Observo o trânsito a frente através do para-brisa do táxi em total silêncio, tentando parar de pensar nas coisas que o patrão de Louis me disse. Tentando encontrar alguma explicação lúcida para aquela conversa. Mas tudo o que consigo é piorar a situação, pois não consigo pensar em nada a não ser em suas últimas palavras.
Isso eu não posso lhe afirmar. Mas se pudesse diria que você precisa ir adiante e deixá-lo também seguir seus caminhos, foi o que dissera. Para mim são palavras totalmente sem sentido, porque qualquer pessoa que conheça tanto Louis quanto eu, sabe que nenhum dos dois vai a lugar algum sem o outro. Afinal, eu deixei tudo para trás por ele, assim como ele se sacrificou por mim. Meu futuro já estava garantido, mas decidi largá-lo para viver com Louis, e Louis também deixou sua casa por mim.
Eu suspiro, ansioso por chegar em casa e vê-lo. Não vejo a hora de contar para ele os absurdos que seu chefe caduco me contou. Dou uma risada ao lembrar que o senhor até disse que o havia despedido.
No meu bolso, meu celular vibra. Com dificuldade eu o retiro de lá e... a tela está apagada e quando acendo não há registro de mensagens nem chamadas perdidas. De repente me sinto meio apreensivo e estranho. Contorço-me para devolvê-lo ao bolso e quando olho para o espaço vazio ao meu lado no banco, há um papel ao meu lado. Está amassado e quando o pego, percebo se tratar de uma fotografia.
Sinto um mal-estar ao perceber que se trata da fotografia que roubei da casa de Felícia, a mãe da menina aniversariante. Examino as duas crianças na foto. A menina mais velha que usa óculos, e o menino com os olhos de gato...
- Louis? - sussurro, surpreso.
Até parece loucura, mas realmente é Louis na fotografia. Não sei como não havia me dado conta antes, mas os olhos de gato do garoto são idênticos aos de Louis. Meu estômago revira com a sensação sufocante que me domina por alguns segundos. Eu ponho a fotografia virada sobre minha perna, a fim de não vê-la e parar de pensar idiotices... há algo escrito no verso. Um endereço escrito nas letras de Louis...
- Já chegamos, senhor - o motorista me tira do torpor. Eu observo o prédio ao lado.
- Vai ter que esperar mais um pouco, Louis - digo. - Pode me levar a este endereço?
Entrego a fotografia para o homem e ele assente, dando partida em seguida. Todo o percurso até o endereço, seguimos em silêncio. Não ouso nem sequer respirar de forma normal, pois algo em meu peito parece impedir a saída e entrada de ar. Com surpresa, dou-me conta de como estou ansioso e impaciente, de modo que um filete de suor desce pela minha testa, mesmo com o clima frio.
Começo a estalar os dedos e em seguida tiro o cachecol verde do pescoço. Minha garganta está seca. Não quero me ater a essas sensações e sentimentos desagradáveis, mas é como se algo ruim estivesse por vir. Algo que eu não possa evitar. Então eu fecho os olhos e, ouço uma voz me chamando.
- Chegamos, senhor - o motorista repete pelo que parece ser a milionésima vez.
Olho de um lado para o outro, meio aturdido. Depois eu falo:
- Me espere aqui, por favor - digo saindo do carro.
No momento em que ponho meus pés para fora, tenho vontade de entrar no carro e sair daquele lugar. É perturbador o fato de eu ter ido parar na rua da casa de Felícia. E ainda mais perturbador o fato de eu saber que ela e Louis são irmãos.
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infinity
Fiksi PenggemarHarry, filho de um influente político, renunciou sua própria família para viver ao lado de Louis. Ambos são felizes independentemente das circunstâncias. Vivendo um dia de cada vez, como se espera que pessoas normais façam. Mas um acidente envolvend...