Se e isso que você

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Capítulo 24 (Isabella Santoni’s POV)

E último capítulo se hj , nao me matem . E sobre a foto e a única que eu achei mais parecida com o acontecimento do capitulo . De novo nao me matem

Deus do céu. Que tédio! Se eu soubesse que ficaria naquele estado absurdo de marasmo, teria me atirado de um prédio antes de ter que passar por aquele fim de semana.
Enquanto entrava em meu quarto, acendendo a luz e me livrando da escuridão na qual minha casa havia se transformado há algumas horas, bufava e pisava forte, tendo o barulho de meus passos levemente abafado por minhas pantufas do Snoopy. Me joguei estrondosamente em minha cama, bagunçando todos os meus bichinhos de pelúcia, e respirei profunda e lentamente. O dia realmente havia sido vazio, tão vazio como o branco do teto que eu encarava.
Mamãe havia sumido devido a tal da festa surpresa, e mesmo tendo ligado uma ou duas vezes, não era a mesma coisa. Me mantive sentada no sofá da sala o dia todo, me entupindo de sorvete e outras gordices enquanto assistia a filmes de comédia, drama e até mesmo alguns seriados. Agora era hora de fazer alguma coisa da vida, tipo tomar um banho e quem sabe dormir cedinho pra que aquele dia terminasse logo e alguém desse sinal de vida. Quem sabe Bruna e Ewan não desistissem de tirar o atraso e me chamassem pra sair com eles no dia seguinte?
Me sentei na cama, sentindo uma preguiça monstruosa me dominar, originada pelo dia inteiro de inutilidade. Prendi meu cabelo de qualquer jeito, enrolando-o habilidosamente e dando um nó nele, de modo que formasse um coque firme, e fiquei de pé, ignorando a falta de vontade para isso. Caminhei (lê-se: me arrastei) até o banheiro de minha suíte – existem vantagens de se morar sozinha com sua mãe, sabia? - e me tranquei lá, apesar de saber que estava sozinha em casa e não havia perigo de alguém invadir minha residência, ainda mais naquele bairro tão tranqüilo. Tirei o pijama sem pressa, liguei o chuveiro quentinho e me enfiei debaixo dele, deixando somente a cabeça de fora. Molhar o cabelo àquela hora não estava entre meus planos, eu detestava dormir com o cabelo ainda úmido. Sim, sou muito esquisita.
Fechei os olhos, sentindo o calor da água se espalhar por minha pele e relaxar meus músculos imediatamente. Um sorrisinho involuntário surgiu em meu rosto conforme o conforto se disseminava por todas as partes de meu corpo, e por um momento, até ri de minha idiotice. Me ensaboei devagar, brincando com a espuma excessiva que o sabonete líquido formou sobre minha pele, e me enxagüei na mesma velocidade. Estava tão bom ali que resolvi estender um pouco mais minha estadia no box, mesmo já tendo feito tudo que devia fazer.
Quase adormeci por várias vezes, mesmo estando de pé, de tão relaxada que fiquei após algum tempo sob o poderoso jato mágico de tranqüilidade. Quando minha consciência ecológica começou a pesar e eu me dei conta de que estava gastando litros de água potável para nada, decidi que era hora de terminar o banho, e assim o fiz. Me enxuguei vagarosamente e me enrolei em minha toalha, sentindo um leve frio percorrer minhas pernas descobertas. Toda encolhida e me preparando para a brisa gelada que encontraria em meu quarto devido à ausência do vapor presente no banheiro, abri a porta num surto de coragem, e a primeira atitude que tomei foi fechar a janela, sem nem olhar para qualquer outra coisa. Rapidamente, fechei os vidros, olhando distraidamente para fora, e por um momento, meus olhos se fixaram num detalhe bastante atípico.
Havia uma Ferrari estacionada bem em frente à minha casa.
Engoli em seco, reprimindo as lembranças que aquele modelo de carro me trazia, e respirei fundo, procurando acalmar meu coração subitamente epilético. Era apenas uma coincidência, certo? Nada mais do que aquilo. Àquela hora, Rafael devia estar se enroscando com Kelly no baile da escola ou em seu apartamento, mal se lembrando de minha existência, ou então pouco se importando com ela. Assim como eu não dou a mínima para a dele. É, isso aí.
Me virei de volta ao quarto, perguntando-me quando deixaria de ser tão idiota, e foi então que uma forma estranha se revelou sobre minha cama, brincando vagamente com um de meus bichinhos de pelúcia. Assim que meus olhos focalizaram o intruso, não houve tempo sequer para pensar antes que meu cérebro travasse completamente. Apenas pisquei duas vezes, em pane diante do choque entre o que eu esperava ver e o que realmente vi, enquanto o visitante inesperado virava lentamente a cabeça para mim, notando minha presença.
Não demorei a reconhecer o invasor. O problema foi acreditar que ele realmente estava ali, e não era só mais um fruto de minha imaginação. Infelizmente, essa possibilidade foi logo descartada. Claramente, não era nenhuma ilusão; era real demais para isso. Minha mente jamais conseguiria reproduzir uma imagem com tamanho grau de realidade. Enquanto toda essa confusão dominava minha consciência, eu me mantive paralisada, completamente imóvel. Diferentemente dele.
- Hm... Oi – Rafael Vitti disse, sentado em minha cama com uma expressão inocente, e seus olhos determinados se fixaram por um longo momento em minhas pernas nuas, acompanhados de um quase imperceptível sorriso de canto – Pude jurar que seria recebido com um grito, mas pelo visto, você é mesmo imprevisível.
Pensei ter sentido meu rosto esquentar, mas como o resto do corpo estava igualmente quente devido ao susto, ignorei esse detalhe. Todo aquele calor tinha uma explicação, e ela logo se manifestou por minhas cordas vocais. Dois segundos depois que ele se calou, retomei o controle sobre minha consciência e movimentos, e um grito assustado escapou por entre meus lábios. Instintivamente, me encolhi, puxando a barra da toalha mais para baixo numa tentativa idiota de me esconder. Rafael apenas revirou os olhos, como se não houvesse motivo para que eu me comportasse daquela maneira.
- Mas o que... Mas o que você... – comecei, tentando em vão continuar a frase, e ele apenas voltou a me olhar nos olhos, com o rosto ainda inocente – Como você... Como...
- Respira, Santoni – ele riu de leve, mantendo o mesmo comportamento, como se sua presença ali fosse absolutamente natural – Não quero que você desmaie nem nada do tipo, está bem?
Até parece que não queria!
Fiz o que ele disse, não porque ele pediu, mas porque eu realmente precisava de ar para organizar minha mente embaralhada e as palavras desconexas que disputavam espaço dentro de minha garganta. Quando já havia inspirado oxigênio suficiente para inflar meus pulmões ao extremo, tudo que fiz, para minha própria vergonha, foi gritar novamente. Era difícil demais acreditar, e pior ainda, entender que ele havia invadido minha casa e estava ali, bem na minha frente. Não é o tipo de coisa com o qual uma pessoa se acostuma antes de gritar algumas vezes.
- Eu disse respira, não grita – ele reclamou, fechando os olhos em tolerância ao meu surto infantil, e logo em seguida voltou a me encarar – Calma, tá legal? Eu não sou um espírito sedento por vingança nem nada do tipo.
Ignorei totalmente suas palavras, ainda chocada demais para entender. Pensando bem, eu preferia enfrentar uma passeata de fantasmas violentos a ter que encarar o fato de que Rafael estava jogado sobre minha cama naquele exato momento.
- C-como você... Como você conseguiu entrar aqui? – consegui perguntar, ainda imóvel, e um sorriso que misturava diversão e compaixão surgiu em seu rosto. Eu devia estar parecendo bastante engraçada aos olhos dele; não duvidava nada que ele estava segurando uma gargalhada ao me ver naquele estado vergonhoso - de olhos esbugalhados, boca escancarada e cabelos em pé -, mas como era um excelente ator, tentava atenuar esse desejo, sem ter muito sucesso.
- Digamos que eu dei sorte – ele respondeu com um tom vago, erguendo uma sobrancelha e voltando a mexer no bichinho de pelúcia. Não gostei nada do sorriso que insistia em aparecer no canto de seus lábios; ele me parecia extremamente... Esperto. Resolvi trabalhar em outra pergunta, já que ainda havia muito a ser questionado.
- Rafael... O q-que você t-tá fazendo aqui? – gaguejei, sentindo a resposta imediata de meu corpo manifestar-se em arrepios devido ao fato de que ele estava se levantando lentamente da cama. Tentei fazer com que meus pés desgrudassem do chão para que eu me movesse, mas a madeira do assoalho e minha pele pareciam um só, mantendo-me presa onde estava.
- Sei que você é inteligente o bastante para deduzir essa resposta por si mesma – sua voz suavemente rouca respondeu, acompanhada de um passo lento dele em minha direção e do aumento de minha freqüência cardíaca – Vou lhe dar mais uma chance de fazer perguntas mais elaboradas.
- Vá embora, Vitti – murmurei, sentindo minha voz falhar quase que totalmente devido ao enorme nó que se formara em minha garganta, mas pelo menos a gagueira tinha passado – Você não tem nada para fazer aqui.
- Ah, é aí que você se engana, meu bem – Rafael disse, franzindo a testa e entortando a boca num falso pesar enquanto dava mais um discreto passo em minha direção, resumindo a distância entre nós a pouco menos de um metro – Ainda temos uma noite inteira pela frente... E acredite, ficaremos ocupados demais para dormir.
Um calafrio percorreu minha espinha ao ouvir suas palavras, proferidas com tamanha firmeza que era como se eu fosse obrigada a segui-las. Tudo que eu queria era fechar os olhos e fazer com que ele sumisse assim que os abrisse novamente, mas ao invés disso, minhas íris foram atraídas, como que magneticamente, até onde as dele estavam, me observando intensamente. Ou melhor, desejosamente. Foi impossível não sentir o equilíbrio prejudicar-se, o ar faltar, a estabilidade de meus joelhos reduzir... Impossível não me deixar afetar por sua presença. Indo contra meus instintos, deixei que minhas pálpebras tapassem minha visão por completo, permitindo-me pensar e falar com mais clareza, sem os olhos dele me influenciando.
- Cale a boca – rosnei, agora com a voz um pouco mais firme – Saia daqui, eu não quero mais você perto de mim. Pensei ter deixado bastante claro da última vez que nos falamos.
Pude ouvi-lo suspirar pesadamente, e nem precisei me esforçar para saber que os traços de seu rosto carregavam uma certa impaciência.
- Pensou errado – ele retrucou com a voz levemente irritada, dando um último passo à frente e fazendo com que sua respiração agora batesse em meu rosto, o que por um momento me causou vertigens - Já devia saber que não desisto tão facilmente.
As palmas de suas mãos pousaram sobre meus ombros nus suavemente, acariciando-os e fazendo com que a região parecesse arder em chamas sob sua pele. Ele seguiu caminho por meu colo, dedilhando-o com delicadeza, e notei que sua respiração pareceu acelerar de leve. Eu já não me sentia tão certa quanto a não querê-lo mais; seu toque despertava o desejo mais monstruoso e temido que existia em mim. Meus olhos ainda estavam fechados, evitando que os vários tons Castanhos de suas íris me enfeitiçassem, mas era inevitável tentar resistir. Somente quando seu dedo indicador escorregou sorrateiramente por entre meus seios, e estava prestes a derrubar a toalha que me cobria com um simples puxão, fui tomada de assalto pela razão.
- Chega! – exclamei, arfando, e afastei firmemente seu pulso com minhas mãos – Vá embora!
Sua respiração denunciou que ele havia soltado um risinho baixo, atingindo meu rosto numa lufada mais forte que o normal. Eu insistia em não olhá-lo, temendo que ele me fizesse ceder de alguma forma se eu o encarasse. Meu estômago revirava em agonia, e eu esperava sinceramente que meus batimentos cardíacos não estivessem altos o suficiente para parecerem uma banda de Olodum bem no meio do quarto. A região de meu colo devia estar levemente avermelhada devido ao calor que se concentrava especificamente naquele local, e a culpa era toda dele.
- Chega você de resistir – ele sussurrou, aproximando seu rosto de meu ouvido para dizer o resto – Não adianta nadar contra a correnteza... Acha que nunca tentei? Acha que estaria aqui se tivesse funcionado?
Seja forte!, uma voz pedia em minha mente, estrangulada. Resista!
- Não acredito em você – arfei, com a voz um pouco mais alta que um sopro, ainda recusando-me a encará-lo – Pare de gastar seu tempo comigo e vá embora.
- A questão é que eu simplesmente adoro gastar meu tempo com você – Rafael murmurou com a voz sinuosa, sem mover um músculo, e a maneira como suas palavras foram pronunciadas me permitiu visualizar com precisão o sorriso malicioso que provavelmente adornava seu rosto – Poderia passar a vida toda te provocando, te atiçando, só pra ver o até onde vai seu autocontrole.
- Idiota! – grunhi, sentindo a irritação crescer dentro de mim – Eu não sou um simples brinquedinho com o qual você pode fazer o que quiser!
Senti Rafael paralisar por alguns segundos, e manteve-se calado por tempo suficiente para que eu tivesse que encará-lo, por mais arriscado que isso fosse. Sua expressão era levemente séria, e seus olhos não hesitaram em olhar fundo nos meus de um jeito quase frio.
- Eu nunca pensei isso de você, Isabella – sua voz murmurou, agora grave, demonstrando o triplo de seriedade que seu olhar transmitia.
- Desculpe, o que você disse? Acho que entendi errado, aliás, só posso ter entendido errado! - falei, com a voz um pouco mais alta que o aconselhável pelo ultraje de suas palavras, e um sorriso sarcástico, inconformado diante de tamanha mentira, surgiu em meu rosto – Faça-me o favor, Rafael! Suas mentiras costumavam ser um pouco mais convincentes!
- Eu não estou mentindo – ele negou, sem se deixar alterar por meu comportamento – Você me entendeu errado sim, e não foi só hoje.
- Ah, é? – quase gritei, extremamente sarcástica, sentindo minha raiva aumentar cada vez mais diante de suas negativas ridículas – Então já que estou entendendo errado, me explique, professor! Como posso entender direito?
- Eu jamais te compararia a um brinquedo ou a um mero objeto, por mais valioso e único que ele fosse... Você me entendeu errado, ou talvez minha comparação tenha sido ruim o suficiente pra que você tirasse conclusões erradas – Rafael disse, mantendo-se impassível, e a enorme carga de determinação em sua voz me fez estremecer involuntariamente - Eu não queria dizer nada do que você concluiu. Quando usei a palavra brinquedo, não foi pra te definir, eu juro. Foi uma tentativa mais do que frustrada de tentar explicar o que você... Causa em mim. Mas eu percebi que isso é impossível. Não existem exemplos adequados para definir o que eu sinto.
Fiquei encarando seus olhos faiscantes por alguns segundos, incapaz de tirar alguma conclusão. Minhas pernas tremiam mais que bambu em ventania, meu coração queimava em meu peito, o ar parecia se recusar a entrar em meus pulmões. Por que ele tinha que me falar todas aquelas merdas? E o pior de tudo, por que eu tinha que gostar tanto delas? Levei alguns segundos para conseguir voltar a falar, e quando o fiz, quase toda a raiva havia se transformado em hesitação.
- Eu... – comecei, pigarreando logo que percebi a confusão explícita em minha voz, e sem saber bem como prosseguir, suspirei, tentando encontrar as palavras certas – Não acredito em você, Vitti. Vá embora.
Ele respirou fundo, sem mudar de expressão, e após alguns segundos sustentando meu olhar, assentiu devagar.
- Tudo bem – ele disse, com a voz conformada – Se é o que você quer de verdade, eu vou.
Totalmente surpresa com aquela atitude, busquei algum vestígio de raiva ou irritação em seus olhos, em vão. Tentei entender o que estava acontecendo, mas suas íris estavam vazias, ilegíveis. Ele estava... Cedendo?
Ele aproximou seu rosto do meu, colocando uma de suas mãos em meu rosto, e eu fechei os olhos, momentaneamente paralisada, ao sentir seus lábios tocarem minha pele. Rafael beijou o canto de minha boca por um tempo que me pareceu mais longo que o aconselhável, e imediatamente meu corpo se arrepiou inteiro. Em seguida, ele voltou a se afastar, ainda sério, e deu um passo para trás, indicando que estava indo embora.
- Só não pense que estou desistindo de você – sua voz baixa avisou, persistente e consideravelmente resignada, enquanto eu me esforçava para continuar de pé – Isso jamais vai acontecer.
Rafael virou-se em direção à porta do quarto e começou a andar até ela, me deixando completamente anestesiada e confusa. Então era isso? Bastou uma dose a mais de autocontrole de minha parte para convencê-lo? Era tão simples fazê-lo desistir de mim, mesmo que temporariamente? O que havia acontecido com ele afinal? Onde estava o Vitti insistente e determinado que eu sempre conheci, disposto a praticamente tudo pra conseguir o que queria?
Um sentimento muito esquisito começou a correr em minhas veias. Um vazio me dominou, sendo lentamente preenchido por um frio cortante, como se gradualmente, enormes pedras de gelo estivessem se formando dentro de mim, congelando meu sangue. Eu nunca havia me sentido daquele jeito. Não era um sentimento ruim, mas também não era bom. Era como se a ficha não tivesse caído ainda. Ele realmente havia me obedecido? A idéia me parecia tão surreal que eu precisaria de alguns minutos de reflexão para realmente absorvê-la.
Soltei um suspiro tenso, com os olhos perdidos onde antes o corpo de Rafael estava. O distanciamento dele fez com que automaticamente minha respiração se normalizasse, mas estranhamente, meu coração quase parecia imóvel de tão lentas que eram suas batidas. O gelo crescente dentro de mim o havia atingido, e parecia dificultar seus batimentos, mas não fisicamente. Era como se ele não quisesse mais bater normalmente. Como se, por algum motivo, ele tivesse perdido a vontade de funcionar. Talvez a surpresa pelo conformismo de Rafael tivesse sido maior do que eu pudesse prever. Mas logo eu me recuperaria, e ficaria muito melhor sabendo que bastava apenas um pouco mais de força de vontade para mantê-lo afastado de mim.
Meus olhos foram instintivamente até a porta aberta de meu quarto, fitando o vazio. Minhas pernas ainda pareciam formigar diante do acontecimento épico que haviam presenciado, e se recusavam a fazer qualquer movimento. Apenas fiquei encarando o nada por alguns segundos, até que o som de passos se aproximando do quarto adentrou meus ouvidos. Antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, vi Rafael andar energicamente até mim, e em dois segundos, envolver meu rosto calorosamente com suas mãos e colar seus lábios nos meus com fúria.

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