O olhar de Noah ao revelar meu verdadeiro nome foi confuso, como se isso tivesse gerado diversas perguntas em sua cabeça, perguntas estas que talvez eu não pudesse responder pelo simples fato de que eu gostaria que tudo que ocorreu no passado, ficasse no passado e ponto final.
O elevador descia para o andar onde as modelos se preparavam e conforme se aproximava do mesmo, era possível ouvir as músicas, os gritos de Jean Pablo, o diretor que estava preparando as meninas. Pelo que Noah contou, ele era bem formal, mas gostava de preparar as meninas cada ano diferenciado do outro, o que era bom, pois era bom ver coisas novas. E esse ano seria diferente, com toda certeza.
— Parem a música! — ouço, quando a porta do elevador se abre.
— Boa tarde, Sr. Pablo. — digo. — Noah... Quero dizer, Sr. Wood me pediu para passar aqui e ver como andam as coisas. Tudo está seguindo de acordo?
— As modelos estão nervosas e errando algumas coisas, mas tudo está indo de acordo. Tomei a liberdade de fazer um relatório sobre cada dia, estava esperando apenas alguém responsável vir a esse andar para eu entregar. — fala, em um tom um pouco... Afeminado.
Sorrio.
— Então eu gostaria de passa-los para Sr. Wood, para que ele possa ficar informado. — falo, procurando os relatórios.
Uma secretária abre a gaveta de um pequeno balcão e me entrega os relatórios, ao passo que Jean solta a música no rádio novamente e as modelos formam uma fila atrás de um grande painel branco, simulando suas entradas no palco. Jean grita palavras de incentivo como "Isso meninas, andem como deusas!", "Sintam-se donas do mundo!", "Andem como se o mundo dependesse do seu andar poderoso. E sorriam! O mundo depende do sorriso de vocês!". Ele olha para mim, lançando uma piscadela e contendo um riso de sair por entre meus lábios, olho um pouco mais para a secretária que me entregou os relatórios.
Era a secretária temporária de Noah.
— Não sabia que trabalhava mesmo aqui. — falo.
Ela assente, sorrindo.
— Então se lembra de mim?
— Claro! — sorrio. — Você é a secretária que Noah contratou como substituta.
O sorriso da moça se desmanchou, mas ao ver meu olhar completamente confuso, ela sorriu fraco e se virou para anotar num papel seu número, me entregando.
— Aqui está meu número, caso queira tirar dúvidas sobre esse tal relatório que o Sr. Pablo fez. — diz.
Agradeço com um leve aceno com a cabeça, totalmente calculado. Entro mais uma vez no elevador e encaro o papel rasgado com linhas de caderno. No papel, o seu nome e seu número. Ivy Clark.
Fecho os olhos e relaxo. Apesar de passar as noites tranquilas e descansar bastante, o trabalho tem ficado cada vez mais pesado. Agora mesmo, estava na base da cafeína, pois precisava me manter acordada para que eu pudesse terminar o trabalho e ler os relatórios do Jean, pois Noah não tinha tempo para isso. Precisava resolver coisas sobre o local do desfile, que estava uma tremenda bagunça.
Penso nos olhos de Noah e meu coração palpita. Negros como um céu noturno sem estrelas. Seu sorriso que lhe caia tão bem com a barba áspera que começava a crescer. Toco meu rosto. Toda vez que ele se inclina para beijar minha bochecha, como cumprimento, ela roça em minha bochecha e eu a sinto queimar. Talvez não fosse má ideia começar a sair com ele, tirando o fato de que ele era meu chefe, e não podíamos misturar as coisas dentro da empresa.
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Belle.
RomanceAbandonada por seus pais aos 15 anos, Echo foi raptada por capangas que procuravam novas atrações para o prostíbulo de Kirk, um perigoso homem com quem ninguém ousava se meter. Violentada e usada de todas as formas possíveis, desde empregada até esc...