Voltamos para o Rio mais a noitinha, pois eu queria estar ao lado de meus amigos quando assistíssemos seu discurso pela televisão. No dia seguinte logo de manhã, fomos todos para a casa de Donna. Ela não era um foco, então achamos mais seguro.
Liguei diretamente para a Diretora geral da Destor. Espantei-me, pois ela me atendeu "mega" bem e disse que não voltaria atrás na sua resolução por conta de uma invasão da minha privacidade. Disse que não estava fazendo negócios com a pessoa Cléo Boaventura e sim com a empresa Hermes. Falou também que abominava este tipo de ação que só demostrava o mau caráter de determinadas pessoas. Mas agora eu entendia que isso ocorria por não ser uma empresa grande de peso e "S.A.", pois se assim o fosse, talvez outras implicações ocorressem. Mais tarde descobriria que a diretora não era tão imparcial assim...
...............
Donna foi para o estúdio, pois assim que houvesse o pronunciamento de Sophia, ela soltaria no ar a nossa entrevista.
Estávamos todos espremidos diante da televisão e ligados no canal da BBC World News. Quando falei que estávamos todos, éramos todos mesmo. Eu, Dago, Erick, Beth, Lucy e Mel. Esta última me preocupava, pois apesar da aparente força que demostrava, e, aí eu conseguia ver os traços de sua mãe, era apenas uma menina no meio de um turbilhão familiar. Rejeitava todas as ligações em que os números eram desconhecidos, privados, de seus avós e de seu pai, ou seja, quase todas as chamadas. Em determinado momento, ela desligou o celular. Levantou de onde estava e puxou Lucy consigo.
-- Posso sentar com você?
-- Claro, meu amor!
Peguei sua mão e puxei-a para o meu lado. Em seguida ela puxava Lucy para sentar no outro lado ficando entre nós. Abracei-a e ela me sorriu.
-- Parece "déjà vu". – ela falou
-- Parece, não é mesmo? Mas agora sabemos onde sua mãe está e o que está fazendo. Acho que não é tão preocupante.
-- É.
Melissa puxou Lucy para que envolvesse sua cintura.
-- Ei! Você quer abraçar quem, Mel? Eu ou sua madrasta? – Lucy falou com ar de falsa indignação e ainda me sacaneando.
-- As duas. Pode ser?
-- Só não digo que não "tô" gostando dessa brincadeira de "madrasta", por que você é filha da Sophia. -- Rebati a brincadeira, mas estreitei a Mel em meu abraço. Eu mesma precisava de conforto.
Meu celular tocou e o número era desconhecido. Rejeitei a ligação também. Quando ia fazer menção de desligar vi uma mensagem entrando. Sophia enviou por "whats app" dizendo que já entraria para a declaração e seria realmente transmitido ao vivo pela BBC World New. Avisei a todos e nos calamos.
Sophia entrou na sala de imprensa acompanhada de alguns homens que nós supomos serem assessores e diretores da empresa. Vários flashs foram disparados em sua direção. Ela chegou à tribuna onde os diversos microfones estavam dispostos, ladeada por estes homens. Alguns repórteres começaram a fazer perguntas tentando ganhar atenção antes de seus colegas, mas Sophia se manteve impassível. Olhou diretamente para o público e apenas esperou que o alvoroço cessasse. Seu olhar transparecia seriedade, mas ela não se deixaria abater pelo momento. Se aprendi algo com essa mulher ao longo dos meses, foi o fato de que o mundo poderia estar desabando ou a felicidade imperando, mas de forma nenhuma este mundo entraria em seu interior se ela não quisesse. Poderiam flagrá-la em um momento íntimo, mas de alguma forma ela conseguia transmitir por sua presença e postura, que ela não deixaria que fosse invadida. Eu a amava, porém, meu sentimento caminhava para além do amor. Eu a admirava, eu a respeitava e sentia-me admirada e respeitada por ela.
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Diferentes?
Literatura FemininaEu era feliz? Tinha uma vida "supostamente" perfeita. Era noiva, minha empresa estava em ascensão, mas tudo estava uma droga. Meu noivo era um encostado e eu tinha feito a burrice de colocá-lo na minha empresa como meu assistente. Na verdade não se...