Echo.

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Echo.

A noite passada foi incrível, pude ver quem era meu chefe, Noah Wood. Ele era a pessoa mais engraçada, inteligente e até mesmo geek, que eu já havia conhecido antes. Seus olhos brilhavam ao falar de super-heróis, gibis, videogames e muitas outras coisas. Coisas que nunca imaginaria que sairiam dos lábios desenhados do meu chefe sério, dentro de um terno cinza e engravatado. Nós jantamos, organizamos e incrementamos novas ideias para o desfile desse fim de ano e por fim, acabamos conversando sobre coisas geek, como já havia falado.

Depois, voltei para minha nova casa e finalmente, descansei. Bem, mais ou menos. A princípio, esperei o sono chegar deitada no chão, olhando para o teto de vidro que me dava visão privilegiada do céu noturno e cheio de estrelas. No entanto, quando notei que o sono demoraria, deitei na cama e fechei os olhos. Minha nova vida era ótima, na verdade, era como se eu estivesse vivendo um sonho que eu esperava nunca acordar. Então, por favor, ninguém me belisque. Quem diria que tudo isso aconteceria graças a um acidente que todos julgam ser ruim? Certo, ele é bem ruim, mas para mim foi a melhor coisa que já me aconteceu nesses cinco anos.

Eu fugi daquele local que para mim era como o verdadeiro inferno na Terra e Kirk era o diabo, eu rezava todas as noites para que sua alma tenha queimado naquele incêndio. E para que mais garotas tivessem fugido, assim como eu. Cheguei a Paris e passei os três primeiros dias vivendo em becos escuros, pedindo restos de comida na porta dos fundos de restaurantes pobres, pois os ricos me olhavam enojados e riam da minha cara. Somente no quarto dia, quando passava pela cafeteria de Chuck e eu desejava um café quente e forte para me acalmar naquele dia chuvoso, é que as coisas começaram a melhorar. Ele me deu roupas, um lugar quente para ficar, um emprego e muito mais que isso, uma nova amizade. A partir daquele dia, todas as vezes que eu descia para trabalhar e precisava fazer entregas, eu passava pela grande agência de modelo, a qual Noah era dono e eu nem ao menos sabia. Fiquei sabendo do emprego por pura coincidência. O recepcionista mal-humorado pediu uma entrega e enquanto eu lhe dava os trocados ele resmungava algo sobre a empresa ter perdido uma secretária para uma agência melhor e que tudo estava se tornando o caos. Mais uma vez tive a prova de que a Lei do Retorno existe. Assim como sempre fui boa com meus pais e eles me abandonaram, agora a vida estava me recompensando por tudo de ruim que passei sem necessidade. E eu era imensa e inteiramente grata por isso.

Conforme meus olhos pesavam mais e mais, meu corpo relaxava e eu respirava com mais leveza e calma, sentia o sono me domar aos poucos. Foi então que até mesmo meus pensamentos começaram a ficar enrolados e eu, eu apaguei. Definitivamente.

Pela manhã, o despertador toca e eu o desligo, pulando para fora da cama. No visor, aponta duas chamadas perdidas de Noah. Meu coração dispara. Alguma coisa havia acontecido.

Visto a roupa de trabalho e desço as pressas para o seu apartamento, tocando a campainha muitas vezes.

— Noah! Noah! — começo a elevar a voz. — Abre essa porta!

A porta abre lentamente e Noah aparece com a frigideira na mão, cara de sono e cabelo desgrenhado. Seu olhar percorre sobre mim de cima a baixo.

— Eu queimei nossas panquecas... — diz, em tom baixo.

— O que?

— Estava fazendo nossas panquecas, quando liguei para te acordar e então quando virei, estavam queimando.

Solto uma risada baixa.

— Não tem que me alimentar.

— Não estou te alimentando. — Noah faz uma careta convencida. — Estou apenas tentando ser legal, mas não se acostume. Sou bem egoísta.

Gargalho.

— Que mentira, você não faz mal nem para uma mosca!

— Ei! — ele cerra os olhos.

Reviro os olhos.

— Você está atrasado. Então sugiro que se arrume e o café fique para o restaurante da empresa.

— Tecnicamente, nós estamos, por que agora que você mora aqui vai pegar carona comigo. — diz ele.

Ponho as mãos na cintura e franzo o cenho.

— Quem disse?

— Eu disse.

— Há, essa é boa!

Ele faz um gesto desleixado com a mão e vira as costas. A última coisa que o ouço dizer antes de sumir pelo corredor é:

— Eu vou cuidar de você agora, Belle.

Minha bochecha queima e eu caminho em direção ao elevador no fim do corredor, aperto o seu botão e ele se acende na cor verde. Observo o seu pequeno visor alertando os andares cada vez que o elevador sobe mais, até que Noah finalmente está parado ao meu lado e eu congelo.

— Você está pálida. — Noah sussurra. — Isso é fome?

Nego.

— Não vou à praia desde que tinha 15 anos...

Noah arregala os olhos.

— Onde você esteve durante todos esses anos?

Ah, nada demais, só em um puteiro fedorento.

— Em um lugar... — sussurro, então no elevador. — Onde não havia dias bonitos, nem sol, nem praia.

— Credo.

— Eu sei. — digo, por fim.

Durante todo o percurso que fizemos para chegar até a empresa, não conversamos sobre nada. Nada. Fiquei mexendo em meu computador, adiantando alguns e-mails sobre a decoração do desfile, os convites e checando se a empresa de roupa havia dado confirmação da data de entrega das roupas para provas.

Ao passo que Noah estava em seu telefone, discutindo com algum amigo sobre não sair para nenhum pub até que o desfile passasse, pois ele precisava de total concentração para resolver aqueles assuntos. Pelo rumo da conversa, seu amigo não estava gostando muito da sua resposta.

— Olha, vá se...

— Cuidado! — grito, jogando o volante para o outro lado e impedindo que Noah batesse numa moto que avançou o sinal, vindo do nada da sua esquerda.

— Tenho que ir.

Ele desliga, e entra na garagem da empresa. Assim que para o carro, ele tira o cinto e me encara por longos minutos.

— O que foi? — digo ofegante.

— Estou vendo se está bem. Sinto muito, não devia discutir pelo telefone enquanto dirijo.

— É, tem razão. — digo, saindo do carro.

— Está brava?

— Estou com fome.

Viro as costas e caminho às pressas pela escada, fazendo o caminho do restaurante. Noah não me segue e presumo que ele havia ido para seu escritório. É quando me lembro de que dentro da empresa sou apenas sua secretária e mesmo estando irritada com seu descuido, eu deveria cuidar de Noah e ajuda-lo com suas obrigações.

Quando termino de comer, peço donuts de morango e chocolate e suco natural de laranja para ele. Espero o elevador e uma vez que estou dentro dele, espero que chegue até o meu local de trabalho. O 20º andar.


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Olá! 

Promessa é dívida, viu só? O capítulo passou de 10 views e tiveram comentários também, então disponibilizei o capítulo 6 para vocês. Agora é com vocês meninas: Favoritem, Comentem, Compartilhem e tudo que puderem fazer! A história está crescendo muito rápido e eu estou amando isso, sério! MUITO OBRIGADA!

Querem me encontrar, saber o que eu faço e etc? Meu twitter é esse aqui: snoowflake_ . Se quiserem insta ou snap (apesar de eu não postar muito lá) é só pedir no comentário e deixarem avisado qual o snap de vocês pra eu saber e poder adicionar né? hsuashuahsuas.

Enfim, beijão meninas, volto com mais quando esse cap passar de 10 views. 


Belle.Onde histórias criam vida. Descubra agora