SETE

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- Sabem de uma coisa? - eu grito para as crianças. Todas gritam um enorme "não". - Pois vou contar para vocês, então. Sabem o meu assistente Louis? Pois é, ele é o maior trapalhão. Louis me dê o balão.

Louis me passa o balão cheio que tem em mãos. Ouço as crianças rirem histericamente como se o que eu estivesse fazendo fosse realmente engraçado. Mas nem ao menos sei o que faço.

- Olhem só o que ele pôs dentro desse balão! - estouro o balão sobre a cabeça das crianças e uma chuva de confete cai sobre elas. Elas vibram, gritam, se desesperam só para depois voltar a rir.

Começo a mancar propositalmente e simulo uma queda. Passo alguns segundos "morto" e depois me levanto fingindo chorar. As crianças abanam as mãos e continuam a rir.

- Mas o que foi que Louis fez, agora? - eu tiro meu enorme sapato e cheiro, depois abano o nariz com a mão. - Ai, que fedor! Nossa, olhem só! - Mostro uma bolinha que supostamente tirei do sapato.

- Ohhh - dizem em uníssono.

- Eita, que Louis, hein?! - procuro a aniversariante na plateia, uma menina loirinha. Quando a vejo, chamo-a. - Princesa Jasmim, pode vir até aqui?

A garotinha ri e sobre ao palco. Eu lhe entrego a bolinha, peço que aperte bem forte e quando ela abre, sua palma está coberta de purpurina. Então, pego mais um pouco nos meus bolsos e grito:

- Agora a princesa Jasmim é uma fada e nós vamos jogar pó mágico em todos!

Atiramos a purpurina sobre todos, que ficam eufóricos. E quando finalmente Louis e eu as deixamos ocupadas com balões com formas de animais, damos um jeito de escapar. Entramos na casa de Felícia.

- Ei, Harry - eu viro somente para ver a mulher vir em minha direção.

- Oi?

Quase caio para trás quando Felícia se atira em meus braços e começa a chorar. Olho para Louis, mas parece mais confuso que eu. Então começo a passar as mãos em suas costas desajeitadamente.

- O que aconteceu? - eu pergunto.

- Foi tão lindo... - diz fungando. - Como você fez lá... obrigada, Harry. Obrigada.

Felícia limpa as lágrimas e sai. Louis e eu nos olhamos, depois entramos no quarto.

- Mas o que foi aquilo? - exclamo todo confuso.

- Ela deve ter, sei lá, você foi ótimo com aquelas crianças. Menos na parte em que eu sou o tolo.

Fala como se estivesse zangado, porém há um sorriso em seu rosto. Eu o beijo e faço carinho em sua nuca, demonstrando de uma forma diferente que sinto muito.

- Sonso - ri e vai trocar de roupa.

E enquanto ele está lá, eu calmamente vou até o criado-mudo, retiro a fotografia do porta-retratos e a ponho no bolso da minha calça. Parece estúpido e obviamente é errado, porque estou roubando, mas... eu sinto que preciso da fotografia.

Preciso.
(Tentem entender o jogo)

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