Noite de pesadelos - Parte 1

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Aquela noite eu tive a lembrança. Na madrugada chuvosa eu recordava sobre a noite que tive a pior experiência da minha vida. Meus sonhos eram rodiados de lembranças e lágrimas.
"Era Outubro, meu melhor amigo, Jhonatan dormiria em casa, em São Paulo. Ele tinha 19 anos, e eu 14. Minha mãe estava fora e nós dois jogavamos video-game. Ele sempre me vencia, o que me irritava. Ele tinha cabelos pretos e olhos negros. Corpo atlético e altura mediana. Naquela noite, ele vestia um short curto preto e uma regata branca. Eu estava de pijama. No meio das nossas partidas, ele resolveu fazer uma aposta.
- Ei Ramón, topa fazer uma aposta? - perguntou ele sussurrando.
- Que aposta? - perguntei pausando o jogo.
Ele riu e segurou minha perna, quando ele me tocou eu me arrepiei. Ele nunca tinha me tocado assim, sentia malícia em seu toque.
- Me fala sobre o que quer apostar - eu disse, tentando não parecer com medo.
- Assim, vamos jogar. Se você ganhar, eu faço o que você quiser - disse sorrindo, seu tom de voz me fez tremer.
- E se você ganhar? - perguntei, ele riu e apertou minha perna.
- Você faz o que eu quiser - disse com um sorriso malicioso.
Eu realmente estava com medo. Sabia que ele não me faria mal, mas ainda assim tinha medo. Ele era mais velho e estávamos sozinhos numa noite chuvosa, o que me deixava mais nervoso.
Fiz que sim com a cabeça e ele sorriu, voltando pro jogo. Eu estremi e voltei a jogar também..."
Um trovão me fez acordar, suando e chorando. Tampei minha boca com as mãos, pra não acordar minha mãe. Olhei o celular e tinha uma mensagem de horas antes.

Lucas: caraca que chuva hein!

Respondi, mesmo sabendo que ele não responderia de imediato, pois estava dormindo.

Me: tive pesadelos, acho que não conseguirei dormir.

Me levantei e troquei a camisa, e me sentei no puff, pegando o celular que havia vibrado.

Lucas: eu também não consegui dormir. Será que posso te ligar?

Imaginei ter o acordado, e ele só disse isso pra ser gentil. Resolvi aceitar a ligação.

Me: se não tiver problema, vc pode ligar sim.

Ele não respondeu, levantei e peguei meu fone, queria ouvir musica pra me acalmar. Ele ligou, e acabei levando um susto.

L: alô! Ta acordado? - disse ele dando um riso.
M: oi, tô sim, assustado com essa chuva talvez.
L: eu também... Ela está forte demais
M: concordo. Não conseguiu dormir?
L: não, fiquei pensando em algumas coisas e não tive sono.
M: entendi... Se a chuva continuar, não vou pra aula.
Ele riu alto, mas conteve o riso.
L: eu nem sei se vou também... Ei, que roupa está vestindo?
Uni as sobrancelhas, curioso por essa pergunta.
M: De short azul e uma blusa que acabei de colocar, e você?
L: nossa você usa muita roupa, to de cueca só - disse ele rindo.
M: não sente frio?
L: não, sou um rapaz quente - disse ele gargalhando.
M: ah - disse rindo.
L: você que sente muito frio.
M: preciso me esquentar então - eu disse, com medo da resposta dele.
L: eu te passo meu calor - disse ele gargalhando.
Ele conseguia, em todas as nossas conversas, tirar um sorrido meu. Eu sentia que ao falar com ele, eu esquecia meus problemas e lembranças. Ele me fazia bem, e eu gostava disso. A conversa rendeu mais algumas horas, eu contei sobre meu dia e tal de Thays, o que fez ele ficar com a voz estranha. Ele bocejou e eu resolvi desligar, sabia que ele tinha sono, mesmo quando ele dizia que não.

M: quer ir dormir?
L: não, eu estou bem acordado.
M: está mentindo! Eu consigo ouvir seus milhões de bocejos.
Ele riu e bocejou mais uma vez, o que me fez rir.
L: eu gosto de falar com você ow! Por isso vou ficar acordado.
Eu senti meu rosto queimar de vergonha. Não era a primeira vez que ele fazia isso, eu ficava constantemente vermelho. Isso parecia divertir ele.
M: nossa, já é cinco e dez! Já já vamos pra aula.
L: eu não vou, to com preguiça.
M: eu ainda não decidi.
L: ei, to com meu video game aqui, posso levar ai pra gente jogar?

Aquela ideia me fez lembrar a noite com Jhonatan, senti minha espinha arrepiar e meu coração bateu forte.
M: eu não jogo video game mais, mas se quiser vir aqui, sem problemas.
L: ta bom, vou desligar e tomar um banho. Vê se não morre de saudade - disse ele rindo.
M: juro que vou tentar não entrar em depressão por isso - respondi rindo também.

Ele desligou e eu levantei. Fui ao banheiro e comecei a planejar minha manhã com ele. Queria aproveitar o máximo que podia, afinal matar aula era algo que eu não faria tão cedo.

Tudo o que é MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora