2. Jake Bugg

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Jake se jogou na cama e esperou até uma parte da tontura passar. Fazia tempo que não ficava chapado como a noite anterior, deveria ter pegado cinco garotas ou mais e bebido mais que a vida inteira. A festa fora na casa de uma garota que eles nem conheciam, Jake e seus amigos entraram pela janela do banheiro e ficaram por lá, a dona da festa nem percebeu a presença de penetras na residencia, o que tornava tudo melhor e divertido.

Jake se levantou cambaleante e caminhou até o banheiro, tirou a roupa e entro de baixo da água gelada do chuveiro. Apoiou as mãos no azulejo e sem aviso prévio, jogou para fora tudo de mal que ingerira noite passada, o gosto era amargo e a sensação horrível, limpou a boca e empurrou o vômito com o chuveirinho até o ralo, depois continuou o banho como se nada houvesse acontecido.

Secou-se e pôs um conjunto preto, na verdade, só havia roupas pretas em seu armário. Tentou escovar os dentes sem se desequilibrar, mas acabou tomando para o lado.

Calçou os sapatos e desceu as escadas. Os pais riam e se abraçavam na sala, os dois estavam bêbados como de costume, Jake passou reto pelos dois, caminhando até a cozinha e preparando seu cereal, podia ouvir que o tom da conversa havia mudado e agora os pais estavam gritando um com o outro. Sua mãe bateu no rosto de seu pai e ele foi para cima dela, Jake correu até onde os dois estavam e interveio entre os dois, empurrando o pai na parede. O pai empurrou Jake para o lado e riu, depois os pais voltaram a rir e conversar e o filho sabia que seria por pouco tempo.

Jake já estava cansado da situação que seus pais se encontravam praticamente todo dia e mesmo sendo loucura, queria pais que brigassem com ele por ir a festas e voltar de manhã, beber e fumar, que se importassem com que o filho fazia e deixasse de fazer, mas o que ganhou foram pais bêbados e que nem lembravam da existência do filho.

Ele pegou uma maça, a case com seu violão e saiu de casa, sem se despedir dois pais. Caminhou alguns quarteirões até a casa de Tony, onde não era muito longe, eles e Sid, outro amigo se encontrariam para irem juntos ao colégio, mas não era sempre que o faziam, acendeu um cigarro enquanto caminhava e sabia que o cheiro impregnaria ainda mais em sua roupa. Chegando lá, bateu na porta e surpreendeu-se - na verdade, nada o surpreendia - ao ouvir gemidos vindo do andar de cima, era tudo o que precisava, o amigo transando em plena manhã de segunda-feira e ainda por cima, os barulhos eram tão altos que Bristol inteira poderia ouvi-los. Abriu o celular e ligou para Tony, pode ouvir os gemidos pararem e uma voz surgiu do outro lado da linha:

- Hey, Jake. - A voz de Tony era para soar calma e tranquila, mas o que saiu foi como se ele tivesse corrido uma maratona.

- Você pode parar de comer a Michelle e abrir a porta? - Falou metade irritado, metade brincando.

- Foi mau cara, sabe como é com a Tetas.

- Só tenha a decência de destrancar a porta para eu entrar. - Jake desligou e esperou Tony faze-lo.

Ouviu passos pela escada e a porta sendo destrancada, Tony estava apenas de cueca boxer e um sorriso safano no rosto. Jake riu e o empurrou de leve, deixou a case com violão em um canto e em seguida jogando-se no sofá, a casa estava toda bagunçada e havia roupas tingidas de rosa no pendurador de panelas, nunca sabia o que podia encontrar na casa de Tony.

- Posso acender um? - Jake não sabia se a mãe do amigo se importava ou não, como a sua.

- Claro, minha mãe deve estar dormindo por aí. Ela não liga mais para nada. - O amigo respondeu e subiu as escadas novamente.

Depois de terminar o cigarro, Jake ficou parado, sem saber o que fazer. As vezes cantava alguma musica aleatória ou assoviava, mas depois de um tempo se pegou olhando para o teto, pensando em quanto a sua vida era um lixo.

Ouviu batidas na porta e levantou-se quase arrastando para abri-la. Sid estava parado, em seu estilo brega usual, sempre de toca e seus óculos. Os dois se cumprimentaram e se jogaram no sofá, conversando sobre os ocorridos da noite anterior enquanto fumavam a erva que Sid trouxera, ele contou que a festa era de uma garota rica e que quase todos que estavam lá eram penetras, o que fez tudo ficar mais engraçado e divertido.


Depois de um tempo, Tony desceu as escadas e os quatro foram para o colégio caminhando, já que nenhum do grupo de amigos tinha um carro. Contaram sobre a garota rica da festa e Michelle riu sem parar, pois foram praticamente eles que começaram tudo.

- Effy se esqueceu de me dar os comprimidos para hoje à noite e eu provavelmente não vou encontra-la no meio de tanta gente. - Tony falava para ninguém em especial. - Se algum de vocês a virem por lá, peçam para ela e falem que o irmão dela pediu.

- Vai ter mais uma festa hoje à noite? - Sid perguntava de modo desleixado, como sempre.

- Claro que sim, na casa da Michelle. A mãe dela foi viajar para não sei aonde e vamos aproveitar a casa com algo útil. - Tony falava seguro e convicto.

A escola podia ser vista ao longe e enquanto desciam a rua. Com certeza todos ainda estavam fedendo algo, mesmo todos tendo tomado banho, menos Sid, ele "não teve tempo". Então o cheiro que emanava entre eles não tenha sido por causa da bebida forte, mas sim de Sid.

- Como ela é? - Jake perguntou e Tony o encarou confuso. - Sua irmã.

- Effy? Ela é exatamente como eu, porém é uma garota. Só isso que precisa saber. - Tony respondeu.

- Ela está de short e meia calça, e talvez esteja andando com uma garota loira e fumando um cigarro. Não é difícil acha-la. - Michelle explicou.

Jake assentiu. Não queria conhecê-la ou algo do tipo, estava mais interessado nos comprimidos que Tony falou, ele precisava das pílulas para a festa na casa de Michelle e ficar mais chapado que a noite anterior, era praticamente uma regra, na cabeça dele.

Michelle, Tony e Sid foram se encontrar com Jal, Cassie, Chris, Anwar e Maxxie, enquanto Jake foi no seu armário para pegar o maço de seu cigarro reserva e a bebida colocada em garrafa de água, para dispersar.

Ouviu gritos pelo corredor e enquanto arrumava sua mochila, pode ver uma garota loira com os cabelos presos um de cada lado, além de uma mochila rosa estranha, dançar pelo corredor enquanto falava algo para alguém que não conseguia ouvir, mas enquanto a garota loira andava a figura de uma garota apareceu entre os alunos, uma garota bonita e sem duvida era Effy, a irmã que Tony falara. Ela se sentou sem algum animo para ouvir a amiga enquanto a possível Pandora, de quem Michelle falou, não parava de falar.

Jake não sabia se era mesmo a irmã de Tony, mas pelo modo que agia e além do mais, estava de short e meia calça, sem duvida era Effy. Suspirou fundo e sem a minima vontade de pedir, caminhou até a garota com expressão debochada e falou, enterrando as mãos nos bolsos:

- Você é a irmã do Tony? - Jake perguntou, calmo e com olhar quase mal.

A garota levantou o olhar para Jake, que estava em pé a sua frente, e lançou um sorriso debochado e malicioso, parecia um jogo para ver quem era o mais irritante. Levantou-se, a trinta centímetros de distancia de Jake o analisou dos pés a cabeça.

- Effy Stonem. - Apresentou-se - O que você quer?

- Tony quer os comprimidos para hoje a noite, falou que os esqueceu com você. - A expressão dos dois era a mesma: indiferente, calma e debochada. A unica diferença era que Effy estava sorrindo.

Effy tirou do bolso um saco transparente, contendo o necessário de pilulas para alguém morrer de overdose. Pegou a mão de Jake que estava no próprio bolso, abriu-a e colocou o saco plástico em sua mão, fechando-a em seguida.

- Diga a Tony que eu e mais uns convidados vamos estar lá. - Lançou um ultimo sorriso debochado e saiu caminhando por entre a multidão.

Jake ficou parado por um tempo, observando-a se misturar com as outras pessoas. Sinceramente, aquela garota não era comum.


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