Tudo o que é Meu

Capítulo Final: A força das Palavras

Depois do dia em que eu e Bruno tomamos banho juntos, muita coisa aconteceu. Eu e ele nos apaixonamos e estamos namorando atualmente. Passamos o dia juntos, as vezes na minha casa, mas grande parte na casa dele ou no Parque. Já fazem 3 semanas desde que estamos juntos. Aos poucos fui perdendo o medo de ter uma relação sexual com ele, mas ainda não transamos.
Bruno me convidou para ir a Igreja, participar de um grupo chamado Pastoral da Juventude (PJ), eu de início não gostei da ideia, mas fui pra agradar a ele, que tem sido a melhor pessoa do mundo. Semana passada eu acordei e tinha uma caixa de chocolate na minha escrivaninha e um bilhete escrito:

Pro meu amor mais lindo. Que faz meus dias serem perfeitos. A cada dia você me conquista de uma forma mais simples e completa.
Já dizia o escritor "Que seja eterno enquanto dure" e que assim seja.

Ele vivia me mimando e me deixando cada vez mais apaixonado por ele. Eu me sentia seguro já que estaria em seus braços. Bruno havia me dado uma pulseira, que seria como uma aliança pra nosso namoro. Eu passava grande parte do tempo (quando não estava com ele) observando a pulseira e lembrando dos nossos momentos.

(...)

Já era por volta de 11h da manhã e eu esperava ansioso no Parque, Bruno iria almoçar na minha casa e conversaríamos com minha mãe sobre uma viagem que queríamos fazer para Trindade. Só eu e ele, o que deixaria minha mãe de cabelo em pé, mas ao menos deveríamos tentar. Os pais de Bruno apoiaram a ideia, até pelo fato de que não ficaríamos mais de 3 dias.
Estava de costas quando senti o toque suave de Bruno nos meus ombros, já conseguia sentir seu cheiro maravilhoso de perfume.
- Oi meu anjo, demorei muito? - Disse ele me virando pra ficar de frente pra ele.
- Oi amor, não. Foi até rápido - Era visível minha ansiedade e preocupação.
- Ei, relaxa. Vai dar tudo certo, você só precisa confiar em mim - Disse ele acariciando meu rosto e sorrindo.
- Eu confio. É que tô sentindo algo estranho - E realmente era verdade. Sentia que estava prestes a fazer a descida da Montanha Russa. Eu estava inseguro comigo mesmo.
Bruno foi ao meu lado em silêncio, e eu apenas pensava o porque de estar me sentindo assim.
Quando chegamos em casa, minha mãe já estava na cozinha, e quando nos viu, fechou a cara. Ultimamente, ela tem ficado mal humorada por me ver com Bruno. Alguns dias ela veio com o papo de que *ele tinha me afastado dos meus outros amigos*. Obviamente eu ignorei. Até porque sabia que não era verdade. Entramos e fomos pra cozinha.
- Mãe, temos que conversar - eu disse, sentindo minhas pernas tremerem.
- O que foi Ramon? Vai dormir na casa do Bruno outra vez? - Disse ela me olhando fria.
- Não, é outra coisa. Que também envolve o Bruno - Disse alternando meu olhar entre Bruno e ela.
- Olha aqui, Ramon e Bruno. Hora das cartas na mesa. Agora vocês vão escutar meu ponto - Disse ela batendo as mãos na mesa - Quero que saibam que não estou feliz com essa aproximação de vocês, tão íntima. Bruno, você parece que está tentando ter o Ramon só pra você! E Ramon, o Bruno não é seu único amigo. Vocês se afastaram de todos, e isso não tá certo. Quero que dêem um espaço pros outros.
- Mãe, não fui eu que me afastei de ninguém, eles se afas... - tentava falar com calma, mas mi há mãe me interrompeu.
- Não quero saber Ramon, vocês dois parecem namorados, andam 24h por dia juntos! Não quero esse tipo de coisa e não vou admitir. Se insistirem nesse grude, vou proibir terminantemente vocês dois de se verem - Disse ela amarga.
- Espera um pouco Mãe, quer dizer que estar com o Bruno é ruim? E que parecer que somos namorados é ruim também? De onde veio a regra que enquadra isso sendo ruim ou bom? - indaguei.
- Ramon! Eu não tenho filho Gay, não quero e nem vou ter! E esse comportamento de vocês está errado, vocês têm que se juntar com meninas! Vocês são homens, e eu não vou aceitar isso! - Ela gritava.
Eu me sentia sufocado, ela falava, falava e Bruno me olhou, seus olhos marejados e tristes. Aquilo me cortou o coração. Fechei os punhos e bati forte na mesa, fazendo com que minha mãe se calasse.
- ENTÃO ENGULA SUAS PALAVRAS MÃE, PORQUE EU SOU GAY E NAMORO O BRUNO!

(Continua no próximo livro)