Capítulo 5

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Assim que entramos na casa, senti um cheirinho de comida invadir meu olfato.

- Você cozinha? – perguntei.

- Eu cozinhava, desde que virei... um bandido, eu parei. – ele falou sem graça.

- Você sabe que poderia desistir disso, não é? Você não seria preso. – tentei convencê-lo mais uma vez.

Ele abaixou o olhar, um pouco chateado.

- Eu gostaria, mas eu não posso. – e então eu percebi que havia alguma coisa que o magoava.

- Você me falou que era por vingança, vingança a quem, exatamente?

- Anne... – ele pareceu um pouco triste. – Vamos mudar de assunto, por favor. – e então assenti.

- Vamos comer?

- Está com tanta fome assim? – um pequeno sorriso se formou em seus lábios.

- Eu não almocei por causa de você.

- Ficou tão nervosa assim? – eu corei.

- É o meu primeiro encontro, então, fiquei meio tensa.

- Isso é um encontro? – ele sorriu e mordeu o lábio.

Aqueles malditos lábios. 

- Não. É só um programa de amigos.

- Ahm, ok, estou sabendo. – eu revirei os olhos, rindo da sua ironia.

Pegamos a pizza que Harry havia encomendado e nos sentamos na sala de cinema. Ele colocou um filme qualquer e sentou-se ao meu lado.

- Sua casa é enorme e linda, você é filho de quem? – perguntei.

- Ninguém importante. – assenti. - E então, seus pais trabalham com você na empresa?

- Eles... – fiquei insegura de contar, e se ele não gostasse de mim assim como eu pensasse? Talvez, quisesse apenas me seduzir para conseguir tempo e invadir a cidade. Ou, talvez não. – Morreram quando eu era criança.

Ele assentiu um pouco sem graça. Talvez por ter tocado naquele assunto.

- Bem, como conseguiu despistar os seguranças?

- Eu sou uma espiã, não se esqueça. – eu mordi um pedaço da pizza.

- É, pois é.

- Mas e então, há quanto tempo você resolveu virar um terrorista?

- Desde que eu fiz meus dezoito anos, há sete meses atrás. – assenti.

- Legal, sou nove meses mais nova que você. – ele sorriu.

- Eu quero te mostrar uma coisa. – ele falou pegando na minha mão.

Deixei e então ele me guiou até o segundo andar.

- Aqui é o meu quarto. – ele falou abrindo a porta.

Entramos em um quarto todo branco e preto. Luxuoso e muito confortável. Harry com certeza vinha de uma família muito rica, mas tudo o que me intrigava naquele momento, era a razão da invasão. Ou eu o fazia desistir em uma semana, ou prenderia-o sem pensar duas vezes.

- Que quarto lindo. – tentei não pensar na merda que eu estava fazendo, afinal, eu estava no quarto do meu inimigo.

Olhei para a sacada e vi toda a paisagem de Londres.

- É aqui que eu adorava passar meu tempo, quando ficava chateado com alguma coisa. – ele falou olhando para além da janela.

- Adorava? Por que não passa mais? – ele suspirou, e então se sentou na cama.

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