Sinto minhas pernas bambearem quando Felícia aparece na porta com a filhinha. Ela está concentrada em falar algo para a garotinha e a menina parece não dar atenção. Eu as fito do outro lado da rua ainda segurando a porta do táxi. Não sei bem se continuo a fazer o que estou fazendo, ou se entro no carro e volto para casa.
Na minha garganta, eu sinto um nó se formando. Aperto a fotografia de Louis e da irmã entre os dedos, amassando-a. É uma sensação esquisita que se instala em meu peito, algo como um aviso em neon, acendendo e apagando em minha frente. Gritando para que eu vá embora, vá para Louis.
E estou aponto de fazê-lo quando ouço uma voz.
- Hey! Harry!
Pisco alarmada, como se tivesse levado um tapa. Observo Felícia acenando do outro lado da rua. A menininha agora está sentada na grama brincando de boneca. Forço-me a sorrir e por mais que minha consciência diga o contrário, eu caminho até a cerquinha de madeira da casa da mulher.
- O que faz aqui tão cedo? – ela pergunta ao se aproximar, abrindo a cancela.
Eu passo por ela, caminhando automaticamente sobre as pedrinhas e indo até a varanda de sua casa. Observo as paredes de madeira pintadas num tom branco, mas amarelado com o tempo. Há algumas plantas penduradas no teto, descendo até quase o chão. De repente sinto frio.
- Eu... eu... – olho de um lado para o outro, perdido num emaranhado de sentimentos estranhos, pesados. Suspiro como se estivesse cansado. – Vim lhe devolver isto – ergo a mão, exibindo a fotografia completamente amassada. Eu coro, envergonhado pelo que fiz. – Eu sinto muito por tê-la levado...
Felícia me abraça.
- Ah, Harry... – ela diz em tom calmo e melancólico. – Também sinto sua falta... e... e aquilo que você fez no aniversário de Jaz foi tão lindo... como conseguiu fazer aquilo e não se desmanchar em lágrimas? – ela se afasta e limpa as lágrimas que caem dos olhos com as costas das mãos. – Eu mesma não aguentei ver. Tive que sair.
Se minha cabeça já era uma zona, imagine depois dessas palavras. Simplesmente contraio os lábios e dou alguns passos para trás, tão perdido quanto se pode estar.
- Eu não entendo... – murmuro e meu peito aperta ainda mais. – Eu não entendo! – minha voz ecoa alta e áspera, meus olhos se enchendo de lágrimas.
De uma hora para outra tudo ao meu redor parece querer me atropelar. As imagens diante dos meus olhos parecem conter uma essência feroz e devastadora. E a dor em meu interior se torna exterior, tomando-me por completo. Levo as mãos às têmporas, tentando diminuir a intensidade de tudo, porque as coisas estão me machucando como uma chuva de agulhas.
- Também dói em mim, acredite – ela diz, segurando meu ombro e acariciando delicadamente. – Desde o acidente as coisas nunca mais foram as mesmas...
Acidente. A palavra me atinge como um soco no estômago, ou pancada na cabeça. É como se ela fosse o que faltava para me derrubar, para expor as coisas ali, na minha frente. Eu procuro um apoio, algo que possa me manter de pé, porque tudo o que faltava – todas as peças que haviam sumido, reapareceram numa chuva torrencial tão violenta que não consegui mais conter as lágrimas.
Aos prantos, olho fixamente para Felícia e digo:
- Preciso que... posso chamar meu primo até aqui? – minha voz sai de forma impaciente.
- Claro... Mas, vai ter que ficar aqui até eu voltar. Tenho que levar Jaz para a escola. –Felícia assente e com dificuldade, eu ligo para Liam.

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infinity
FanfictionHarry, filho de um influente político, renunciou sua própria família para viver ao lado de Louis. Ambos são felizes independentemente das circunstâncias. Vivendo um dia de cada vez, como se espera que pessoas normais façam. Mas um acidente envolvend...