DOZE

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Quando chegamos ao apartamento, nada mais parece fazer sentido e o dia espetacular que tivemos parece ter virado fumaça em nossas mentes. Louis está mais distante do que nunca, olhando sempre para um ponto fixo distraidamente, imerso num mundo só dele. Minha mente está encoberta por eras pegajosas que me impedem de ver a realidade daquilo, e quanto mais tento descobrir o que está havendo, sinto que mais distante da resposta eu fico.

Vou para o quarto e jogo a roupa para longe, indo direto para o banheiro só que desta vez eu fecho a porta. Fico sob o chuveiro durante algum tempo e repasso em minha mente tudo o que fizemos, porém, ainda assim, não encontro resposta para o súbito mau humor de Louis.

Anda, pensa no que você fez, resmungo em minha mente. Quando me dou conta de que não encontrarei uma resposta que para uma pergunta que não existe, apenas balanço a cabeça. Repassei todos os detalhes do dia, mas nenhum revelou algum deslize meu, então, suponho que o problema não seja mesmo comigo.

Ouço-o bater na porta do banheiro.

- Já vou – respondo olhando para a porta. Enrolo-me na toalha e abro a porta, saindo sem olhar em seus olhos. Sento na cama e ponho as mãos entre os joelhos, apertando-as. Eu digo: - Qual o problema?

Louis esticou a mão para mim, dando-me meu celular.

- Ligue para o velho Johnson – fala sem focar em mim.

Estreito os olhos, curioso.

- O que eu iria falar com o seu chefe, Lou? Não está querendo que eu... está pedindo que eu diga que não vai mais voltar lá?

Louis balança a cabeça e revira os olhos, meio impaciente. E outra vez, ele agita o celular em minha direção.

- Ligue para ele, Harry. Vocês precisam conversar.

Eu levanto da cama sem tocar no celular e vou para longe de Louis, irritado com sua insistência em esconder o que quer que seja.

- Eu não vou ligar para ele – falo secamente. – São cinco horas da manhã, Louis. Ele deve estar, sei lá, dormindo... É domingo!

- Não. Ele está no café limpando e arrumando as mesas para mais um dia de trabalho. Agora pega a porra do celular e liga – seu tom é calmo, porém duro.

- Mas que droga! – resmungo tirando o celular de sua mão. Ele diz o número e digito habilmente. – O que quer que eu diga?

Quando meus olhos encontram os de Louis há um pesar tão intenso que sinto meu estômago esfriar. É como se ele carregasse algo sobre seus ombros, algo tão pesado que não suportasse sozinho o peso.

- Diga que quer falar com ele.

- Mas o que eu vou falar com ele?

- Ligue.

Eu respiro fundo, frustrado com o diálogo complicado e sem nexo que tivemos. Ligo para o velho Johnson e ele atende na terceira chamada. Ouço sua voz do outro lado e fico em silêncio, de repente sentindo meu peito apertar.

- Alô... oi... Não vai falar filho da pu..

- Oi, oi, oi – digo ao sair do súbito torpor. – Sou eu, Harry...

- Do Louis?

- Sim, sim. Do Louis – faço uma pequena pausa e digo: - Queria saber se podemos nos falar...?

- Claro. Pode ser aqui no café? Pode vir agora, assim teremos um tempinho antes de abrir.

Balanço a cabeça em concordância como se ele pudesse ver.

- Tudo bem. Estarei aí em menos de meia hora.

Eudesligo e quando ergo o olhar, Louis não está no quarto. Chamo seu nome algumasvezes, mas ele não responde e parte minha tenta não se irritar com seu sumiço.Coloco uma caça skiny preta e camisa de mangas longas, pego um chapéu e saiorumo ao café – o caminho inteiro me perguntando o que irei falar com o senhor.    


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