O banho

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Me certifiquei de que tudo estava certo. Minha mãe sairia pra trabalhar dentro de dez minutos e Lucas chegaria em vinte. A única coisa que me preocupava era a chuva, cada vez mais forte.
- Ramon, quer carona? Tá chovendo bem forte pra ir a pé. - disse minha mãe pegando a bolsa dela.
- Mãe, não vai dar ninguém na aula, deixa eu ficar em casa? Quero dormir mais um pouco - disse fazendo biquinho. Essa tática era infalível.
- Aah Ramon! Só hoje, amanhã nem que esteja acabando o mundo, você vai - disse ela. Subi e fui me deitar em silêncio, tentando ouvir o barulho do carro. Quando ela saiu, coloquei minha Big Blusa (chamava assim por que era bem maior que eu, minha tia de Curitiba havia comprado, aposto que imaginou que eu era uns 100kg mais gordo) e meu short azul. Eu ainda duvidava de que Lucas enfrentaria essa chuva, por isso ainda mantinha minha cama desarrumada, pra no caso ele não vir.

A campainha tocou, desci correndo, o que me fez escorregar e quase descer rolando, ser um desastre era a minha especialidade.
Eu abri a porta e levei um susto. Lucas estava completamente encharcado e tremendo, o puxei pra varanda e corri pra pegar uma toalha. O envolvi nela e o coloquei pra dentro. Ele tremia tanto que parecia que estava levando uma descarga elétrica.
- Caramba Lucas, não devia ter saido nessa chuva! - eu o repreendi.
- N-não re-reclama! E-eu j-já d-disse q-que v-viria.
- Acho que precisa de um banho. Vou arrumar umas roupas pra você - eu disse saindo em direção as escadas.
- E-espera! E-eu t-trouxe algumas, e-estão n-na m-mochila - disse ele apontando. Abri a mochila e as roupas estavam envolvidas na sacola. O ajudei a subir as escadas e o levei pro meu banheiro.
- Espera, vou ligar o chuveiro.
Enquanto eu abria o chuveiro, eu ouvia seu bater de dentes. Abri e me virei para sair, quando notei que ele estava nú, na minha frente. Acabei notando que ele não era tão forte, seu peitoral era saliente, mas não grande. Seus braços não muito fortes e sua barriga lisa. Suas pernas eram mais magras do que eu imaginava. Tampei os olhos pra não ver, mas não pude evitar aquela "olhadela" de relance. Seu membro, mesmo encolhido de frio ainda era sarisfatoriamente grande.
- Ai Lucas me perdoa, não era pra você estar pelado na minha frente - eu tinha certeza que eu estava roxo, sentia minhas bochexas queimarem. Ele riu, ainda tremendo.
- N-não s-se d-desculpe. E-eu n-não t-tenho o q-que e-esconder. - ele entrou no chuveiro e eu fui saindo do banheiro. A imagem dele, ali, nú ainda pairava sobre minha mente. Eu ainda me sentia vermelho demais, porém algo pior aconteceu: eu fiquei extremamente excitado e era visível. Tive medo de que ele tivesse notado, só de imaginar isso eu fiquei ainda mais nervoso.
- Ei Ramon! Me passa a toalha por favor! - gritou ele.
Eu entrei ainda tampando os olhos e estendi o meu braço pra lhe entregar a toalha. Nessa hora ele fez o que eu jamais imaginei que ele fosse fazer: me puxou. Ele colou meu corpo ao dele, me fazendo molhar. Debati no corpo dele tentando me soltar e ele ria. Sai todo molhado e ele gargalhava da situação. Eu o fuzilava com os olhos.
- Ixi, parece que alguém vai ter que tomar banho também - disse ele gargalhando.
- Pois é Senhor Lucas, agora sai daí pra eu tomar meu banho - eu realmente queria matar ele.
- Negativo senhor, pode entrar aqui comigo, eu não mordo nem sou radioativo - disse ele, estendo os braços e gargalhando.
- Ah bem capaz de eu fazer isso! Sai logo dai! - eu já estava de cara fechada.
- Se não vier, eu te puxo - disse ele fazendo mais uma vez seu sorriso safado.
- Aff, então espera - eu saí do banheiro, tirei minha roupa s coloquei minha sunga. Não queria que ele visse meu corpo, não estava gostando dessa ideia de banho. Mas, eu estava meio que curioso sobre o que iria acontecer. Entrei no banheiro com meu roupão e antes de entrar, tirei ele o deixando no chão. Lucas assoviou, o que me deixou roxo e ele gargalhava.
Entrei ainda de cara amarrada, ele segurou minha nuca bem levemente e me levou pro chuveiro. Enquanto eu me molhava, ele passava a mão nos meus ombros, me massageando e me fazendo relaxar. Meu cérebro girava e eu já nem pensava mais. Ele pegou o sabonete e começou a passar levemente em minhas costas, me fazendo arrepiar. Meus olhos estavam fechados. Lucas me entregou o sabonete, eu já não sabia mais nada sobre o que aconteceria ali.
- Passa nas minhas costas e em onde você puder... - sussurrou ele, entrando debaixo do chuveiro. Eu tremia, comecei a passar o sabonete nas suas costas e tentava massagear, retribuindo o gesto dele. Lucas suspirava, sua voz falhava e suas mãos se abriam e fechavam. Ele pegou minhas mãos e as passou pela parte da frente do seu corpo, colando o corpo dele ao meu. Eu estava excitado mais me segurava, porém eu sabia que perderia o controle. Ele passou em seu peito e ia descendo, parando em sua barriga. Eu sentia que ele não estava incomodado, obviamente. Então ele começou a descer, chegando no seu umbigo e indo em linha reta. Em um reflexo, soltei o sabonete e sai dali, peguei meu roupão e voltei pro quarto. Meu coração parecia que ia sair pela boca. Me sequei e tirei minha sunga, e levei a pior surpresa do dia, talvez da semana: eu estava muito excitado e muito melado. Aquilo me constrangeu de tal forma que me sentei ali mesmo. Apoiei minha cabeça nos joelhos refletindo sobre os longos 20 minutos já ocorridos.
- Ramon, me perdoa. Acho que deixei levar pela ocasião, eu não sabia que... É que você e... Eu vou lá na sala, acho melhor esperar lá enquanto a chuva não passa - ele disse, já vestido e descendo. Eu não respondi, eu estava em choque, não tinha reação. Meus pensamentos voavam e meu coração parecia estar explodindo. Tudo aquilo, os quatro dias que estava ali, o clima com ele, o banho... Era algo que eu nunca experimentei e nem imaginei. Eu agora não o queria perto de mim, mas não queria que ele estivesse longe. Eu estava confuso. Acho que fiquei ali, sentado cerca de uma hora.

(...)

A chuva estava quase numa garoa, eu ainda estava em meio a uma tempestade cerebral quando ouvi uma música vindo da sala. Eu desci, calmo e ainda zonso com tudo aquilo. Lucas estava sentado e a música vinha do celular dele. Quando me viu, ele se levantou e veio se desculpando. Eu levantei minha mão, como um gesto de pare.
- Tudo bem Lucas, já passou e não tem o que se desculpar... - eu disse olhando pro chão.
Um silêncio mortal pairou sobre a sala, ele voltou e se sentou, apoiando a cabeça nas mãos.
- Que música era aquela que voçê ouvia? - perguntei, indo pra sentar ao lado dele.
- Ah, de uma banda que eu gosto. Se chama Rosa de Saron. A música é do album antigo. Procura pra você ouvir... Essa música fala como eu me sinto em relação... Aamm, a nós - disse ele sorrindo.
Esse sentido de "nós" me pareceu estranho. Eu sabia que algo de estranho estava acontecendo...
- Você não disse o nome da música... - eu olhei sorrindo.
- Nossa, verdade... Se chama Tudo o que é meu - ele se levantou, e foi em direção a porta - bom, a chuva parou e eu já vou indo... Tchau Ramón.
Não tive tempo de falar nada, ele saiu quase que correndo. Meu cérebro girava e mil pensamentos pairavam. O que ele realmente queria? Minha amizade era nitidamente uma segunda opção. Será que ele brincava comigo? Ou será que... Não, ele não. Precisava colocar minha cabeça no lugar. Subi, peguei meus fones e comecei a ouvir o suave toque de One Last Time...

Tudo o que é MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora