Capítulo 3 -Esconderijo

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Capítulo 3 : Esconderijo

 

 O bosque aparentava inocente. Como eu poderia aprofundar nele, fui sem medo. Podia pensar no caminho. Como minha tia soube que eu estaria procurando um lugar pra ir? Bom, ela sempre sabia fazer isso. Talvez seja por que ela me conheça muito bem. Não, ela sabia fazer isso, não adianta insistir em outra hipótese. Mas uma coisa eu não entendi: por que ela disse que se eu precisasse me defender, saberia muito bem como, sem usar algum objeto para isso. Não vou nem quero pensar nisso, acredito que quando eu menos esperar vou descobrir.

 Há muitas árvores e plantas aqui, eu preciso prestar um pouco de atenção a isso, por que poderia tropeçar nas raízes, ou até mesmo em qualquer coisa. Como estava com muita sede procurei na mochila uma garrafa com água, não bebi líquido desde antes do almoço. Depois desta breve parada segui uma trilha.

 Depois de muito caminhar cheguei a um lugar aberto, tão... Magnífico, lindo...! E tinha também várias árvores. Corri para me sentar naquele chão, encostar-me a uma árvore. Tinha florzinhas multicoloridas ao sul, principalmente em um tom lilás surreal, e ao norte daquela imensa clareira, mas perto de onde eu estava tinha florzinhas brancas, delicadas, que inalavam um cheiro inebriante, doce, envolvente. Eu agora estava cheirando àquele aroma. Como era bom! A grama era macia e fofa. Minha tia Cries sabia deste lugar lindo. Deitei-me e pus os fones de ouvido numa música calma, que nem aquele lugar. Ele seria meu esconderijo do mundo?

 Mas era como se eu pertencesse a ele, e ele a mim.

 Sempre precisei de um lugar tranquilo. Principalmente depois daquele acidente.

 Estremeci.

 Não era algo relaxante para se pensar.

 Após observar aquele aroma, percebi algo familiar.

 O cheiro dali me lembra de algo... Alguém?

 O Henri! Ele cheira aquele lugar. Só que o cheiro do Henri é mais concentrado. Por que será que ele me encarou tão friamente na aula? Ele quase pulou em mim antes. É, eu sei, pode ser exagero meu. E também prefiro não pensar nisso, prefiro fechar os olhos e mergulhar nessa intensa fantasia.

 Depois de um tempo incontável meu celular tocou. Surpreendi-me com a hora. Quase seis da tarde. Atendi o celular.

 -Alô?

 -Claire?- disse minha mãe.

 -Pode falar...

 -Claire! Meu Deus! Estou preocupada! Onde você está?

 -Ué, minha tia não te falou?

 -Não, ela saiu, foi a um lugar.

 -Estou... - pensei um pouco antes de responder, entre não falar e falar a verdade, fiquei com a mais coerente. - Numa clareira.

 -Você está bem?

 -Estou mãe! Pare com essa neurose, ok?

 -Estou preocupada, mas já me aliviei...

 -Eu já vou para casa.

 -Tudo bem, até então. - não entendi, mas ela falava isso com algum esforço.

 -Está tudo bem mesmo mãe?

 -Sim, Claire. Tchau, beijo. Cuidado.

 -Tchau, beijo.

Entre Anjos e Vampiros - O SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora