3. Effy Stonem

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Effy já tinha visto Jake na rodinha de amigos do irmão, mas nunca falara com ele de fato, na verdade nunca falara com nenhum dos amigos de Tony direito. Ele tinha cabelo tigela bagunçado e repicado, os olhos eram verdes e a expressão era séria e rígida, parecia um psicopata, porém um bonito psicopata. Não que tenha se interessado, longe disso, pois depois que Freddie morreu, nada foi o mesmo; ela se afastou dos garotos e se isolou no quarto, o que não era tipico de Effy Stonem.

Nas ferias que se passou, ficava em casa e não comia, não queria ir em festas, nem sair com os amigos. Ficava parada, imóvel na cama, como uma estatua, por horas e dias, não queria sair do quarto e tão pouco falar com alguém, a morte de Freddie a afetou mais do que podia suportar. Mesmo que naquela época, Effy tenha ficado "anormal", ela o amava de uma forma que nunca amou ninguém e quando soube da notícia, ficou mais depressiva do que era antes de começar o tratamento.

Antes de tudo acontecer, a mãe de Effy havia a internado em uma clinica de reabilitação para ajudar a manter sua sanidade mental, que aos poucos ia se esvaindo. John, seu psicólogo, ajudou no tratamento e aos poucos os dois viraram amigos; ele a ajudava a esquecer as coisas ruins que havia acontecido em sua vida e até as coisas que não podiam ser esquecidas. Effy não reconhecia os próprios amigos e ficava mais louca do que estava antes de ser internada, o que fez Freddie desconfiar do que estava acontecendo com a namorada e ir procurar o tal psicólogo.

Cook contou que John matara Freddie com um taco de basebol, pois estava apaixonado por Effy e não queria que o namorado intervisse na "relação" entre o ele e sua paciente, relação que só existia em sua cabeça. Cook, que era o melhor amigo de Freddie desde a infância, havia visto o psicólogo espionando a festa que ele e seus amigos estavam fazendo para homenagear o aniversário do amigo e resolveu segui-lo, porque assim como Freddie, também estava desconfiando de algo, mas no caso dele era o sumiço repentino do amigo. Quando Cook descobriu as roupas sujas de sangue de Freddie guardadas em plásticos em uma das gavetas do escritória de John, entendera tudo.

Pôde ouvir os passos do psicólogo se aproximando e depois de certificar-se que John realmente matara Freddie a sangue frio, não hesitou em fazer o mesmo. Cook matou o psicólogo de tanto batê-lo, mas merecia depois que matara seu melhor amigo. Isso fora doentio, o mais sádico e doentio possível, o que Cook fez foi bem feito.

Quando Effy ouviu a verdade, fora como se houvesse levado um tiro no peito, não sentira algo tão intenso e tão dolorido, a dor era tão real, que não se surpreenderia se houvesse sangue pela sua roupa. Tudo desmoronou mais uma vez, agora com mais força e intensidade, foi como se o peso do mundo desabasse em suas costas e nem por dois segundos ela conseguiu suportar.

Effy e Tony quase nunca se falavam, o irmão estava ocupado demais comendo garotas do que se preocupando com a irmã, mas houve uma noite em que Tony bateu em sua porta e entrou. Ele a abraçou de um modo que nunca se abraçaram e sussurrou em seu ouvido que tudo ficaria bem e estava lá com ela, para ampará-la. Pediu desculpas pelo modo que a tratava e por não dar apoio nem atenção nos dias em que Effy quase quase morria de depressão, falou que dali em diante, nunca a deixaria sozinha.

Depois disso, ele passou a dormir no quarto de Effy, todas as noites levava seu travesseiro e cobertor, passando horas da madrugada conversando sobre coisas aleatórias. Tony fazia o que podia para distrair a irmã e queria fazê-la sorrir o máximo possível, nunca havia visto Effy daquele jeito, imóvel, distante, mas depois que começou a interagir mais, ela acabou se soltando aos poucos, sorrindo aos poucos e se esquecendo aos poucos.

As férias com Tony realmente foram boas para ela, é claro que se lembrava de Freddie, mas ao tempo que recordava, já tentava esquecer e viver sua vida. Depois de tanto Tony insistir, Effy resolveu ir a uma festa com ele, na casa de uma garota desconhecida, onde tiveram que se infiltrar pela janela do banheiro. Ela viu Jake lá, mas ele não a viu e Effy não faria o esforço de puxar assunto e nem se presenciar, apenas se divertiu de todas as maneiras possíveis, voltando ser a Effy de sempre.

- Elizabeth? - A professora chamou a atenção da aluna, que estava em meio aos devaneios.

Sem perceber, já estava sentada em sua carteira, a carteira em que ela e Freddie sentaram lado a lado, com as mãos quase se tocando. Olhou ao redor, todos a encaravam, esperando por uma resposta. Não queria aquilo ali, tudo a fazia lembrar de Freddie.

Pegou seu livro e saiu da sala, sem mais nem menos.

Effy respirava fundo para não chorar, apertava os olhos, a fim de evitar que as lágrimas caíssem. Precisava encontrar Tony, precisava fumar e beber, precisava de Cook, Pandora e até Katie. Recuperava a postura nos corredores vazios, mostrando-se forte e determinada, mas não conseguia, queria encontrar o irmão mais que tudo, ele era seu novo psicologo, o único que poderia acalma-la daquele mundo frágil.

Ouviu burburinhos de pessoas conversando e quando espiou pelo corredor, pode ver Jake rindo - o que era raridade - com outra pessoa que não conseguia identificar. Pensou em pedir ajuda a ele, mas nem se conheciam e não queria chorar na sua frente nem pedir por sua ajuda, o único meio de ir para a ala da sala do irmão era por onde o Jake estava, teria de passar por ele.

Respirou fundo, mas em meio a voz de pessoas, pode ouvir a risada do irmão e uma onda de alivio a penetrou. Não importava quem estava com ele, se tinha garotas ou professores, precisava de Tony e agora. Caminhou confiante até onde o irmão estava e o puxou, mas Tony continuou no mesmo lugar.

- Effy, o que você quer? - Tony perguntava sorrindo, para disfarçar a confusão em seus olhos.

- Leve-me para casa. - Effy falava olhando para o chão, incapaz de encarar o irmão. - Eu não aguento isso.

Effy sabia que o primeiro dia de aula não seria fácil, mas não imaginava uma tortura daquelas, tudo a fazia lembrar Freddie, o armário onde se conheceram, o ginásio e até a porra da enfermaria, por algum motivo. Ela jurava por tudo que não queria se lembrar dele, do sofrimento que lhe causara, mas era impossível, Effy não se apegava a garotos, mas Freddie morrera e mesmo se não amasse ele, não esqueceria o fato que seu namorado morrera havia três meses.

- Eu não posso, Effy.

- Pode sim. Você só vai ficar comendo uma garota qualquer pela escola, não tem nada para fazer, então por favor, me leve para casa.

Tony suspirou, não queria levar a irmã, estava cansando de seus ataques imprevistos e sempre que o fazia, Tony queria trancar Effy em um quarto. Ele amava cuidar dela, mas quando estava bem e normal, não quando começava com o estado catatônico tipico da irmã desde o acontecimento com seu namorado.

- Quer que eu te leve? - Jake estava encostado na parede, com o olhar sério para Effy.

Effy não queria aceitar, mas queria ir para casa e sabia que Tony não a levaria. Não tinha outra opção a não ser aceitar o convite de Jake.

- Isso, Jake pode te levar, ele precisa pegar o violão lá em casa mesmo. - Tony bateu levemente nas costas de Jake e beijou Effy na bochecha, que não se moveu.

Tony caminhou até o fim do corredor e sumiu. Jake se desencostou na parede e pôs as mãos no bolso da jaqueta, seu olhar sempre sério, frio e distante. Mesmo que Jake tenha se convocado a leva-la, Effy podia perceber que ele não estava com a minima vontade de acompanha-la, o que mostrava que os dois concordavam em alguma coisa.

- Vamos?

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Só quem assistiu Skins vai conseguir decorar todos os personagens, ainda mais porque misturei as gerações. Espero que gostem dessa louca mistura. Huahuah




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