Capítulo Cinco

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Charlie e Steve chegaram na escola na hora certa, um minuto a mais e não teriam entrado. Charlie seguiu para sua sala, estava visivelmente mal, estava péssima, constantemente se lembrava do episódio com o guarda.

"Se não fosse por Steve..." Ela pensava.

- Charlie. - Kallie a chamou baixinho no início da aula. - O que aconteceu?

- Nada. - Charlie mentiu.

- Aconteceu sim, fala. Eu vi você entrando com o tal garoto... Steve... o que ele fez?

- Nada, ele não fez nada. Não aconteceu nada... Eu só cai na rua e dei um mal jeito na perna, ela estava doendo, só isso. - Ela inventou.

- Charlie... quero a verdade depois. - Kallie sabia que era mentira, conhecia bem Charlie, mas então voltou a sua atenção a aula, enquanto Charlie permanecia com o olhar vago e sem prestar atenção na aula.

Charlie só se deu por si quando ouviu o sinal indicando que deveriam ir embora. Ela se levantou e começou a arrumar suas coisas lentamente, viu Kallie saindo da sala. Quando terminou de guardar as coisas na mochila saiu da sala.

- Oi. - Alguém disse e Charlie se assustou.

- Steve! Me assustou!

- Foi mal. Mas então, você está bem? - Ele parecia realmente preocupado, mas tentava esconder com um sorriso.

- Estou... indo. - Charlie suspirou e começou a andar, Steve a acompanhou.

- Olha, eu sei que... o que aconteceu hoje é algo um tanto... traumático...

- Sim....

- Mas não quero que fique assim, por favor.

- Quer o quê? Que eu fique rindo do que aconteceu?

- Não, só não quero te ver assim... abatida... eu quero te ver bem.

- Nesse momento... não acho que isso é possível.

- Ah, vamos... Char.

- Char? - Ela franziu as sobrancelhas.

- Okay, sei que não sou bom com apelidos. - Ele riu.

- É horrível. - Ela riu fraco.

- Viu? É isso que quero, quero que fique bem. - Já estavam fora da escola.

- Eu... vou tentar. Prometo.

- Fico feliz. - Ele a olhou nos olhos, mas então olhou um pouco para o lado. - Bem, parece que tem alguém te esperando. Te vejo amanhã, fique bem. - Ele se aproximou para lhe dar um beijo na bochecha mas desistiu.

- Até, Steve. E obrigada, mesmo.

Ele sorriu para ela e a deu as costas, seguiu seu caminho para casa. Charlie se virou e se deparou com o olhar especulativo de Kallie.

- É impressão minha ou você e ele estavam sorrindo um para o outro? - Kallie perguntou assim que Charlie chegou.

- Não, não estavamos. Pare de imaginar coisas, agora vamos logo. - Charlie puxou ela.

- Okay, agora quero a verdade, Charlie. - Disse enquanto era puxada.

- Eu já disse... Eu cai na rua, dei um mal jeito na perna e o Steve me ajudou. - "Nossa, sou péssima em mentir. "

- Desisto. - Kallie bufou, e Charlie riu fraco.

Quando Charlie chegou em casa, foi direto para o banheiro e tomou um banho, para disfarçar a cara horrível que estava. Ajudou sua mãe, jantou, foi dormir. Os dias eram sempre assim. Mas dessa vez, quando foi dormir, involuntariamente sua mente começou a pensar no que havia acontecido, as mãos daquele guarda nela. Ela só conseguia chorar, ela lutava com sua mente para que aquilo fosse embora, mas não ia, e ela chorou até que se esgotaram as lágrimas e ela caiu no sono.



Dois dias se passaram. Ainda haviam sinais do que aconteceu em Charlie, mas quando seus pais ou Kallie perguntavam a resposta era sempre a mesma. "Nada", era o que Charlie respondia, talvez fosse melhor dizer a verdade, mas Charlie não sabia qual seria a reação de seu pai, a de Steve já havia sido demais, e Charlie ainda não acreditava que Steve não havia sido morto ou preso. " Poderia ser qualquer outra " ela pensava quando aquela cena horrível vinha a sua mente, " você vai ficar bem."

Todo o dia era quase a mesma coisa, mas dessa vez, todas as vezes que Charlie andava para a escola ou para casa ela olhava constantemente para trás. E, no fundo ela sabia que, a melhor parte de seu dia era quando ela via Steve praticamente a seguindo quando estava sozinha. Ele havia se tornado extremamente "protetor", e Charlie não sabia como reagir, não se falaram muito depois daquele dia e uma tensão estranha pairava sobre eles.

- Você está bem? - Steve apareceu na frente de Charlie, a assustando.

- Oi seria legal. - Ela disse emburrada.

- Oi. Pronto, agora responde.

Ela deu a língua para ele.

- Eu estou bem, Steve. Já me perguntou isso mil vezes.

- É porque você está com uma cara péssima.

- Obrigada pelo elogio.

- Você entendeu, Char. Você sempre foi emburrada, mas agora está com olheiras, a face completamente diferente, está... não sei... não está bem.

- Não tenho conseguido dormir bem esses dias. - Ela olhou para longe. Steve sentou em seu lado no banco da escola.

- Pesadelos?

- Talvez, não me lembro depois que acordo. - Ela mentiu. Durante aquelas noites teve pesadelos com aquele dia horrível e novamente, com sua família morta e J. L. C.

Geralmente, os pesadelos aconteciam em sua casa, ela ouvia Jack a chamando e alguns risos que pareciam ser de seus pais, Charlie não lembrava quando os vira rir daquela forma. Ela caminhou pelos pequenos cômodos da casa os procurando. Quando olhou para o chão da sala viu, estranhamente, gotas de sangue. Havia uma trilha delas que levava até o quarto de seus pais. Ela continuou ouvindo risadas enquanto dava passos lentos em direção a porta, que estava fechada. Na porta haviam manchas de sangue e havia sido escrito com sangue J. L. C.

Charlie abriu a porta lentamente, e ao entrar no quarto se deparou com os corpos de sua mãe, seu pai e seu irmão banhados em sangue. Agora não mais como tatuagem se encontravam as inicias J. L. C., mas sim como corte em cada um deles. E ela ainda podia ouvir as risadas, Jack a chamando, seus pais também a chamavam, aquilo ecoava em sua mente.

- Charlie? - Steve a tirou de seus devaneios.

- Sim?

- Você estava aonde? Porque aqui tenho certeza que não.

- Ah, desculpe. Eu... eu preciso ir. - Ela se levantou e saiu levando sua mochila consigo.

Ainda havia um curto tempo até a aula começar decidindo assim usar esse tempo para ir a biblioteca procurar algo mais sobre J. L. C.

"Muito bem, Charlie, é hora de dar um ponto final a esses pesadelos".

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A Menina da ConspiraçãoWhere stories live. Discover now