Echo

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Seguimos para a empresa. Em silêncio.

No rádio tocava músicas eletrônicas num tom baixo e eu cantarolava baixinho também. Assim que o carro parou, Noah apoiou o braço no volante e me encarou.

— Estava falando com minha mãe.

— Então por que...

— Porque não queria que ouvisse a conversa sem antes ter certeza de que dirá sim. — ele me interrompe.

— Do que está falando? — cerro os olhos.

— Estava contando a ela que tinha uma pessoa. Uma pessoa especial e que eu queria leva-la para passar a Ceia de Natal conosco, no sábado.

Sinto meu coração palpitar forte.

Por um momento sinto minha pele queimar de vergonha. Como pude suspeitar de Noah? Ele sempre se mostrou tão diferente dos outros e uma vez que o perdoei de coração pelo seu pequeno desfalque eu não poderia simplesmente voltar a desconfiar sem ao menos ter provas.

— Olhe. — ele põe o celular em minha frente, mostrando as ligações anteriores.

"Mãe", dizia na tela. Batia com o horário.

Era verdade.

Suspiro.

— Ficarei honrada em conhecer sua família. — digo, por fim.

...

Uma semana depois.

A semana tinha sido corrida, mas finalmente era sábado e finalmente, Natal. Desde o domingo que Noah me contou sobre eu ir a sua casa, eu venho treinando na frente da penteadeira como devo me comportar. Aquilo nunca acontecera comigo. Estava tão nervosa e rezando para que gostassem de mim.

Estou saindo da empresa na moto de Ivy. Bem, ela estava pilotando, na verdade. Ela iria também. Pois o irmão de Noah, Joshua, tinha uma queda por ela. E ela por ele.

— Ele é uma gracinha! — diz alto.

— Espere chegar a casa e me contará tudo! — respondo, alto também, para ela ouvir.

E assim ela fez.

Assim que paramos na escada Ivy começou a me contar tudo sobre a família de Noah, pois já fazia um mês ou quase dois que Joshua e ela estavam em um tipo de amizade colorida. Ou em um tipo de relação, mas que eles negavam até o fim, por medo. Nunca tiveram um relacionamento tão sério. Nunca se apaixonaram tão intensamente.

— A mãe dele é um amor. — ela diz, assim que sai do banheiro, dando passagem para eu entrar. — Se chama Nora.

— Nora Woods... — sussurro.

— Sim!

Tomo uma ducha enquanto Ivy se arruma no espelho. Por ser uma modelo e ser maquiada todos os dias, ela parecia ser uma maquiadora experiente. Sabia vários truques de correção. E, uau! Ela estava muito gata.

— E aí? — ela se vira.

— Se eu fosse um homem, roubaria você do Joshua. — brinco. Ela dá uma risada.

Ivy era a única pessoa do meu passado adolescente que me deixava feliz. Dou um pequeno sorriso e me seco, olhando o vestido preto que Ivy colocou em cima da pia para mim. Tinha mangas transparentes com detalhes de flores negras como o vestido e ele era só uma palma acima do joelho. Colado ao corpo e com um decote nas costas. Era lindo. E estava mesmo esperando uma boa ocasião para usá-lo.

— Senta aqui. — ela diz perto da penteadeira. — Vou secar e arrumar seu cabelo.

— Certo. — respiro fundo. — Pega leve!

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