19. Jake Bugg

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Abriu os olhos e virou-se rapidamente para vomitar, o gosto amargo e azedo passando por sua garganta era horrível e o odor alcoólico denunciava o motivo do mal estar. Deparou-se onde estava: deitado no gramado de um playground em uma praça. Como havia chegado lá? Não fazia a minima ideia, mas sabia que se recordaria aos poucos, era como as coisas funcionavam com ele.

Do seu lado estava Cook com uma garrafa de whisky na mão, dormindo tranquilamente em posição fetal. Era a ultima pessoa que Jake julgava encontrar-se acordando ao lado. Não que ele não gostasse de Cook, mas seu modo imaturo e "radical" de ser não o agradava, mas tinha que confessar que seu charme com as mulheres era algo misterioso.

Levantou-se e limpou sua roupa, percebendo que não estava no playground de uma praça, mas sim do quintal de uma casa, quase uma mansão.

Cambaleando, atravessou o enorme gramado e entrou na casa, e viu que estava quase tudo em ordem graças a uma garota aleatória que limpava loucamente o tapete sujo de lama. Chris estava com os sapatos sujos da mesma coisa e assim já supôs o que havia acontecido.

Não sabia como havia chegado naquela festa e provavelmente não tinha sido Tony que o levara. Com certeza, não.

Subitamente, Effy saiu de um cômodo qualquer andava pela sala de estar, procurando suas botas. Quando o viu, não se surpreendeu e continuou a busca. Esperava que esbanjasse alguma reação, mas a garota simplesmente não se deu ao trabalho de mostrar emoções diante ao seu caso de uma semana.

- E aí, como vai a vida? - foi a pior forma de inciar uma conversa possível, ainda mais com ela.

- Não vai - disse achando sua bota e a calçando.

Jake não reagiu àquela resposta é apenas fingiu procurar algo também. Talvez a dignidade que lhe restava por tentar socializar com a garota que teve de deixar.

- Você está bem... Tipo de espírito? - Jake tentou mais uma vez, tentando faze-la ceder um pouco.

- E quando eu estive bem de espírito? A vida é uma merda - falou , indiferente.

- Ruim não é a vida, ruim é a vida que você leva - advertiu, Jake.

Com isso, Effy terminou de amarrar o cadarço e caminhou até a porta que dava acesso ao amplo gramado, mas antes parou e encarou Jake com aqueles olhos azuis ameaçadores.

- Ruim seria a vida se eu continuasse com você, obrigada por abrir meus olhos. Nunca fui tão estúpida.

E assim saiu de cena, deixando-o quase sem ar. Como ela podia dizer aquilo? Foi a coisa mais insensata que já ouvira dela e olha que já ouvira muito ao longo dos anos.

Ok, o que "viveram" não foi o maior dos romances, mas tinha sentimento nas poucas vezes que se beijaram ou até passaram a sós. Estava nítido sua tristeza, Effy não era o amor da sua vida, mas ela mexia com ele e sabia que também era vice-versa.

Ela era assim, e nunca e nem ninguém poderia mudá-la, porque nenhuma pessoa a conhecia e nem a conheceria totalmente. Nem as pessoas que a amavam. Acontece que por um breve momento achou que podia, fora um erro, assim como se meter com Effy Stonem.

Ela era orgulhosa, ele também. Não tentaria sr aproximar dela, como Tony havia dito era o melhor a fazer, já lhe causará muitos problemas pelo curto momento que passaram juntos. Acontece que Effy era uma excelente atriz e escondia tudo muito bem, com certeza Freddie não fora o único, mas sim o mais intenso.

Havia brigado com Tony, mas sabia que estava certo, que se de fato o sentimento que Effy teve por Jake fora verdadeiro, haveria uma grande chance de acabar em uma clínica novamente e nunca desejaria isso para ela.

Eles estavam bem de fato, ela estava, mas não arriscaria a saúde dela e sua consciência para viver um amor que talvez não durasse tanto. Por um instante acreditou nisso e fora a coisa mais tola que seu coração já havia feito. Achar que ficaria com Effy Stonem se nem sei grande amor não havia conseguido.

Nem ele mesmo se conhecia, não sabia quanto duraria sua paixão por ela, não conhecia seus limites já que nunca gostou realmente de ninguém e apesar de ter sido pouco o tempo que ficará com Effy, era como se algo se embaralhasse, queria desvenda-la discretamente e descobrir o que havia por baixo de seu olhar intimidador e poucas falas.

Bem, havia descoberto e tudo o que havia era mágoa e tristeza, coisa que não pode ser facilmente consertada por.um amor repentino, é como um choque térmico. Não foram seus amores, Tony ou seus pais, fora a sua vida que a tornara assim, o modo que fora criada e amada.

Jake a amava, mas não estava apaixonado como antes, ou talvez não queria admitir que a garota mexia com ele, mas queria protege-la contra o mal mesmo que contra sua vontade.

Depois de alguns segundos, correu até ela. Havia uma pitada de preocupação  sobre o modo da garota. Ao chegar, Effy não demonstrou nada ao ver Jake ao seu lado, ofegante.

- O que você quer agora? - Effy revirava os olhos, indiferente e sonolenta.

- Por que está assim comigo? - Jake queria saber apenas para não se sentir tão culpada pela situação da garota.

Effy parou e fitou Jake com sinceridade. A tristeza era visível em seu rosto e parecia estar cansada não só da festa mas sim de tudo que acontecia em sua vida. E o pior era que Jake não sabia de nada.

Foi ali que percebeu que o que tiveram não passou de uma paixonite e fora tudo imaturo, mas parecia que para Effy foi algo a mais. Não que não sentisse algo, ele a amava, mas parecia que ele sabia lidar com o inevitável enquanto Effy não esquecia e surtava com pequenas coisas.

Nao podia culpa-la, sempre se comportou daquela maneira agora não seria diferente. Ficava mal por sentir menos, porem talvez o caso não seria a possibilidade de sentir menos e sim de lidar mais facilmente com a derrota. Sim, estava magoado e de coração partido por não poder ficar com ela, mas não podia fazer nada a não ser pelo menos tentar ser amigo dela.

- Ah, é você, Jake - e sorriu mencolicamente.

- Você... Está indo pra casa? - sorriu de volta.

- Estou, mas não precisa me acompanhar. Estou bem sozinha, como sempre.

Jake suspirou e colocou as mãos no bolso., Sorriu com honestidade e inclinou a cabeça para o lado. Achava até engraçado o sua maneira marrenta, pois por trás da cara emburrada havia uma garota frágil e sentimental.

- Por favor, deixa eu te levar em casa. Custa zero reais - brincou, fazendo Effy se segurar para não sorrir.

Revirou os olhos e por fim disse antes de continuar a caminhada:

- Vamos, antes que eu.mude de ideia.

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Perdoa a demora é não desiste de mim ☯🕉💕💞

TWO FINGERSOnde histórias criam vida. Descubra agora