infinity

TRÊS

- Liam?

- Não, Justin Timberlake - diz passando por mim. Ele olha para minha situação e cobre o rosto quando vê o volume sob minha cueca. - Oh, pelo amor de Deus, ponha uma roupa!

Dou um sorriso para ele e faço que vou abraçá-lo.

- Afaste-se!

- É só um abraço, primo querido - digo indo atrás dele.

Liam para do outro lado da sala com as mãos abertas em minha direção. Ele me olha como se houvesse alguma coisa errada. Seu olhar parece triste e... solidário.

- Por favor - diz -, você tem que voltar para casa, Harry.

Franzo o cenho e mudo de expressão, indo de felicidade a frieza.

- É sério isso? - minhas sobrancelhas estão erguidas de forma questionadora. - Quantas vezes vou ter que dizer que não vou sair daqui. Eu gosto do Louis e meus pais deveriam aceitar isso.

Por algum motivo, Louis havia desaparecido completamente.

- Não dificulte as coisas para sim próprio - diz calmamente. - Não é bom que fiquei aqui. Olhe essa bagunça!

Observei o ambiente ao redor. Realmente a casa está uma bagunça, há roupas espalhadas por todo lado e restos de comida sobre a mesa de centro. Mas nada que uma faxina rápida não resolva.

- E o que que tem? Posso muito bem arrumar isso agora mesmo.

Ele balança a cabeça e contrai os lábios, como se discordando. Caminha até a mesa e puxa uma das quatro cadeiras. Liam senta e observa tudo ao seu redor, como se quisesse gravar cada centímetro do lugar.

- Pode me oferecer ao menos um café?

Eu nego com a cabeça.

- Não tomamos café aqui.

- Você não toma, quer dizer, né - ele repensa no que disse e emenda: - Desculpe.

Balanço a cabeça e vou até a geladeira. Pego dois potinhos de iogurte e entrego um para ele e fico com o outro. Hesitantemente, me sento à mesa. Ficamos em silêncio por algum tempo, como se a conversa tivesse acabado ou tivesse sido tão constrangida que não havia mais espaço para nenhuma frase.

Enfim, depois de um tempo, eu falo:

- Por que veio aqui? Foi minha mãe quem o mandou?

Liam me encara e diz:

- Como está sua relação com Louis?

- Muito bem, obrigado.

- Ele o trata bem?

- Sim.

- Como lidam com... os impasses? As dificuldades, quero dizer.

Eu o analiso.

- Nunca brigamos. Agora eu ficaria agradecido se respondesse a minha pergunta: foi ou não foi minha mão quem o mandou para cá?

Liam põe o potinho de iogurte vazio sobre a mesa e limpa a boca discretamente. Percebo que sempre perde alguns minutos antes de falar cada frase. É como se as filtrasse.

- Eu vim por vontade própria. Porque me preocupo com você. Não acho que faça bem para você ficar aqui o tempo todo...

- Tá dizendo que Louis é má influência? Pois fique sabendo que ele me livrou daquela vida medíocre que levava. Se eu não tivesse saído daquela casa, provavelmente seria outro fantoche pré-projeto de corrupto. E eu nunca quis ser filho de um governador filho da puta.

- O que você tem, cara? Por que está agindo assim?

Eu balanço minha cabeça, irritado.

- Sai daqui ou meto uma porrada nessa sua cara de bolacha - murmuro entredentes.

- Harry...

- Sai! - grito.

Liam se levanta e sai. Fico observando meus punhos cerrados sobre a mesa, as veias proeminentes demonstrando a raiva que estou sentindo.