Capítulo 19
Desci os degraus novamente, dessa vez me segurando firmemente no corrimão para não cair, e voei até a porta, enquanto o ronco do motor dava lugar ao silêncio outra vez. Hesitei antes de abri-la, com a mão quase esmagando a maçaneta, e respirei fundo. E se fosse só mais uma alucinação? Não, não podia ser. Eu quase podia sentir sua presença, seu perfume, a temperatura quente de sua pele contra a minha, seu hálito úmido em meu pescoço... Ele estava aqui, com toda a certeza que ainda me restava.
Abri a porta, com os olhos fechados, e quando a brisa gelada tocou minha pele, abri também meus olhos. Se eu não estivesse segurando a maçaneta com toda a minha força até agora, acho que desmaiaria.
A Ferrari estava ali. Bem à minha frente.
Graças a Deus, eu estava certa.
No que me pareceu apenas um segundo depois, me vi andando energicamente até o lado do motorista, cuja porta já estava sendo aberta por dentro. Assim que meus olhos encontraram os de Rafael, um tanto confusos, a energia que me faltara durante todo aquele tempo de espera surgiu com força total, fazendo meu coração bater tão descompassado que minha visão se tornou turva.
Seu perfume já infestava meus pulmões antes mesmo de me aproximar dele, e completamente guiada por meus instintos, eu entrei no carro, passando uma de minhas pernas sobre as dele e me sentando em seu colo. Fechei a porta da Ferrari, deixando Rafael totalmente perdido, e jogando no lixo qualquer vestígio de sanidade que ainda me restasse, uni sua boca à minha sem a menor delicadeza.
Os lábios dele permitiram a passagem de minha língua imediatamente, misturando o gosto dele ao meu e me causando um efeito quase anestesiante. Suas mãos, ainda surpresas com a minha pressa, demoraram a se decidir entre minha cintura e minhas coxas, e sem conseguir escolher, foram parar em meus quadris. Eu bagunçava seu cabelo macio, sentindo um calor dominar meu corpo, especialmente onde havia contato com o corpo dele.
Não sei por quanto tempo nos mantivemos ali, apenas nos beijando (lê-se: “nos engolindo feito duas enguias”) e sentindo a presença um do outro. Pela intensidade com a qual ele retribuía o beijo, e até sorria de vez em quando, eu não era a única ansiosa por aquele momento, o que de certa forma me reconfortou. Eu pressionava meu tronco contra o dele com cada vez mais desejo, sentindo-o reagir da mesma forma como se quisesse fundir nossos corpos num só. Quando meus lábios já estavam ficando doloridos pela pressão contra os lábios dele, Rafael começou a puxar minha camisola para cima conforme explorava meu corpo com suas mãos. Minhas pernas se contraíam inconscientemente ao redor de seus quadris, me impulsionando para cima e quase o prensando contra o encosto do banco. Ele continuou subindo seus toques até encontrar meus seios, e envolveu-os com suas mãos, soltando um gemido abafado contra meus lábios. Deixei que ele aproveitasse por um tempo, e logo parti o beijo, com uma mordida em seu lábio inferior, para tirar a camisola.
Voltei a me inclinar sobre ele, colando nossas bocas novamente e deslizando minhas mãos por todo o seu tronco, só parando quando encontrei o que queria. Abri o botão e o zíper da calça sem demora, sentindo-o aumentar sua agressividade no beijo, e acariciei sua já considerável ereção por cima das boxers. Rafael agarrou meus cabelos da nuca em sinal de aprovação, e colocou mais força em seus dedos quando eu passei a beijar seu pescoço, tentando compensar o desvio de minhas mãos para sua blusa. Dedilhei o caminho de volta, sentindo cada músculo de seu abdômen se contrair ao meu toque conforme eu subia, e segui para suas costas quando atingi a altura máxima possível. Ele puxou a camisa pela parte de trás, e eu me afastei, observando-o tirar a peça e jogá-la em qualquer lugar.
Ele segurou minha cintura com firmeza, me inclinando um pouco para trás, e eu apoiei minhas costas sobre o volante, me arrepiando por inteiro quando senti sua língua tocar a pele de minha barriga. Rafael fez uma trilha de beijos enlouquecedores até alcançar meu pescoço, me trazendo de volta à minha posição ereta, e quando seus lábios voltaram a buscar os meus, uma de suas mãos se colocou por dentro de minha calcinha, me provocando com seus dedos. Ensandecida, eu correspondi seu beijo com o triplo de ferocidade, fincando o que restava de minhas unhas em seus ombros tensos sem nem pensar se doeria. Graças à experiência dele, que o possibilitava tocar os lugares certos, eu já estava quase atingindo o clímax quando sua outra mão escorregou até minha bunda, dedilhando o leve alto-relevo causado pela estampa de ovelhinha de minha calcinha. Apesar de todos os outros acontecimentos, aquilo pareceu diverti-lo, já que pude sentir um sorrisinho moldar seu rosto. Gemi alto contra seus lábios quando Rafael ameaçou parar de movimentar seus dedinhos, e ele só o fez quando sentiu que havia terminado seu trabalho.
Suada e precisando urgentemente de ar, eu afastei meu rosto do dele, sugando seu lábio inferior e sentindo-o se afastar na direção oposta só para me fazer sugá-lo com mais força. Ambos sorrimos de leve com a provocação, e se o volume entre as pernas dele não estivesse extremamente convidativo, eu teria voltado a beijá-lo. Rafael segurou meu rosto com uma mão, mordiscando o lóbulo de minha orelha lentamente e me arrepiando com sua respiração ruidosa, enquanto eu descia sua calça jeans ao máximo com um sorriso pervertido. Rocei meus lábios nos dele por um segundo, encarando seus olhos Castanhos cheios de luxúria, e desci suas boxers até os joelhos, onde a calça havia parado.
Envolvi sua ereção com uma mão, sentindo-a quase pulsar de tão enrijecida, ao mesmo tempo em que as mãos de Rafael acariciaram minhas coxas. Agarrei seus cabelos com a mão livre, puxando-o para um beijo, e com a outra, comecei a masturbá-lo o mais depressa que consegui. Ele se esforçava ao máximo para corresponder às carícias de minha língua, mas a contração ainda mais freqüente de seu abdômen deixava nítido que aquilo não era sua prioridade no momento. Rafael agora soltava gemidos contínuos e quase chorosos de tanta excitação, mas eu não desisti de beijá-lo. Eu queria mesmo que ele sofresse por ter demorado tanto pra chegar.
Ele subiu suas mãos até o cós de minha calcinha e colocou seus polegares por dentro do elástico da mesma, trazendo-a para baixo sem surtir muito efeito. Entendi aquilo como um aviso de que ele não agüentaria por muito mais tempo, e imediatamente parei o que estava fazendo para me desfazer da última peça de roupa que ainda restava. Enquanto eu me despia, ele resgatava a camisinha do bolso de sua calça e rasgava sua embalagem com os dentes, daquele jeito grosseiro e extremamente sexy. Atirei minha calcinha longe, e quando viu que eu já estava livre, ele me deu o preservativo com um sorriso nada angelical. Retribuí seu sorriso safado e coloquei a camisinha nele com cuidado, sentindo meus talentos manuais sendo reconhecidos.
- Você sabe o que fazer – ele murmurou com a voz falha, quando eu terminei, e meus olhos se ergueram até encontrar os dele. Assim que o fiz, foi impossível não me lembrar da última vez em que estive em seu apartamento. O Rafael que eu conheci naquele dia, escondido atrás de uma armadura, me encarava novamente naquele exato momento. O verdadeiro Rafael.
Senti um arrepio percorrer minha espinha, eriçando meus pêlos da nuca e acelerando meus batimentos cardíacos ao reconhecer aquela mudança. Eu poderia passar a vida inteira encarando aqueles olhos sinceros, sem saber classificar o sentimento que eles causavam em mim.
Meu rosto avançou lentamente na direção do dele, unindo nossos lábios com calma, e eu ergui meu corpo até encontrar a posição certa. Rafael colocou suas mãos em minha cintura com sutileza, como se quisesse me incentivar, e eu o coloquei dentro de mim devagar, sentindo-o apertar minha cintura com mais força quando cheguei ao fim. Eu segurei em seus ombros, trêmula, e deixei que todas aquelas novas sensações, que ao mesmo tempo eu já conhecia, fizessem efeito sobre mim. Paramos de nos beijar, mas mantivemos nossos lábios unidos, e abrimos nossos olhos, encarando profundamente um ao outro. A conexão entre nossos olhares por pouco poderia ser tocada, de tão intensa que era. A compreensão e a paciência, apesar de sua vontade gritante de que eu me movimentasse novamente, eram nítidas em seus olhos, o que só me deixou ainda mais tonta.
Ele fechou os olhos, franzindo de leve a testa e escorregando suas mãos até meus quadris, e eu reiniciei o beijo, sentindo o prazer crescer monstruosa e subitamente dentro de mim. Envolvi seu pescoço com meus braços, embrenhando meus dedos em seus cabelos umedecidos de suor, e comecei a me movimentar sobre ele, acelerando a cada segundo como se aquilo fosse natural pra mim. Logo ele estava gemendo de novo, assim como eu, e estava ficando quase impossível nos beijarmos. Nossos rostos se mantiveram próximos, intensificando a mistura quente de nossas respirações, até que atingi o clímax novamente, sendo seguida por ele.
Deixei que meu tronco se apoiasse sobre o dele, sem conseguir definir qual dos dois estava mais ofegante. Minhas mãos deslizaram de seus cabelos para seus ombros, enquanto as dele ainda eram incapazes de largar meus quadris. Afundei meu rosto na curva de seu pescoço, deixando que o perfume dele me acalmasse, e após alguns segundos, senti seus braços envolverem minha cintura e me aconchegarem ainda mais em seu peito. Fechei os olhos, abraçando-o pela cintura também, e pude ouvi-lo rir de leve. Ainda tensa demais para perguntar qual era a graça, apenas ignorei seu riso, e como se tivesse lido minha mente, ele sussurrou, com o pouco de ar que lhe restava:
- Por favor, prometa que vai continuar me surpreendendo... Porque sinceramente... Fica cada vez melhor.
Mesmo sem ar, eu não tive como evitar que a risada baixa dele me contagiasse. Assim como, por mais que eu tentasse fugir ou negar, tudo nele me contagiava quando estávamos juntos.
Aos poucos, minha respiração ia voltando ao normal (não totalmente, porque com ele perto de mim, era inútil conseguir respirar direito) e a tremedeira de minhas mãos ia passando. Rafael esperou calmamente, acariciando desde meus ombros até meus quadris, fazendo uma massagem gostosa conforme deslizava as palmas de suas mãos e vez ou outra dedilhava minha pele devagar. Seu coração batia forte contra meu peito, apesar da respiração calma, o que parecia acelerar ainda mais as batidas do meu.
- Está sentindo isso? – finalmente sussurrei contra a pele de seu pescoço, com os olhos fechados. Deslizei minha mão esquerda até seu peito, indicando a que me referia, e o ritmo acelerado de seus batimentos pareceu se intensificar sob meu toque suave.
- Desde a primeira vez que pus meus olhos em você – ele murmurou, imitando meu gesto com sua mão esquerda – Você também está sentindo isso?
Me afastei dele para poder olhá-lo, e assenti inocentemente, vendo um sorriso se alargar em seu rosto. Logo depois, deixei que meu olhar mergulhasse em seus olhos Castanhos, como sempre acontecia, e franzi a testa de leve, em sinal de confusão.
- O que foi? – ele perguntou, novamente imitando minha expressão, porém sem se desfazer de seu sorriso.
- O que é isso? – balbuciei, sem conseguir formular direito as frases que colidiam em minha mente – Isso que eu tô sentindo... Que nós estamos sentindo... O que é?
Rafael acariciou meu rosto com as costas de sua outra mão, me olhando daquele jeito intrigado e deslumbrado ao mesmo tempo, e levou alguns segundos para responder:
- Eu não sei... Mas, sinceramente, eu gosto disso.
Meus olhos se fixaram em seus lábios quando ele falou, observando o quão lindos, apesar de serem apenas lábios como os de qualquer outra pessoa, eles eram. Sem que eu pudesse controlar aquele impulso, minha mão subiu lentamente até meus dedos conseguirem tocá-los, e assim que o fiz, dedilhei-os de leve, desenhando seu formato e sentindo sua textura macia. A expressão confusa em meu rosto permaneceu, refletindo o que eu sentia por dentro, e devido a isso, os lábios que eu sentia sob os nós de meus dedos deixaram de sorrir.
- Eu não queria sentir isso – murmurei, com o olhar ainda perdido em sua boca, e comecei a sentir meus olhos se encherem d’água sem que eu permitisse aquilo – Me faz mal.
- Eu sei – Rafael disse, me fazendo erguer meu olhar até encontrar o dele, extremamente misterioso – Se eu pudesse voltar atrás, também escolheria não me sentir assim... Me corrói por dentro.
- Mas não há como voltar atrás – falei, agora com a mão descendo por seu queixo e pescoço devagar, com os olhos ainda fixos nos dele – Você sabe disso.
- Você também – ele sorriu fraco, de um jeito quase amargurado – Pelo menos não estou sozinho nessa.
Abaixei meu olhar, engolindo a tristeza por saber tão bem quanto ele que já não havia mais volta para nós. Já era irreversível, inesquecível... Um pacto secretamente selado entre nossos corpos, sem que nós mesmos tivéssemos tomado conhecimento dele.
- Eu posso ir embora se você quiser – ele falou baixo, parecendo resignado, e na mesma hora, uma pontada latejou em meu peito, como uma fisgada de pânico.
- Não – sussurrei, me encolhendo devido à súbita dor, e o choro que eu tentava reprimir voltou a embaçar minha visão – Por favor... Não vá embora.
Mesmo sem olhá-lo, soube que a expressão no rosto dele não era das mais alegres, mas não havia nada que eu pudesse dizer ou fazer pra mudar isso. Eu mesma estava em conflito, tentando não ceder à vontade monstruosa de sair correndo dali e me afogar naquele mar, eliminando finalmente todas as minhas angústias.
Rafael soltou um suspiro triste, e me puxou sutilmente pelos ombros até nossos troncos voltarem a ficar colados. Ele me abraçou com certa força, e o batimento acelerado de seu coração voltou a repercutir em minha pele, enquanto uma lágrima rolava pelo meu rosto e escorria até alcançar seu ombro. Não era daquele jeito que eu queria que as coisas fossem. Não era daquele jeito que eu queria me sentir.
- Você sabe que nunca vai ser como ele... Não sabe? – sussurrei, pensando em Fe e tentando evitar que toda aquela dor reprimida em relação a ele me atingisse com sua força esmagadora.
- Sei - Rafael respondeu, amargamente conformado, e eu não consegui dizer mais nada. Talvez o silêncio pudesse amenizar a dor que eu não podia, a dor da verdade, corroendo-o por dentro como um veneno que o dilacerava aos poucos.
Os segundos se passaram, um a um, e nenhum de nós dois tinha coragem o suficiente para dizer alguma coisa, até que ele inspirou profundamente, tomando fôlego para falar.
- Caralho, Isabella – ele disse, e eu nem me movi, amedrontada com a repentina irritação em sua voz – Por que eu tenho que ficar desse jeito quando eu tô com você? Eu não sou assim... Esse não sou eu!
- Então quem é você? – perguntei, ainda sem olhá-lo, e ele não foi capaz de responder. Esperei mais alguns segundos e finalmente tomei coragem de encará-lo, encontrando uma bagunça em seus olhos e sentindo uma irritação borbulhar em minha garganta. Não saber definir o que estava sentindo me irritava profundamente, e eu sempre me sentia assim com ele por perto.
- Quem é você, Vitti? – repeti, com uma firmeza que não parecia ser minha, levando-se em conta que eu nunca conseguia ser firme quando estava falando com ele – O que você quer de mim afinal?
- Eu não sei! – Rafael exclamou, franzindo a testa em sinal de raiva – Eu não sei de porra nenhuma quando eu tô com você, não deu pra entender isso ainda?
- Nem eu! – retruquei no mesmo volume que ele, sentindo a irritação crescer cada vez mais rápido dentro de mim – Então pare de colocar a culpa em mim!
- Eu não estou colocando!
- Então por que está gritando?
Ele abriu a boca pra revidar, mas não emitiu nenhum som. Seu olhar estava cada vez mais confuso, junto de sua testa, pesadamente franzida sobre eles, e seus lábios se contraíram, expressando nitidamente sua luta interna. Eu apenas o encarava, respirando fundo na tentativa de diminuir minha raiva. Nenhum de nós sabia definir o que estava acontecendo dentro de nós mesmos, presos numa escuridão desesperadora.
- Eu não quero me deixar envolver com você – ele murmurou, alguns segundos depois, desviando seu olhar do meu – E eu não vou.
- Ótimo – eu concordei, engolindo em seco ao fazê-lo – Nem eu.
- Ótimo – ele repetiu, encarando qualquer lugar, menos o meu rosto, e eu simplesmente me levantei devagar, sentando no banco do carona logo depois. Fiz um coque desengonçado em meu cabelo, sentindo as pontas de meus dedos frias, enquanto ele dava um jeito em sua situação com a camisinha. Pensei em recolher minhas roupas, me vestir e entrar em casa, mas o simples fato de me afastar dele novamente, agora que eu o tinha bem ao meu lado, parecia ser equivalente a me rasgar ao meio. Me parecia loucura deixá-lo ir embora tão cedo, sendo que eu o esperei por tanto tempo, e com tanta ansiedade.
- Por que você demorou pra chegar? – ouvi minha própria voz dizer num tom baixo e grave, sem qualquer emoção. Rafael, que permanecia cabisbaixo, ergueu as sobrancelhas e deu de ombros.
- Porque eu quis – ele respondeu, igualmente frio – Não pensei que você estaria me esperando.
- Eu não estava – menti, encarando o retrovisor ao meu lado, e senti seu olhar repousar sobre mim na mesma hora – Só perguntei por curiosidade.
- Mas agora eu estou aqui – ele disse, sem saber a quantidade de sentimentos conflituosos essa frase me causava - E você está... Bem, você está aí.
Um sorriso teimoso surgiu em meu rosto, apesar da frieza com a qual eu estava agindo. Eu odiava ser sensível a piadas, mesmo que as mais toscas.
- Não, eu é que estou aqui – retruquei, tentando em vão disfarçar meu sorriso - E você é que está aí.
- Hm... Então o que acha de nós dois ficarmos aí? – Rafael sugeriu, e eu nem precisei olhá-lo pra saber que ele estava sorrindo assim como eu, mesmo que timidamente, por sua frase inocentemente engraçada – Ou aqui, como você preferir.
Soltei um risinho baixo, já quase totalmente amolecida pelo jeito dele, e olhei por cima de meu ombro para o banco de trás, que me pareceu extremamente convidativo.
- Aqui me parece um bom lugar – eu disse, me esgueirando para a parte de trás do carro e finalmente encarando-o com um sorriso não mais tão divertido, e já um pouco mais pervertido – O que acha?
Ele semicerrou os olhos, fingindo pensar na idéia por um momento, e dois segundos depois, já estava sobre mim, com os lábios a poucos milímetros dos meus, sussurrando:
- É... Aqui é um ótimo lugar.
Eu sorri involuntariamente, sentindo meu corpo inteiro formigar com a proximidade dele, e deixei que ele me beijasse, apesar de ainda sentir meus lábios sensíveis. O peso de seu corpo sobre o meu acelerava meu coração de um jeito indescritível, assim como suas mãos determinadas em minha cintura pareciam ter sido feitas para estarem ali.
Envolvi seus ombros com minhas mãos, passando meus braços por seu pescoço logo depois e aprofundando o beijo. Rafael apertou minha cintura com mais força, sorrindo, e eu também sorri, enroscando meus dedos em seus cabelos e puxando-os pra trás. Ele deixou que meu puxão afastasse sua cabeça, mordendo meu lábio inferior enquanto a distância aumentava. Senti uma leve dor na região quando ele voltou a me beijar, mas nem liguei pra isso, até que um gosto fraco de sangue começou a se manifestar. Logicamente, ele também sentiu, já que partiu o beijo com a testa franzida e lançou um olhar levemente preocupado para meus lábios.
- O que houve? – ofeguei, encarando-o com o mesmo olhar, e ele ergueu as sobrancelhas num tom surpreso.
- Acho que exagerei um pouco por aqui – ele sussurrou, sorrindo de um jeito quase envergonhado – Hm... Vamos dar um jeito nisso.
Rafael voltou a aproximar nossos lábios, sorrindo agora de um jeito sedutor, e sugou meu lábio inferior devagar, fazendo a dor aumentar um pouco, mas logo cessar quase que completamente. A ponta de sua língua deslizava sobre meu pequeno ferimento, como se quisesse estancar o sangramento.
- Só não pense que eu vou pedir desculpas – ele sorriu daquele seu jeito cafajeste, afastando-se novamente para olhar como estava a situação do corte que ele mesmo havia feito – Porque eu não vou.
- Tudo bem – eu murmurei, posicionando minhas mãos em sua região lombar, fincando o pouco de unhas irregulares que me restava ali e subindo com elas por toda a extensão de suas costas, até alcançar seus ombros – Eu também não.
Sem conseguir conter um sorriso ao ver a expressão de dor e prazer dele, ergui um pouco minha cabeça para poder beijá-lo, voltando a deslizar minhas unhas por sua pele. Rafael desceu seus beijos por todo o meu colo, fazendo minha respiração quase parar tamanho foi o seu capricho, e segurou meus seios com firmeza, aproveitando-se da posição favorável na qual se encontrava.
- Até que enfim tenho tempo suficiente pra dar a devida atenção a essa parte – ele suspirou, olhando para meu busto com uma expressão desejosa, e eu soltei um risinho, agarrando seus cabelos. Ele sugou-os, fazendo movimentos circulares com a ponta da língua, e eu arqueei minhas costas para cima, sentindo o tesão se acumular em cada pedaço de mim. Sua respiração quente batia em minha pele, e ele gemia baixo de olhos fechados, concentrado em extrair o máximo de prazer daquele momento.
Satisfeito, ele continuou seu caminho até minha barriga, e só parou quando alcançou minha intimidade. Rafael me lançou um olhar quase selvagem de tão reluzente quando me tocou com sua língua, e eu imediatamente senti uma onda de calor percorrer minha espinha. Seus movimentos eram quentes e precisos, porém não tinham a menor pressa e brutalidade. Me apoiei em meus cotovelos, quase rebolando devido aos movimentos involuntários de meus músculos contraídos de prazer, e joguei a cabeça pra trás, de olhos fechados para poder senti-lo melhor. A cada segundo, ele intensificava suas carícias, me fazendo gemer cada vez mais alto até chegar ao ponto máximo. Contive um grito, mordendo sem querer a região machucada de meu lábio e me esforçando ainda mais pra não berrar, dessa vez também de dor.
Ele terminou seu serviço e distribuiu beijos lânguidos pelo interior de minhas coxas, acariciando-as com suas mãos, e eu não conseguia me mexer, anestesiada pelos toques dele. Rafael me olhou, afastando seus lábios de minhas pernas, e eu nem esperei que ele voltasse. Ergui meu tronco depressa e praticamente o ataquei, beijando-o com fúria. Ele se sentou, apoiando-se na porta atrás de si, enquanto eu me inclinava cada vez mais sobre ele. Passei minhas mãos por seus ombros e abdômen, parando em seus quadris e dedilhando suas entradas deliciosas. Ele segurava firmemente em minha cintura, correspondendo com muito mais do que avidez ao beijo, e eu segurei sua ereção com uma mão, sentindo-a mais enrijecida do que nunca. Parti o beijo contra a vontade dele e embrenhei meus dedos da mão livre nos cabelos de sua testa, levando-os para trás e fazendo-o jogar a cabeça na mesma direção, totalmente submisso. Sorri maliciosamente, mesmo sem ser vista, e passei rapidamente o dedo indicador da mesma mão por seu tronco, parando quando atingi seu umbigo e simultaneamente começando a masturbá-lo. Ele agarrou minhas coxas e jogou a cabeça para a frente, observando os movimentos rápidos de minha mão. Seus músculos se contraíam visivelmente, e as veias de seus braços estavam saltadas, o que só me deixava ainda mais louca. Tudo nele parecia me atiçar, me convidar, me atrair.
Passei a língua devagar por sua glande, fazendo pressão contra ela, e ele gemeu alto, dolorosamente excitado. Repeti esse ato algumas vezes, tendo a mesma reação dele, até que seus dedos se fecharam ao redor de meus braços, e antes que eu me desse conta, eu já estava deitada e com ele sobre mim, prestes a me penetrar.
- A camisinha, Rafael! – exclamei, com os olhos arregalados de pânico, e ele imediatamente paralisou, retribuindo meu olhar de um jeito tão ensandecido que me fez pensar no que eu tinha feito pra deixá-lo tão fora de si. Rafael voou até sua calça, e poucos segundos depois já estava de volta, devidamente protegido. Soltei um rápido suspiro aliviado, fechando os olhos por um momento, e percebi que dessa vez ele hesitou antes de ir direto ao ponto. Olhei-o em dúvida, e logo percebi o que estava errado.
- É assim que você quer? – pude ouvi-lo arfar, com a testa fortemente franzida em sinal de máximo autocontrole, e eu involuntariamente sorri, quase comovida. Só mesmo na hora do sexo para Rafael Vitti ser gentil comigo e me perguntar se eu queria ficar por baixo. Envolvi seu pescoço com meus braços e aproximei minha boca de seu ouvido, sussurrando logo em seguida:
- Me mostre do que você é capaz.
Senti um jato forte de ar sair de seus pulmões e atingir meu pescoço em cheio, demonstrando sua rendição e me arrepiando da cabeça aos pés. Imediatamente, ele investiu, com uma força extraordinária, e eu por pouco arranquei mechas de seu cabelo, tamanha foi a força coma qual eu o agarrei. Podia senti-lo profundamente dentro de mim, sentia seu corpo quente estremecer rente ao meu, sua voz rouca gemer ao pé do meu ouvido, e a cada vez que ele se movimentava, eu sentia meu coração quase sair pela boca de tão rápido que batia. Envolvi seus quadris com minhas pernas, puxando-o pra mais perto ainda, sendo que ele já estava prestes a me rasgar por dentro, e Rafael afundou seu rosto em meu pescoço, mantendo seus lábios selados contra a minha pele na tentativa de abafar seus gemidos. Minhas mãos nunca estiveram tão indecisas como estavam naquele momento, percorrendo toda a extensão entre seus ombros e suas costas.
- Merda – ele xingou algum tempo depois, quase que num grunhido, e em seguida, chegou ao clímax. Rafael investiu mais algumas vezes em vão, soltando urros de raiva por não conseguir prolongar aquele momento, até finalmente relaxar e deixar-se cair sobre mim, respirando com dificuldade. Eu apenas encarava o teto do carro, tentando absorver o turbilhão de prazer que ele havia desencadeado em mim, extremamente impressionada.
- Me desculpe – ele sussurrou, interpretando mal minha breve paralisia, e eu imediatamente franzi a testa, horrorizada – Mas é que... Você me provoca demais, e... Eu não agüento por muito tempo.
Tudo que consegui fazer foi rir, apesar da falta de ar, e ele se afastou para me olhar, com a expressão confusa. Será que excesso de orgasmos podia causar demência?
- Eu te desculpo por ter salvado a minha vida – eu expliquei, após algum tempo de riso – Se você tivesse continuado, era bem capaz de ter me matado.
Rafael soltou um risinho aliviado, fechando os olhos de um jeito exausto, e eu continuei observando-o. Difícil resistir a uma beleza tão gritante e espontânea como a dele... Eu realmente devo ser muito cega por nunca ter notado isso antes.
Ele se levantou, tomando as devidas providências em relação ao preservativo, e vestiu sua boxer, enquanto eu colocava apenas minha camisola. Assim que o fiz, ele me puxou para si, deitando-me sobre seu peito no banco de trás, e me abraçou. O contraste entre sua respiração, já calma sob minha mão, e seu coração, levemente acelerado sob meu ouvido, estranhamente me tranqüilizou, fazendo com que minhas pálpebras pesassem cada vez mais.
- Pode dormir se quiser – ele sussurrou contra meus cabelos, notando minha moleza sobre ele – Te acordo quando começar a amanhecer, já que vou ficar acordado de qualquer maneira.
- Por que não vai dormir? – sussurrei com esforço devido ao cansaço, acariciando timidamente sua pele com meus dedos.
- Não vou conseguir – ele respondeu com um risinho discreto – Não depois de tudo isso... Ainda há muito para eu observar aqui.
Meu estômago revirou, me causando uma sensação inquietante pelas palavras dele, mas eu estava cansada demais para responder. Tudo que fiz foi sorrir de leve e deixar que o sono me ganhasse após um último suspiro.
- Boa noite, Rafael.
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Biology
RomanceComo de um dia para o outro você se apaixona por a pessoa que você mais odiava ?! Isabella Santoni e uma estudante de 17 anos que é apaixonada pelo seu professor de biologia Felipe Simas . E odeia seu outro professor de biologia Rafael Vitti , mais...