Capítulo 18 - A Verdade crua

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Não consegui vê-la. Ela foi tirada da delegacia por policiais que fizeram a segurança. Durante quase quinze, dias tentei falar com ela e com Mel por telefone, mas dava sempre fora de área. Dago só sabia que ela tinha tirado as tais férias que havia programado anteriormente e que Darcimires, um cara da produção, fora posto no lugar dela interinamente. Eu andava super para baixo e Dago me convidou para almoçar ali perto da empresa com Erick.

Ele começava a sair de casa e já fora duas vezes à empresa. Chegamos ao restaurante e procuramos uma mesa mais reservada para nos acomodar. Se é que à uma hora daquelas no centro da cidade, poderíamos dizer que existisse alguma mesa que fosse reservada.

– Você acha que ela volta, Dago? Erick, você é do RH. Não tá sabendo de nada?

– Calma, Cléo. Ela só tirou férias mesmo. Pediu apenas para estender mais quinze dias além da semana que havia tirado. Ela ligou para mim pessoalmente, para pedir que falasse com o pessoal de lá.

– Três semanas inteiras? Cara, ela tá pensando em sair, tá pensando em sumir daqui, Erick! Nada me tira isso da cabeça. Ela não falou mais nada com você?

– Não. Ainda estava meio abalada. Acho que não tá pensando isso não. A vida da Sophia é isso daqui. Acho que ela esteve tanto tempo na direção-geral que já virou patrimônio da Grasoil. Ela só quer dar um tempo. Viram a reportagem que aquela revista de negócios fez sobre ela e o que falou a respeito do sequestro?

– Um monte de mentiras! -- falei indignada.

– É. Mas explanaram que a amante do marido é que estava por trás.

Dago falava entristecido e Erick estava de cabeça baixa. Olhei para todo o restaurante, tentando segurar lágrimas que queriam sair rolando sem a minha autorização.

– Apenas insinuaram o que poderia ter acontecido, não deram certeza e não sabem realmente. Dessa vez, parece que a polícia fez o serviço direito, pois não estão conseguindo pescar muita coisa.

Olhei para minha direita e vi uma loirinha sentada em outro canto conversando com uma ruiva. Estreitei meus olhos e percebi que era Catarina.

– Catarina tá bem acompanhada!

Os meninos olharam e Dago sorriu.

– Conheceu esse fim de semana, num chá de panela de uma prima que mora numa cidadezinha do interior do estado. Acredita? Festa de família e, a garota ainda é daqui... Quer dizer, mora aqui, faz faculdade e veio morar aqui por conta disso.

Empurrei o braço de Dago, mexendo com ele.

– Cara, você é um fofoqueiro. Sabe da vida de todo mundo!

Os dois gargalharam.

– Quem manda postar no "Face"?

– Ela postou no "Face"?

– Lógico que não, Cléo. O Dago que é fofoqueiro mesmo!

– Postou sim. Falou do chá de panela e falou às pessoas que conheceu e ainda marcou a foto, então é só deduzir, não é?

Pela primeira vez, depois de tudo que ocorreu, sorria relaxada.

– A garota até que é bonitinha...

Meu celular tocou. Era um número privado e não atendi.

– Não vai atender?

– Não. Pode ser o Marcos. Eu impetrei uma ação contra ele e não deve ter gostado muito. Sempre liga de celulares que não conheço e as duas últimas vezes eram de número privado.

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