17. Effy Stonem

249 16 3
                                    

Effy voltou correndo para o quarto depois da saída de Jake e vestiu-se rapidamente. Chorava de ira e tristeza, justo agora que considerava nascer um resquício de felicidade dentro de si.

Tony logo a seguiu, como instinto de irmão, tentando consola-la. Ele que fez isso e não tinha o direito de falar com ela. Não fez aquilo por seu bem, não mesmo.

No momento que Tony pisou para dentro do quarto, foi atingido por um pote de plástico contendo brincos. Effy pegava coisas aleatórias e atirava no irmão para aliviar sua raiva. Seu rosto estava vermelho e sua expressão a mais sombria possível.

- Effy! Pare com isso! - Tony cobria o rosto com os braços enquanto a irmã continuava atirando coisas.

- Cale a porra da boca seu filho da puta! - Effy cuspia as palavras, retirando um pequeno quadro da parede e começando a bater em Tony com o objeto.

Porém o garoto conseguiu capturar os braços ágeis da irmã ao tempo que a mesma se debatia em seus braços, gritando palavras desconhecidas.

- Effy, Jake fez o certo, eu fiz o certo!

Effy soluçava pelo irmão não soltá-la. Jake não podia deixá-la, estava tão feliz até que seu irmão estragou tudo. Que merda, estava indo tão bem e não psicótica como o irmão supunha.

- Eu estava bem! Eu não sou louca! - Effy puxava e empurrava Tony, na tentativa de ele soltá-la, porém não aconteceu.

- Mas iria ficar em breve! Iria ser a mesma coisa, um tempo bem e felizes, mas depois loucura e escuridão - Tony falava baixo, tentando acalmar a irmã, porém foi em vão.

- Com Jake é diferente! Você não tem que se meter na minha vida, ninguém tem!

- Tenho sim! Eu me preocupo com você, porra! Eu sou a merda do seu irmão e é meu dever te proteger! - Tony agora gritava, Effy voltando a se debater em seus braços, com o rosto molhado, descabelada e olhos vermelhos, mas ele a puxara para um abraço um tanto forçado. - Você sabe que agi certo, mas não aceita estar errada mesmo quando de fato está!

Effy o encarou, reunindo a maior força que podia e por fim conseguindo se separar do irmão. Não queria abraço, não queria companhia, não queria a presença de ninguém.

- Sai daqui! Sai daqui! Sai daqui seu filho da puta! Vai comer sua namorada, vai! Faça algo certo e me deixa em paz!

Effy empurrava e estapeava Tony enquanto o mesmo era levado a saída do quarto. Assim que deu o ultimo empurrão, fechou e trancou a porta, interrompendo a entrada de todos.

Deslizou pela porta até o chão, demonstrando sua tristeza e indignação através das lágrimas. Aparentava um bebê, chorando alto e sem parar; deitou no chão junto aos objetos de multiplos tamanhos lançados antes no irmão e ali ficou por um tempo.

Não sabia de mais nada. Lá no fundo de sua alma acreditava que em algum momento com Jake, seu estado anormal surgiria e seria incontrolável, fazendo o mesmo ciclo voltar a acontecer. Mesmo assim, havia uma pitada de esperança que com Jake seria diferente, talvez sua loucura voltasse, mas de algum modo poderia ser diferente.

Com a pouca energia que lhe restava, levantou-se e encarou o mural de sua parede. Ela não precisava de gravuras para permanecer sã, só precisava acreditar que não era louca e nunca seria.

Aquele mural não foi o suficiente para deixá-la segura ou confiante, nada funcionava. Ela era um caos, sua vida era um caos e não havia nada que a estabilizasse, aquele mural era apenas mais uma mentira que adquirira para pensar que estava bem.

Começou a rasgar as fotos como se não houvesse amanhã, as gravuras caindo amassadas no chão já bagunçado até não sobrar nenhuma. Não precisava mais delas já que não foram úteis quando mais precisou.

TWO FINGERSOnde histórias criam vida. Descubra agora