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-Encontrámo-nos no Inferno!

Há frases, rostos, acontecimentos ou olhares que nunca se esquecem. Por causa de algumas destas coisas, voltei a matar. Dois meses depois da Emily voltei a matar, desta vez três homens. Todos no mesmo mês. Com eles eu sabia o que estava a fazer, tinha tudo pensado. Demorei dois meses a arranjar tudo, mas consegui.

Para estes três, eu tinha um motivo: todos eles tinham participado num crime que eu presenciei. Eles fugiram. O caso não avançou, ninguém sabe porquê, a polícia simplesmente deixou de os procurar. Eu não consegui deixar de lado o que se tinha passado, muito menos depois do que aconteceu com a Emily. Gostei do que fiz, gostei de matar, gostei daquela sensação. Sei que seria mais difícil que a mulher, não só encontrá-los como conseguir matá-los. Eu vi o que eles são capazes de fazer, mas eu, agora sei que posso ser como eles, ou, quem sabe, pior.

Os nomes deles eram Carl, Bruno e David.

Eu iria matar consoante o papel deles no que aconteceu. Primeiro Bruno, depois David e, por fim, Carl.

Depois do incidente deixei de trabalhar. Tinha tempo mais que suficiente para os encontrar, perseguir e matar.

Soube por pessoal da rua, da droga e dos negócios da noite que eles frequentavam o mesmo bar, várias vezes durante a semana. Comecei a ir ao bar todos os dias. Sabia que eles não me iriam reconhecer, o meu cabelo agora estava rapado, a minha barba grande, tinha algumas tatuagens agora. Durante dois meses visitei o bar, aprendi os hábitos deles e consegui elaborar um plano suficientemente bom para os apanhar, um de cada vez, e matá-los.

Na primeira semana foi o Bruno.

Morava sozinho. Segui-o até casa. Esperei ele ir para o quarto e depois entrei, com as devidas precauções. Não queria deixar vestígios da minha presença ali.

Entrei no quarto, pela porta aberta. Ele estava deitado numa cama de casal, o quarto enchia-se de roupa e garrafas espalhadas pelo chão, juntamente com os móveis. Fui em direcção à cama sem fazer barulho. Encostei-lhe a faca ao pescoço e disse-lhe ao ouvido:

-Levanta-te, devagar. Tentas gritar ou ripostar e eu mato-te. Percebido?

Ele acenou afirmativamente com a cabeça.

Com a faca encostada nele segui cada movimento seu, evitando alguma tentativa de me atacar.

Quando se levantou tentou alcançar uma garrafa vazia que estava em cima da mesa-de-cabeceira. Não conseguiu alcançá-la, pois mal me apercebi a faca rasgou-lhe um pedaço do braço.

-És burro? Eu disse que te matava. Outra tentativa e acredita que não vais sair do quarto. Vamos, mexe-te para a cozinha.

Prendi-lhe o peito com um braço e encostei-lhe a lâmina ao pescoço. Não voltou a tentar atacar-me.

Na cozinha sentei-o numa cadeira, prendi-o e amordacei-o.

Vasculhei as gavetas da cozinha e, de uma delas, tirei 4 garfos.

Puxei uma cadeira e sentei-me à frente dele.

-Lembras-te de mim?

Tirei o boné que usava e coloquei-o no chão.

Demorou um pouco, mas chegou lá. Era bem perceptível o espanto na cara dele.

-Já vi que sim.

Ele estava apenas com roupa interior.

Peguei num garfo, sustive a respiração e, com todo o meu ódio, cravei-lhe o garfo na perna. Ele gemeu.

-E agora? Continuas a gostar de matar pessoas?

Crónicas de um Serial KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora