O caminho até a escola pareceu curto. Charlotte andava a passos rápidos, e ela lutava contra o medo. Tantos medos a cercavam agora... medo de que algo acontecesse a seu pai, medo de que algo acontecesse a ela.
Ela gritou ao sentir uma mão agarrar seu braço e a puxar.
- Sou eu! - Steve disse e a soltou.
- Ah, Steve! Por favor, não faça isso! - Charlotte de fato estava muito assustada e seu coração batia acelerado.
De repente, as lágrimas queriam vir à tona de novo. Mas ela não iria chorar, não na frente de Steve, não agora. Charlie chorou o suficiente na frente dele e ela achava que ele deveria pensar que ela era só mais uma garota fraca. Ela queria um abraço, mas era forte o suficiente para aguentar ficar sem um.
- Desculpe, Char. - Ele abaixou o olhar.
- Vamos. Vamos para a escola. - Ela o chamou.
Steve pegou sua mão, mas Charlotte soltou sua mão e se afastou um pouco. Os dois encararam o chão por um curto tempo sem saber o que dizer, então recomeçaram a andar.
- O que foi, Char? - Steve finalmente soltou.
Charlie fechou os olhos por um momento.
- Nada.
- Sabe que pode me contar... aqueles guardas, aconteceu alguma coisa? Fizeram algo com você? Char, se fizeram algo com você de novo... - Em suas palavras havia raiva.
- Não, Steve, por favor. Não faça nada.
- Então, me diz! Por que está assim?
- Eu... nada, Steve. Já disse! - Charlotte começava a ficar com raiva.
- Fala, Charlotte!
- Não! Pare de me importunar! Me deixa em paz! - Ela quase gritou.
- Tudo bem. - Ele disse sério. A deixou para trás e andou sem olhar para trás.
Charlotte semicerrou os olhos e andou batendo os pés, ela estava com raiva, não de Steve, ou dos guardas ou de qualquer outra pessoa, estava com raiva de si mesma.
Ao chegar na escola decidiu ir para a biblioteca, ninguém nunca ia lá. Jogou a mochila num canto e se sentou, tentando esconder todo o nervosismo, raiva, preocupação e tudo mais que a cercava. Ela fechou os olhos e respirou fundo, então repetiu a si mesma em sussurros "eu estou bem, vai ficar tudo bem".
- Charlie?
Ela abriu os olhos devagar e viu o rosto reconfortante de Kallie.
- Por que você sempre some? Estava te procurando! - Ela se sentou ao seu lado.
- Sabe onde me encontrar.
- O que aconteceu? Você está estranha. - Kallie disse.
- Nada.
- Urgh. Odeio quando não me conta as coisas! - Ela bufou.
- Desculpe, eu estou bem, okay? Nada aconteceu.
- Para, Charlotte! Para de mentir para mim, okay?!
- Eu não estou mentindo. - Charlotte disse calma.
- Está sim! Poxa, Charlotte. Nem me lembro quando nossa amizade começou e você não pode confiar em mim pra dizer o que está acontecendo? - Ela se levantou num pulo.
- Mas não tem nada acontecendo, Kallie! - Charlie retrucou.
- Por que não me conta?!
- Não tem o que contar. - Charlotte levantou e deu de ombros.
YOU ARE READING
A Menina da Conspiração
Science Fiction🔹🔹Segundo Lugar em Ficção Científica nas Olimpíadas Literárias🔹🔹 O mundo foi dividido em pequenas comunidades, na verdade é só um nome mais bonito para aquelas prisões, onde ninguém tem escolha, onde ninguém vive de verdade. Numa soci...