Capítulo 19 - Origem Verde

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Henri chegaria a tarde... Por mais que tivesse vontade preferiria não ligar para ele agora, isso o preocuparia e então o faria voltar com sede.

Mal almocei e isto não tem sido saudável, uma pequena barra de cereais para me segurar o dia todo. Nunca fui boa em me cuidar, ou aceitar que cuidem de mim. Aceitar isto dele me fazia sentir uma bomba relógio, era tudo novo, indescritivelmente diferente, e me assusta. Me sinto uma pessoa assustada para esse mundo cheio de ecos e vazios cheios, talvez, só talvez, deixá-lo entrar me preencheria de uma forma qual pudesse me fazer bem, depois de tanto, depois do meu passado turbulento, talvez eu merecesse algo a compensar, ou para além disso, para me refazer desses traumas tão meus. Tais que prefiro não pensar ou tocar sobre.

A sensação de insegurança me invadia nesse mar de nadas e a necessidade de procurar algum lugar seguro me consumia, não seria nada bom ter uma visita indesejada estando só, porém muito menos encontrar com alguma.

Subi as escadas e peguei uma mochila e como sempre as chaves do carro. Minha consciência do quanto dirigir pudesse ser errado era esgotada.

Iria a Once Ville.

Observava bem a estrada enquanto conduzia o carro e nem era por medo de algum desses animaizinhos básicos entrarem na minha frente, mas por alguns bichos de origem vampiresca daqui. Visualizei em mente a Land Rover, não a considerava nova nem mesmo velha, teria uns dez anos, porém conservada, os bancos de couro cinza e a lataria verde oliva ainda reluzia. Gostava de carros.

Chegando lá hesitei sem saber por que e bati na grande porta branca, Michael saiu.

-Ah, Claire... - um tom desagradável que me incomodou imperava em seu tom de voz, do tipo nada contente ao me ver - Olá, como vai? Joe não está.

Me senti dispensada logo de cara.

-Ah... Tudo bem então, volto outro dia - dispensei sua pergunta de como ia, me parecia muito mais por educação do que importância de fato.

-Sim, claro. Será um prazer recebê-la em outra ocasião.

-Algum problema? - as entrelinhas o deduravam facilmente.

-Nada grave, nada para e preocupar, tudo fiará em - não parecia que suas palavras condiziam com a realidade, pareciam mais algo para que o convencesse.

-Bem, parece que não posso ajudá-lo, mas seria impossível de não preocupar, não hesite em me pedir auxílio. Algo com Joe?

-Não, ele está bem. Estamos bem, mas existem coisas que nos deixam em dúvida, quais não sabemos do que se tratam. O tempo nos responderá.

A confusão evidente na coesão e contexto me intrigara.

-Ah sim...

-Ah, e que falta de educação a minha, entre, por favor - ele não parecia querer que eu entrasse.

-Não, obrigada. Já irei... E lembre-se que para qualquer ajuda ao meu alcance, contem comigo.

-Sim, com certeza, até mais.

-Até.

Fui em direção ao meu carro com um grande emaranhado e um belo ponto de interrogação em mente, deveria pensar em outro lugar para ir. Me veio Eva em pensamento...

Na estrada coloquei uma música e emendei pensamentos nesta. Alguma coisa acontecia, algo muito estranho que eu não poderia saber agora - ou se pudesse em um depois. Michael me contaria se fosse algo corriqueiro, mas se esquivou de uma forma totalmente embaraçosa. Joe não estava, a visita não fora bem-vinda, isso está me deixando muito tensa.

Entre Anjos e Vampiros - O SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora