TWO FINGERS

13. Effy Stonem

Então ele realmente não lembrava e um sentimento estranho invadiu Effy, uma pequena parte dela queria que ele lembrasse, pois nunca sentira algo naquela intensidade, nem com Cook.

Repassou seu dia eu sua cabeça. Havia acordado com uma dor de cabeça insuportável e se perguntava como havia chegado em seu quarto, sentou-se lentamente e permaneceu encarando o mural de fotos na parede. Aquilo mostrava que ela não podia voltar ao que era antes, como havia ficado antes.

Tomou banho ao tempo que se apoiava nas paredes para não cair devido a tontura que sentia. Desceu as escadas já vestido com um traje preto qualquer e encontrou Tony sentado à mesa, comendo um sanduíche.

- Antes que me pergunte, fui eu que te trouxe ontem para casa. Você e Jake estavam dormindo em um canto do colégio, pareciam um casal - Tony mordeu sua comida. - O que aconteceu Effy? Vocês ficaram ou...

Lembranças invadiram a cabeça de Effy no mesmo instante, lembrou-se que os dois transaram em um canto ao lado de fora do colégio e como ela havia gostado. Um sentimento de culpa se alastrou. Não era para isso acontecer, ela podia ficar com qualquer garoto, menos Jake. Afinal ele era o melhor amigo de seu irmão e quando o via seu estômago fazia uma festa, ela não podia gostar de mais ninguém.

- Eu preciso ir a casa de Cassie, preciso de erva - Effy tentava não se desesperar, a última coisa que queria era o irmão sabendo o que havia acontecido de fato.

- Não vai me agradecer, não? Por ter te achado e trazido para casa em segurança? - Tony esperava de braços cruzados a irmã que já se encontrava a caminho da saída.

Effy rodou os calcanhares e andou até o irmão, abraçou-o fortemente e ele retribuiu. Realmente era invejável a relação dos dois, Tony se preocupava mais com a irmã do que consigo mesmo e vice-versa.

Não foi diferente quando Effy enlouqueceu, quando visitou a irmã pela primeira vez, fez milhões de perguntas e não a perdia de vista, mesmo ela estando em um quarto fechado. Ele levou biscoitos enfeitados em forma de árvores de natal que era uma das coisas que Effy mais gostava e ficava com raiva quando o horário de visitas era encerrado.

Tony a esperava todo dia em seu quarto e as vezes dormia aos pés da cama para certificar que a irmã estaria bem ou se ela se machucasse fisicamente, ele entrava em pânico.

- Por favor, não se aproxime de Jake, ele não é o cara para você - Tony balbuciava em meio aos cabelos rebeldes da irmã.

- Por que? - Effy não entendia, já que eles eram melhores amigos.

- Porque ele também é difícil de lidar.

Effy pensou naquela frase por um instante e depois depositou um beijo na bochecha do irmão, saindo de casa logo em seguida. Precisava ficar chapada para esquecer o que aconteceu entre ela e Jake, mesmo não querendo, pois era o certo.

Depois de um tempo que já estava na casa da amiga de seu irmão, alguém bateu na porta e pela voz só podia identificar que era Jake. Não teve outra alternativa a não ser pular a janela do banheiro e sair daquela da forma mais infantil do mundo, em vez de encarar os fatos.

Jake a viu e Effy não teve tempo de fugir. Quando falou que não se lembrava da noite anterior foi um alivio misturado com tristeza.

- Nós não transamos, Effy - Jake riu pelo nariz.

Effy pensou por um segundo. O modo como ele desferiu as palavras a machucaram, como se fosse improvável que ele a quisesse, o que ela queria que de certo modo acontecesse. Respirou fundo e deu um meio sorriso, mostrando que tudo estava bem, quando na verdade não estava.

- Ah, é verdade. Desculpe, quando estava esperando Tony fiquei bêbada e acabei transando com Cook - Foi a pior mentira de sua vida, mas resolveu deixar assim.

- E por que você achou que era eu? - Jake se mantinha indiferente e curioso.

Effy não sabia o que responder, afinal o que poderia fazer? Implorar para Jake se lembrar? Aff sai dessa, seu orgulho era muito grande para que isso acontecesse. Então apenas resolveu fingir que não foi atingida pela fala de Jake.

- Eu não sei, talvez estivesse pensando em você no momento - Foi extremamente errado o que Effy falou, mas do mesmo modo lhe deu as costas e desfilou pela rua como se fosse a melhor cortada do mundo, o que não era verdade.

O que havia dito só a acusava mais ainda que estava começando a sentir algo por Jake e isso não era bom, era péssimo! Effy não podia voltar ao que era antes e sabia que não conseguiria controlar um relacionamento normal, ela não era normal.

De certa forma sempre desacreditara no amor e quando viu que o sentimento era real com Freddie, sua consciência não aguentou. Não podia perder o rumo da situação, não podia mais pensar em Jake.

Nem sabia ao certo o que gostou nele. Se foi seu estilo ou sua personalidade intimidadora, com um grande aviso de "se afaste de mim imediatamente". Seu cabelo dava impressão que havia reencarnado de uma banda de rock antiga ou já havia sido amigo de Bob Dylan no quesito voz. a verdade era que Effy não sabia o porque de Jake ter chamado sua atenção, ele mesmo não sabia o efeito que causava nas garotas, o que só o fazia mais descolado.

O jeito que ele posicionava o cigarro na boca ou como pronunciava lições de vida ou frases de efeito, assim, do nada. A emoção com que cantava e tocava, o significado das entrelinhas de suas letras e o modo como dava tudo de si para ser bom. Mas Jake era bom, ele era ótimo e não sabia disso, na verdade não sabia de suas qualidades.

Era errado, era muito errado. Enquanto caminhava sentido oposto de Jake, sentiu lagrimas rolarem por seu rosto. Ela sempre foi sentimental e frágil daquele jeito, não havia maneira de cura. Sentia que Jake pesava o olhar sobre ela mesmo não o encarando.

Por que ela tinha de ser tão complicada, por que não podia amar como um ser humano comum? Por que seu coração se negava a tal sentimento, ou melhor, por que seu consciente mostrava que o sentimento não cabia a Effy escolher.

Soltou um grunhido durante as lágrimas enquanto se afastava, sabia que ele sabia que ela estava chorando e mesmo que afastava esse pensamento, queria que Jake corresse até ela e a abraçasse, um ato que nunca viria dele.