O fogo estava engolindo o local, Echo estava em um canto aonde o fogo não chegara. Até agora. Seu coração pulsava forte e gritava em silêncio esperando que alguém voltasse para pegá-la. Depois de cinco minutos ali, observando o caos e ouvindo gritos desesperados vindo dos outros cômodos e de repente, as chamas se tornam para ela uma nova chance de vida. Uma rota de fuga.
Ela chuta a janela com força e nada acontece, além de ferir pouco o seu pé. Ela olha para um grande pedaço de madeira ao seu lado e o pega com tamanha dificuldade, já que não havia alimentação direita naquele local imundo. Estava sem forças, mas queria viver. Echo usa suas pequenas mãos, sua pequena força e quebra a janela com aquele pedaço de madeira. Joga o mesmo para trás e salta pela janela, caindo dentro de uma piscina que o prostibulo dispunha para quem quisesse serviços sexuais mais caros e especiais. Ela se lembra da vez em que foi forçada a entrar naquela piscina e passar horas com um homem de 40 anos. A menina controla suas memórias e a cara de nojo e assim que seu corpo vai para superfície, ela sai da piscina e começa a correr pelas ruas, de braços cruzados e lábios tremendo de frio.
Echo se surpreende ao notar que ninguém veio atrás dela, pois Kirk era rigoroso com as regras de segurança para evitar que qualquer garota, não importa a situação, conseguisse fugir do horrendo lugar. Ela se lembra da primeira vez em que colocara os seus pequenos e macios pés, agora machucados e cansados, ali. O cheiro de suor, as mãos pervertidas a tocando sem permissão, o caos, as dançarinas novas dançando com olhar de desgosto, de socorro. Mas ela nada poderia fazer por elas, então olhava para o chão e chorava o quanto podia. Ela sabia o que iria acontecer com ela. A partir daquele dia, ela não vira mais a cor do céu, nem as estrelas e tão pouco os raios de sol. A partir daquele dia ela passou a viver como um animal preso na jaula destinado a fazer os mais sujos trabalhos, para homens ou para o próprio prostíbulo.
Mas aquilo acabaria hoje. Ou melhor, acabou. Assim que ela pulou para fora de sua jaula.
Depois de correr três ou quatro quarteirões, parando em becos e ruas desertas para descansar, ela entrou em um bar um tanto quanto vazio e foi em direção ao banheiro. Usava um short e uma blusa decotada, as roupas não estavam secas, mas também não estavam mais encharcadas. Ela ajeita o cabelo, tira a maquiagem pesada e calça o sapato preto de salto que era obrigada a usar, ao passo que rezava para que conseguisse chegar a tempo de pegar a última barca com o dinheiro que o último cliente lhe dera. 30 dólares. Echo só sabia das barcas e seu local, pois foi onde seus pais a abandonaram aos 15 anos, para morrer ou viver por pura sorte. Acredite, ela preferia ter morrido.
— Quem tá ai? Sai logo dessa merda de banheiro, tô apertado!
Echo abre a porta e corre para fora do bar.
Andando com pressa, mas agora sem correr por causa do sapato, ela anda mais duas ou três ruas e finalmente vê o que para ela significava as grandes comportas do céu.
— A última barca sai em cinco minutos. — diz o homem dentro da bilheteria.
— Obrigada. — ela diz.
Não se lembrava da passagem de barca ser tão barata. Sobraram-lhe vinte e cinco dólares para comprar algo para comer e beber. Ela estava faminta e sedenta também. Por isso, faz o caminho da lanchonete e compra um hambúrguer que vem acompanhado de batatas e um refrigerante. Todo o dinheiro se foi, mas para sua alegria, ela não sentiria mais a barriga ronronar de fome e nem a garganta rasgando a procura de água.
Ela ouve o barulho da barca e corre para embarcar. Ao olhar para trás, vê dois capangas de Kirk andando pelo cais, provavelmente a procura da mesma e talvez até de outra garota que conseguiu fugir de lá. Desesperada, ela se abaixa e se camufla no meio da multidão, entrando na barca e seguindo para frente da mesma, onde procura um lugar escondido e seguro para sentar.
— Cuidado! —um homem segura seu pulso.
Ela grita, se virando para o mesmo.
— Desculpe, não queria te assustar, mas você estava prestes a tropeçar e perder seu lanche, que parece suculento, aliás.
Ela fica vermelha, por ter pensado que aquele homem tão bem vestido e bonito era um dos capangas fedorentos de Kirk. Echo senta na cadeira ao lado do homem e lhe oferece o hambúrguer. Surpresa, o homem aceita com um sorriso divertido e pega algumas batatas.
— Obrigado, não como tem algumas horas.
— Não como faz três dias. — ela sussurra.
— O que disse?
Ela balança a cabeça, bicando o copo de refrigerante.
— Como chamam você?
— Belle... — ela sussurra, tentando não se lembrar de onde surgiu este apelido francês.
— Faz sentindo. — dá de ombros, só depois que olha a expressão da menina que se sente envergonhado por tê-la cantado quando ela estava com expressão tão assustada. — Desculpe.
— Certo... E você?
Ele a olha, confuso.
— O que?
— Seu nome, idiota. — ela dispara, com um sorrisinho de desculpas. — Saiu sem querer.
Ele sorri.
— Noah.
~~~*** ~~~
OBS: Favoritem e comentem o que acharam desse capítulo!
Sei que está pequeno, mas no próximo terá mais coisas. Flashback, explicações e muito mais!
Senti falta de escrever aqui para vocês,
Um beijo e espero que tenham gostado!
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Belle.
RomantizmAbandonada por seus pais aos 15 anos, Echo foi raptada por capangas que procuravam novas atrações para o prostíbulo de Kirk, um perigoso homem com quem ninguém ousava se meter. Violentada e usada de todas as formas possíveis, desde empregada até esc...