Entre Anjos e Vampiros - O Segredo

Nota da Autora

Aqui estou eu, com meus 18 anos e mil e um danos nas costas diante de uma obra que uma menina com seus 14 anos escrevera. Eu era uma sonhadora. Não, eu não sou mais. Escrevia para preencher meu tempo, sufocar as dores e as frustrações de uma garota que tinha (ainda tem) problemas com seu corpo, com mutilações, crises de pânico, uma velha depressão além de um grande medo de perder mais alguém na vida. Farão seis anos que minha querida avó se fora, e meu sonho aos 12 era poder morar com ela, cuidá-la... E que traiçoeira a morte nos é, vai levando um a um.

Muitos problemas vieram.

Eu passei a engordar muito e isso doía para além do que ouvia, doía a alma de alguém que buscava a felicidade no próprio corpo, outrora na leitura ou até mesmo nas escritas. Lembro de meu primeiro poema, era sobre morte e eu tinha nove anos, sim, com profundas indagações sobre a vida e seu pós, sobre como eu não queria viver aquela vida ali. Tudo era nevoado e eu não estava no corpo certo, não estava nada certo.

Escrever me mantinha.

Estou sentada em uma cadeira preta em frente ao computador e irá marcar dez da noite sem saber como falar o que tanto me sufoca, minhas incertezas e certezas se emendam e eu embaraço.

Meu gato preto me observa atento, eu amo esse Joe.

Sim, eu estava escrevendo a sequência de Entre Anjos e Vampiros, alguns capítulos estão prontos e eu escrevo a mão antes de passar para essa máquina eletrônica.

Vamos explicar o que tem acontecido? Vamos lá...

Aos 16 comecei a postar por aqui, continha muitos erros e muitos ainda devem permanecer por lá - me desculpem, não chego nem perto da perfeição e nem foi a intenção, não perderei meu tempo com esse tipo de coisa. Aos 17 minha vida virou mais ainda de cabeça para baixo, eu perdi 23kg em dois meses (não, não foram saudáveis, talvez meus distúrbios ultrapassem a mente) - se converteram em 32kg perdidos agora, e resolvi me aceitar como eu era. Resolvi me descobrir e nossa... Alguém poderia te me avisado que eu não era boa. As pessoas continuaram a me rejeitar... Esse seria um adentro muito pessoal e como eu não sei se estarei viva amanhã (ainda) para lidar com consequências, pois, eu não lidaria. Não quero mais lidar, todas as vezes que me reergui fui abaixo e não, ninguém precisa entender isso, porque não irá. As pessoas dizem "Seja forte", "Lide com isso e aquilo", "Levante-se", "Anime-se, você é capaz" e meus queridos... Que mentira bem contada. Não mais aceita por quem já absorveu todas suas vertentes, eu sei que não irei ficar bem, e como diria uma das minhas músicas favoritas "O mundo é só uma ilusão tentando mudar você". Eu sou esse amontoado de falhas e defeitos. E eu acabo por afastar as pessoas, "Eu não aguento mais" - disse um "amor" sobre mim. Este quebrara os meus mais doces últimos pedaços. Tudo está indo abaixo de novo na minha vida.

Em todos os quesitos, e ninguém sabe de tudo.

Sobre meus pais: por que ter uma criança cujo amor não existe? Me resolvi perguntar. Tivemos momentos ótimos, mas cá entre nós, os efeitos de seus tapas e palavras foram fundo, eu lembro de tudo pessoal. Eu gravo e remoo cada pedaço.

E após me descobrir, ou apenas uma das minhas faces, ouvi de minha mãe o que ela preferiria a ter alguém como eu por perto.

Foi duro e ainda é.

Eu sei lá o que está parecendo isso que estou escrevendo - talvez eu só esteja assinando meu atestado de louca para você aí - mas eu só vou, pois estou perto de desabar e não sei se levanto.

Não quero chegar aos 19. As férias da faculdade serão um inferno - como se esse meu particular se multiplicasse - e eu não quero viver isso.