Capítulo 20 -- Porque você me faz sentir uma coisa

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Melissa saiu sorrindo, meio que, interpretando a atitude de sua mãe como algo relacionado a sequelas do seu sequestro. Bom para mim, que desfrutei de cada segundo de sua carinhosa atitude e sem me preocupar com o que a menina pensaria, porém me preocupando em como eu ficaria depois.

Separamo-nos e ela me chamou para sentar, foi quando eu reparei em todo o ambiente. Seu estilo continuava a prevalecer na decoração. Móveis de linhas retas, design moderno, apesar da pouca mobília disposta na sala não muito grande.

– Pelo visto você perturbou o corretor mesmo!

– Uhum. E tudo por mensagens, e-mails, fotos enviadas por "whats app" e etc. – Nós rimos juntas.

– Imagino!

– Senta aqui.

Ela apontou o sofá e quando sentei, ela se sentou ao meu lado com uma perna encolhida sobre o estofado e a outra pendendo displicentemente. Não quero fazer piada de mau gosto, mas quando sequestraram a mulher, devem ter trocado a identidade dela também. Nunca a tinha visto tão despojada, tão natural. Minto, já tinha visto sim, mas enquanto transávamos. O que me faz lembrar, do fato que devo ficar longe dela. Donna falou que se eu transasse com ela novamente, não teria mais seu ombro amigo para chorar. Se bem que... Ela não falou realmente sério, não é mesmo, pessoal?

– Meninas, se comportem. Já vou indo, mãe.

Melissa veio do quarto se despedindo e dando um beijo em Sophia. Entrei em pânico. Como assim? Melissa ia sair?

– Você não vai ficar, Mel?

– Não. Vou sair com a minha galera daqui do Rio. Sempre que venho, nós marcamos e o povo "tava" todo disponível hoje.

– Ah.

Fiquei perdida, pois antes do sequestro, estava bem determinada a esquecê-la. Depois que ela foi sequestrada, eu só imaginava vê-la e estar com ela, mas agora que estava prestes a ficar com ela a sós, fiquei imaginando coisas do tipo. E se eu não conseguir me segurar? E se ela não me quiser? E se Dago e Erick demorarem a chegar? Coisas absurdas de se pensar, só por estar a sós com ela, no mesmo ambiente e tão perto de mim. Quando Melissa fechou a porta, olhei para ela e acredito que meu rosto passava a impressão de desespero, pois ela me sorriu, pegou minha mão cálida e beijou. Levou minha mão até seu colo e continuou segurando-a e acariciando.

– Cléo, eu quero muito conversar com você e por isso, tomei a liberdade de ligar para Dago e desmarcar com eles.

– O quê? – Meu desespero aumentou.

– Desculpa se não liguei para falar, mas tive medo que se chamasse somente você, não quisesse vir.

Inspirei forte.

– Na realidade, também fiz algo que talvez não devesse, pois envolve você.

– Algo que não devesse? – Perguntei um pouco dispersa.

– Sim... Bem, é que eu precisava conversar com alguém e Dago é a pessoa que mais confio.

– Sophia, não me aflija mais. Fala logo!

– Eu contei a ele sobre nós.

– Ãh? Sobre nós o que?

Ela me olhou com uma expressão confusa. Eu também me olharia confusa, tamanho o retardo de pensamentos em que me encontrava.

– Ah! Entendi. Desculpa, estou meio lesa hoje. Tudo bem. Não me importo. Considero muito os meninos e confio neles, mas... – Falei rapidamente para despistar, pois mal sabia ela, que eles já estavam carecas de saber. Já que ela contou também, então estávamos empatadas. -- O que quer conversar comigo?

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