4. À solta
Acordei de meus pensamentos querendo matá-los. Onde já se viu?!
Ele me ajudou a caminhar, estávamos quase de frente a minha casa. A mão dele envolvia minha cintura, e essa proximidade era um tanto estranha. Ele tinha a temperatura normal. Já eu sentia meu corpo totalmente gélido como defunto.
-Você vai me ajudar a entrar pela janela? - perguntei já de frente a minha casa.
-Vou. - ele sorriu com certo esforço.
Quase sempre deduzia o que estava por de trás dos olhos das pessoas, mas ele era completamente diferente delas. Totalmente e literalmente.
-Como? - questionei curiosa. Apenas queria aparentar-me normal e nada mais.
-Vem. - ele me pegou no colo. Eu até quis protestar, mas temi que Marta acordasse. Ela tinha bons ouvidos. Contudo, consegui fechar a cara para ele, que parecia se divertir com a situação. Ele olhou para a árvore que ficava em frente à sacada do meu quarto, num pulo bateu o pé na tal árvore e fomos para dentro do quarto.
Em uma fração de segundos.
-Interessante. - disse quando meus calcanhares estavam no chão.
-Não há de que. - ele disse meio sarcástico, a simpatia durava pouco.
-Obrigada.
Fui acender a luz do quarto. Quando vi que ele fitava o vazio como se tivesse recebendo uma mensagem mental ou telepática, eu hein?!
Chega disso, sai dessa vida...
-Algum problema?
-Acho que vou ter que acampar no seu quarto.
Ele me olhou. Acampar, ok. E eu achando que tudo já estava de bom tamanho.
-Como assim?
-O vampiro. O que te atacou. Conseguiu fugir. Ele pode querer voltar, se chama Alex. E é caçador de exceções.
-Mas... aff! Eu não tenho escapatória? Isso está completamente ridículo, você pode muito bem ficar na sua casa, no seu conforto e ponto.
-Não. - ele balançou a cabeça, com o rosto fingindo desgosto, belo ator... - Sempre vai ter um Adam com você.
Gesticulei a cadeira para que ele se sentasse. Ele sentou.
-24 horas por dia?
-168 horas por semana.
-Acho que vou poder ter minha privacidade pelo menos. Na verdade, isso parece uma brincadeira. Chega, pode rir e falar que foi uma piada completamente sem graça.
-Aham. –sorriu- E nessas 24 horas Mariana vai ao banheiro com você se for preciso.
-Rá! Engraçadinho...
Ele abriu um sorriso estonteante.
Sorte a minha ter um banheiro no quarto. Isso era ridículo, mais do que eles.
Depois de me arrumar para dormir, deitei na minha cama.
-Você não dorme? A casinha do cachorro está vazia. - perguntei. Mas eu sabia, ele poderia dormir se quisesse.
Sorri para ele que levou na brincadeira. Ainda bem. Ter dois vampiros inimigos em uma mesma noite não seria nada legal.
-Não. Mas se você quiser ir dormir no jardim... Sem problemas. Eu vou.
-Boa noite. - disse arrumando o travesseiro.
-Boa noite. Quer que eu cante uma canção de ninar? - ele disse cantando a expressão "canção de ninar".
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Entre Anjos e Vampiros - O Segredo
VampirosA história de Claire Silver se complica a partir do momento em que ela, sua família e sua tia mudam-se para uma cidade apelidada de Furtive Land, onde há seres que vão além do que a ciência pode explicar. Entre anjos e vampiros e o desaparecimento d...