Assim que entramos na casa, senti um cheirinho de comida invadir meu olfato.
- Você cozinha? – perguntei.
- Eu cozinhava, desde que virei... um bandido, eu parei. – ele falou sem graça.
- Você sabe que poderia desistir disso, não é? Você não seria preso. – tentei convencê-lo mais uma vez.
Ele abaixou o olhar, um pouco chateado.
- Eu gostaria, mas eu não posso. – e então eu percebi que havia alguma coisa que o magoava.
- Você me falou que era por vingança, vingança a quem, exatamente?
- Anne... – ele pareceu um pouco triste. – Vamos mudar de assunto, por favor. – e então assenti.
- Vamos comer?
- Está com tanta fome assim? – um pequeno sorriso se formou em seus lábios.
- Eu não almocei por causa de você.
- Ficou tão nervosa assim? – eu corei.
- É o meu primeiro encontro, então, fiquei meio tensa.
- Isso é um encontro? – ele sorriu e mordeu o lábio.
Aqueles malditos lábios.
- Não. É só um programa de amigos.
- Ahm, ok, estou sabendo. – eu revirei os olhos, rindo da sua ironia.
Pegamos a pizza que Harry havia encomendado e nos sentamos na sala de cinema. Ele colocou um filme qualquer e sentou-se ao meu lado.
- Sua casa é enorme e linda, você é filho de quem? – perguntei.
- Ninguém importante. – assenti. - E então, seus pais trabalham com você na empresa?
- Eles... – fiquei insegura de contar, e se ele não gostasse de mim assim como eu pensasse? Talvez, quisesse apenas me seduzir para conseguir tempo e invadir a cidade. Ou, talvez não. – Morreram quando eu era criança.
Ele assentiu um pouco sem graça. Talvez por ter tocado naquele assunto.
- Bem, como conseguiu despistar os seguranças?
- Eu sou uma espiã, não se esqueça. – eu mordi um pedaço da pizza.
- É, pois é.
- Mas e então, há quanto tempo você resolveu virar um terrorista?
- Desde que eu fiz meus dezoito anos, há sete meses atrás. – assenti.
- Legal, sou nove meses mais nova que você. – ele sorriu.
- Eu quero te mostrar uma coisa. – ele falou pegando na minha mão.
Deixei e então ele me guiou até o segundo andar.
- Aqui é o meu quarto. – ele falou abrindo a porta.
Entramos em um quarto todo branco e preto. Luxuoso e muito confortável. Harry com certeza vinha de uma família muito rica, mas tudo o que me intrigava naquele momento, era a razão da invasão. Ou eu o fazia desistir em uma semana, ou prenderia-o sem pensar duas vezes.
- Que quarto lindo. – tentei não pensar na merda que eu estava fazendo, afinal, eu estava no quarto do meu inimigo.
Olhei para a sacada e vi toda a paisagem de Londres.
- É aqui que eu adorava passar meu tempo, quando ficava chateado com alguma coisa. – ele falou olhando para além da janela.
- Adorava? Por que não passa mais? – ele suspirou, e então se sentou na cama.
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Missão Impossível
Hayran KurguPara o governo, Anne era a melhor espiã que existia em todo a Inglaterra. Para eles, Anne era o tipo de garota que colocava serviço acima de tudo, largava festas e amigos para uma boa aventura, evitava se apaixonar para não causar danos na vida prof...