SEIS

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- Meu Deus, eu nunca tinha visto tantas crianças juntas - falo para Louis a fim de deixar claro o meu nível elevado de pânico.

Ele me cutuca com o cotovelo e olha para mim, como se isso realmente esteja deixando-o feliz.

- Ah, vai ser legal.

Olho novamente para as crianças fantasiadas de princesas e heróis da Disney. Franzo os lábios e tento levar para o lado cômico da história, só que este é exclusivamente restrito a Louis. Estou a ponto de desistir e sair correndo, quando uma mulher loira e alta atravessa o mar de crianças e vem em nossa direção, cortando caminho por sobre a grama verdinha.

- Ah, que bom que veio! - exclama ao me abraçar. - Sou Felícia. Vamos por aqui.

Felícia segura em minha mão e me puxa, Louis vem logo atrás nos seguindo. Entramos na casa e subimos as escadas. Felícia para em frente uma porta no corredor. Ela segura meus ombros e olha para mim e percebo que também está apavorada.

- Pode se vestir aqui, mas não demore, porque não sei o que fazer com tantas crianças elétricas por comerem tanto açúcar.

Eu aceno com a cabeça e ela abre a porta do quarto. Louis e eu entremos com as sacolas das fantasias. Ele começa a tirar a roupa sem perder tempo ao passo que eu observo o ambiente. Ao que parece é o quarto de Felícia e do marido, pois há uma cama de casal e a decoração é bem madura. Há cortinas cor de pêssego cobrindo as janelas e as cores das paredes se resumem a branco e um tom de bege escuro. Paro meu olhar sobre um porta-retratos que está em cima do criado-mudo ao lado da cama. São de uma menina pré-adolescente e um menino ainda pequeno. Há algo relativamente familiar no olhar de ambos, só que não percebo o que é, pois Louis me puxa.

- O que é? - resmungo meio aturdido.

- Vai se arrumar, cabeção.

Balanço a cabeça e, após dar uma última olhada na fotografia, eu me apresso em pôr a fantasia de palhaço. Quando termino, Louis já tem feito toda sua maquiagem. Puxo a cadeira da penteadeira de Felícia para perto dele para que possa me maquiar.

- Onde você aprendeu a fazer isso, cara? - pergunto mais do que impressionado com o seu talento.

- Nas curvas da vida - diz sorrindo e eu sorrio para ele. - Me lembra de que da próxima vez que formos transar, quero você de palhaço encima de mim.

- Nossa, que fetiche. Parece coisa de doido.

Ele balança a cabeça e me puxa para si, apertando minha bunda.

- Eu também pensaria isso, caso nunca tivesse te visto assim. Agora vamos lá.

- Vamos, né...


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