochecha de sua mãe, bagunçou o cabelo de Jack e se dirigiu a porta. - Vejo vocês depois. - Disse isso e saiu.

Fechou a porta atrás de si e começou a andar por aquelas ruas frias. Charlotte odiava mentir para sua mãe, ela estava faminta, mas não podia aceitar o pão de sua mãe. A janta do dia anterior havia sido apenas uma pequeníssima porção de algo que poderia ser chamado de macarrão, e não a havia satisfeito. Na verdade, a última vez em que estivera de fato satisfeita, acreditava ser quando era um bebê e mamava no peito de sua mãe.

Charlotte ouviu um barulho atrás de si e olhou, era só mais um menido. Menidos faziam todas as coisas relacionadas a limpeza da comunidade e tudo mais que se pode imaginar do tipo, eles não tinham direito a estudar, e nem para ter uma casa como a de Charlotte, era apenas uma construção de madeira que compartilhavam com todos, Charlotte nunca entrara em uma para saber como eram, mas eram bem pequenas.

A maioria da população da Comunidade eram menidos, pouquíssimos podiam estudar, mas o máximo que poderiam fazer no futuro era ou trabalhar como artesãos - e sabe-se lá para onde iam as coisas que faziam - ou como carregadores e coisas assim. E se tivessem sorte - muita mesmo - como professores. Mas de nada adiantava, não recebiam nada em troca do trabalho, mas se ninguém o fizesse, não sobreviveriam, e bem, há punições.

A mulher que limpava a rua viu que Charlotte a observava e a encarou, logo após alguns segundos, uma menininha bem pequena veio atrás da mulher, seus traços eram parecidos, deveria ser sua filha. A mulher sorriu para a pequena, que estava vestida como ela, apenas farrapos, e que começou a ajuda-la na limpeza. Charlotte deveria estar chocada com aquilo, mas já vira dezenas de vezes crianças - menidos - trabalhando. Os filhos de menidos eram obrigados a trabalhar assim que completavam seis anos, e caso não o fizessem eram tirados de seus pais, o pai de Charlotte uma vez a contou que presenciou uma cena daquela, mas, ninguém sabia para onde eram levados, uma vez disseram que para A Casa, mas não havia certeza. Talvez aquelas crianças fossem apenas jogadas para fora da Comunidade e o que quer que existisse fora dali.

Charlotte ouviu sua barriga roncar de fome, e foi o que a despertou para continuar a andar para a escola. Novamente, ouviu um barulho atrás de si, mas dessa vez eram passos. Era um guarda, aquele mesmo guarda que a parara na escola, quando ela o viu apertou o passo e quase começou a correr. Ela ouviu o som das passadas largas do guarda se aproximarem dela.

"Por favor não faça nada comigo, por favor me deixe em paz" Charlie pensou, quase que implorando mentalmente.

Ele passou bem próximo a ela, e a encarou por um instante antes de partir. O medo ainda estava com Charlie. Ela então apressou o passo para a escola.

- Hey, Sophie! - Steve gritou.

"Ah, não. Você não. " Ela pensou, e o ignorou.

- Mais uma demonstração da total educação de Sophie... não sei seu sobrenome. Ah, qual é? Vai me ignorar? O que fiz para você?

- Nasceu. - Ela respondeu rápido e com a cara fechada, mas queria rir internamente, sempre quis dizer isso para alguém.

- Uou! Melhor eu me afastar para não receber mais coices. Licença. - Ele disse e correu na sua frente e entrou na escola.

Charlie chegou a escola, Kallie ainda não havia chegado. As duas gostavam de ir em horários diferentes, enquanto Charlie ia mais cedo, Kallie chegava quase na hora de entrar. Charlotte sentou num banco e começou a pensar nas iniciais do livro.

"J.L.C... J.L.C.... o que pode ser isso? "

Ela não conseguia pensar em nada, mas tinha certeza que era algo sobre a tal revolução, conspiração ou o que quer que fosse, se existisse mesmo. Ela havia deixado o peculiar caderno do coelhinho embaixo do fino colchão de sua cama, e esperava que ninguém o descobrisse lá. Mas, um pensamento veio a sua cabeça: e se aquilo tudo não significasse nada? E se alguém só queria fazer uma brincadeira ou se meter em confusão?

Por que do nada surgem tantos "e se"? Gostaria de saber, e acredito que o leitor também. Digo-lhe que acredito que deveríamos parar de pensar nos "e se", mas é um tanto que impossível, já que, bem, eu acredito que não temos controle de nosso cérebro. Bem, é isso que sinto a respeito à minha mente, já que diversas vezes quando não quero pensar em algo, acabo pensando. Concluo que, independente de nossa vontade, nossa mente é "livre" e nós não mandamos nela. Talvez, eu só esteja dizendo asneira.

- Charlie! - Kallie pulou a sua frente, a trazendo de volta ao mundo.

- Oi Kalil.

- O sinal já bateu, não ouviu?

- Ah... não, que estranho. - Charlie se levantou e as duas foram para a aula.

Ao longe Charlie viu Steve, e o mesmo piscou para ela. Ela fechou a cara na hora e olhou para frente e entrou na sala. Ao longe Steve riu da reação dela e entrou em sua sala.

As horas passaram rápido e logo Charlie estava voltando para casa com Kallie, e então, como sempre, as duas se separaram e foram para suas casas, e a mesma rotina veio. Ajudar sua mãe, jantar, tomar banho, dormir. Ou tentar dormir.


Ooooi, conspiradores! Posso chamar vocês assim? (Não deixem, sou péssima com nomes, mds!) Então, me desculpem por ter ficado um século sem postar, mas aí está e prometo que vou tentar postar todo final de semana a partir de agora.

Ah, eu fiz uma "aposta" com a GabryelaBBringel, e se esse cap chegar a 10 visualizações eu vou fazer alguma coisa que ela vai dizer depois! Eu não tenho ideia do que haha, mas então, vamos lá pessoal! Comentem, digam o que estão achando, votem, falem pra todo mundo ler! Obrigadaaa!

Beijos, até mais.



A Menina da ConspiraçãoWhere stories live. Discover now