Epílogo

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Havia passado pouco mais de um ano e não havíamos saído da casa de Itacoatiara. Eu e Sophia tínhamos comprado outra casa na Urca e quem tinha se alojado lá foi a Mel com a Lucy. Eventualmente dormíamos, quando tínhamos que chegar muito tarde e acordar muito cedo, mas realmente a casa passou a ser o lar das duas.

Cheguei em casa mais cedo que Sophia e tinha uma notícia para dar a ela. Não tinha a menor ideia da reação de minha esposa perante esta notícia. Peguei uma garrafa de vinho na adega, abri e trouxe duas taças para a varanda.

Hoje em dia, lançava mão de alguns artifícios para saber onde minha esposa estava. Não me condenem. Ela me ensinou direitinho e eu não fazia isso todos os dias e muito menos com frequência.

-- Nydia.

-- Sim?!

-- Pergunte a Ramon onde eles estão.

Nydia fez o contato pelo auricular.

-- Estão próximos, bem aqui na entrada da rua.

-- Obrigada, Nydia. Pode ir descansar.

-- Sim, senhora.

Algumas regras haviam mudado quanto à segurança. Eles não ficavam mais de prontidão depois que chegássemos e após revistarem a casa. Haviam câmeras apenas nas áreas externas e nos corredores.

Coloquei vinhos nas duas taças, esperei um pouco mais que cinco minutos e Sophia entrou pela porta. Não me virei, continuava olhando o mar, mas escutei os passos de Sophia até o aparador e depois escutei seus passos vindos em direção a mim.

Ela me abraçou por trás, beijando minha cabeça e eu aspirei prazerosamente seu perfume. Beijei sua mão que estava sobre meu ombro carinhosamente.

-- Como foi seu dia? – Perguntei.

-- Fora uma reunião chata com o órgão fiscalizador, tudo correu bem.

Estendi a taça para Sophia que prontamente pegou da minha mão e se sentou na cadeira em frente a minha.

-- Mas pela sua cara, o seu não foi muito bom...

Sophia começou a acariciar a minha perna.

-- Não. Meu dia foi ótimo. – Respondi.

-- Verdade?

-- É. Verdade.

Tomei um gole do vinho.

-- Mel me ligou hoje e pediu para passar na casa da Urca.

Comecei a falar tentando transparecer tranquilidade, mas acredito que sem muito sucesso.

-- Ela está bem? Não fala comigo há uma semana e quando liguei ontem, não consegui falar com ela.

-- Ela está bem, mas queria contar a você algo que aconteceu com ela, mas não sabia como. Por isso me chamou. Ela me contou que foi sem querer, mas sinceramente, até agora eu não consegui entender como aconteceu sem querer.

-- Cléo, você poderia ser mais direta. Está me preocupando!

-- Não tem o que se preocupar, Sophia... Bom, pelo menos no sentido de algo perigoso...

-- Cléo!

-- Tá bem, tá bem! Eu não tenho como dar essa notícia de outra forma... E foi ela que pediu para falar a você.

Inspirei fundo e mandei.

-- Você vai ser avó.

-- O que?!! Como... Como isso aconteceu sem querer? Ela traiu a Lucy com um homem?

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