Tempos Assim

203 21 2
                                    

Um milhão de pensamentos se passavam. Porque Juan me beijou? Porque ele fingiu ser algo que ele não era? O que ele sente por mim?
Eu acordei com a minha mãe e Bruno envolta da minha cama, eu sentia dor de cabeça e fome. Só me lembrava de ter caido. Mas não me lembro o porque.
- Filho? Ta tudo bem? - Perguntou minha mãe apreensiva.
- Oi mãe? Eu acho que sim, não me lembro o que houve. Só me lembro de ter ido até a porta com o Juan, e quando voltei pro quarto, eu cai - menti, não podia dizer pra minha mãe o que tinha  acontecido entre Juan e eu.
- VC comeu algo hoje? - Perguntou Bruno, seu olhos estavam fixos em mim, ele me olhava com preocupação, isso o deixava fofo.
- Desde ontem, não.
- Ah então foi isso. Sua pressão caiu e você desmaiou. Vou lá embaixo preparar algo para vocês comerem - Disse minha mãe saido do quarto e me deixando com Bruno.
Ele se sentou ao lado na cama e pegou minha mão, fazendo carinho nela.
- Fiquei preocupado. Tem certeza que esse Juan não te fez nada? - Perguntou ele me encarando.
- Claro, ele é meu melhor amigo - eu respondi dando os ombros. Aquelas palavras me deixaram ainda mais confuso.
Melhore amigos se beijam?

(...)

Passamos o dia todo junto, nós três. Eu, minha mãe e Bruno. O que me fez ficar distraído. Fizemos almoço, assistimos filmes e fizemos brigadeiro. Minha mãe ia sair a noite, e Bruno queria ir ao cinema, e eu estava com preguiça. Depois de insistir muito, resolvi ir.
Eu vestia uma jeans azul, minha camiseta recortada nas mangas, um casaco amarrado na  cintura e bine. Ele usava uma calça caqui, uma camisa do Harry Potter.
Minha mãe nos deixou na frente do shopping. Bruno contava animado sobre o tal filme. E eu não sabia sobre o que era, e nem me interessava muito. O fato de que estaria com o Bruno já era suficiente.
Quando entramos, fomos conversando sobre um anime que assistimos. O papo tava bem animado, eu e ele estávamos quase andando de mãos dadas. Compramos os ingressos e fomos indo pra sala. Era no segundo andar, subimos as escada e paramos num corredor grande, repleto de cartazes e portas das salas. Estávamos indo em direção a nossa (que era a última) e uma porta se abriu, uma multidão de gente saiu, entre eles algo me fez parar. Bruno continuou andando, mas percebeu que eu parei e me olhou.
Eu estava fixado naquilo que eu via. Não sei porque me afetou tanto, me doeu tanto e mexeu tanto comigo. Lá estava Lucas saindo abraçado com a tal garota. Eles sorriam e comentavam algo. Senti uma lágrima escorrer no meu rosto. Lucas me olhou e parou também. A garota ficava o encarando, confusa com o motivo da sua parada repentina. Ele de repente acordou do momento, sorriu pra ela e saiu, passando ao meu lado como se fossemos desconhecidos. E eu entendi que éramos. Aquela pessoa, por quem me apaixonei não existia mais, talvez nunca tivesse existido. Fiquei ali parado, e senti algo quente se impulsionando em meu corpo e vi, Bruno me abraçou. Então, eu senti o conforto de alguém que gostava de mim. Eu o abracei e ali, sem perceber, chorei.
Parece que acabou nossa ideia de sessão de cinema.

Tudo o que é MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora