-Calum
Coloquei a minha mochila ao ombro, deixando escapar um longo suspiro cansado pelos lábios, humedecendo os mesmos logo depois.
Estalo o meu pescoço e começo o meu longo caminho até ao planetário.
Sinto alguém a tocar no meu ombro, o que me fez virar para trás lentamente. Observei o sue pequeno sorriso nos lábios rosados e olhei para os seus cabelos soltos.
-Onde pensas que vais? - perguntou.
-Preciso de estar sozinho Kerry, preciso de pensar, a minha cabeça está uma grande confusão. - explico fazendo movimentos com a minha mão.
-Oh, okay. - ela responde encolhendo os ombros e depois pousa uma das suas mãos em cima do meu ombro - Não te esqueças de hoje há noite.
Assinto com um sorriso reto e vejo ela a atravessar a rua para o outro lado. Olhei para os meus sapatos pretos e desviei o olhar para a frente.
Por vezes olhava pelo canto do olho o outro lado da rua, onde Kerry caminhava lentamente apreciando a música que ecoava nos seus ouvidos, os seus phones roxos percorriam o seu tronco, parando no bolso do casaco, por vezes ela pronunciava palavras da música.
Uns cinco minutos depois ela pára em frente da loja dos pais e abre a porta, olhando para mim e sorrindo enquanto abanava a sua mão. Retribui a ação e, uma vez livre, suspirei, caminhando agora em passo rápido até ao planetário.
Sabia que estava a chegar quando senti os meus sapatos a sujarem-se com um pouco de terra que estava no passeio abandonado e cheio de ervas a nascerem. Parei em frete há porta azul cheia de graffitis e abri a mesma com alguma dificuldade.
Subi as escadas e entrei dentro da porta onde estavam todas as garrafas de vodka. Fechei a porta com cuidado e depois voltei a suspirar, desta vez pesadamente.
Pousei a minha mochila no chão e fechei os olhos, olhando para cima, passando depois as minhas mãos pelo meu rosto.
Olhei para o armário branco da limpeza e mordi o meu dedo, aproximando-me do mesmo e abrindo-o.
Observei todas as garrafas de vodka e escolhi uma, abrindo-a e depois abrindo a janela, dando-me passagem para o exterior, o telhado.
Tive uma pequena dificuldade em equilibrar-me, pois esta era a segunda vez que subia para este telhado.
Assim que me sentei, observei todo o espaço que era visível deste telhado. Levei a garrafa há boca e dei um gole, humedecendo os lábios.
Como é que eu iria fazer?
Podia sempre arranjar um emprego, mas não, eu escolhe sempre as coisas mais difíceis e agora estou completamente na merda; sem saber o que fazer.
Baixo a minha cabeça, dobrando os meus joelhos, observando as minhas mãos um pouco vermelhas por causa do frio que estava a chegar.
Fechei os olhos levemente e senti uma enorme raiva no meu corpo, queria bater em algo, mas ao invés disso, acabei por chorar, chorei porque estava com raiva, chorei porque estava a chorar e nem sabia o porquê, chorei porque era a pessoa mais estúpida do mundo.
Quando dei por mim estava a meio da segunda garrafa de vodka. Parei de chorar e limpei as lágrimas, dando uma pequena gargalhada, por ser estúpido. Olhei para a segunda garrafa a meio e decidi atirá-la para a parede da vizinha, que desta vez não fez nada.