POR DEBAIXO DOS PANOS

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E N Z O   T E I X E I R A

Depois de colocar todas as cartas na mesa com Cassie, me senti na obrigação maior de protegê-la. Como a minha mãe, Cassie passou por poucas e boas. Entendia seu jeito agora. Toda a carranca era só uma barreira para não se machucar mais.
Eu não iria deixar que nenhum maníaco da internet machucasse ela ou mais nenhuma garota.

Às 17h36m eu estava caminhando para fora da estação de Madureira para encontrar com a equipe, mas não encontrei ninguém. Olhei no relógio, 17h43m. Será que tinham ido sem mim? Nem estava tão atrasado assim.
Peguei meu celular e enviei uma mensagem para Melissa, que estava online há cinco minutos.

Cadê todo mundo?

Mel: no parque

Está atrasado!

Guardei o celular e corri em direção ao parque, que era um pouco longe da estação. Encontrei Melissa parada na entrada do parque. Ela estava apontando para o relógio invisível do pulso.

— Atrasado!

— Cadê todo mundo? — perguntei.

— Se misturaram para não chamar a atenção. — respondeu — Vamos voltar para a estação. — disse ela me puxando.

— Eu acabei de vir correndo de lá! — resmunguei.

— Se tivesse chegado a tempo não precisaria correr. — falou me arrastando.

Voltamos até a estação e era 18h03m.
Melissa andava depressa, nem tive tempo de descansar. Agora estava ofegante e suado.Ela parou em uma barraquinha e pediu dois lanches com Coca-Cola.

— Valeu... — disse pegando um e ela bateu na minha mão.

— Não é para você! É para o ferrugem.

— Você já vai dar 1000 contos para ele a troco de banana por um iPhone de camelô! — franzi a testa.

— Enzo, deixa de ser egoísta! É um menino pobre, que trabalha na rua pra um pai abusivo!

— E se for mentira? E se ele for apenas um mini viciado ou sei lá o que? — questionei — As crianças não são mais tão inocentes como antes, Mel.

Melissa bufou e revirou os olhos.
Me ignorando, olhou em volta procurando o menino e acenou. Olhei na mesma direção e vi o garoto acompanhado de um homem grande com cara de mau.

Eu engoli em seco — Eles estão por perto, não estão?

— Estão. — respondeu sem desgrudar os olhos deles, o Ferrugem andava com a cabeça baixa.

Melissa estava séria, mas logo tratou de abrir um sorriso quando o menino se aproximou — Comprei para você. — Entregou os dois lanches com as Coca-colas — Gosta de coca, né?

O garoto pegou o lanche com um grande sorriso — Eu gosto de comida, moça. — ele começou a comer ali mesmo, com ferocidade — Muito obrigado! — respondeu de boca cheia.

Melissa sorriu e depois levantou a cabeça para encarar o homem que a encarava de volta.

— Esse senhor é o seu pai?

— Sou sim. — respondeu o homem carrancudo — Meu filho disse que você quer comprar o celular que ele achou. Um iPhone.

Melissa assentiu — Eu gostei do celular. Muito mesmo.

— Eu vim ver se você não queria dar um golpe, afinal comprar um celular de um garoto por mil reais é muito suspeito. — ele cruzou os seus braços enormes e gordos.

STALKER - O Fantasma cibernéticoOnde histórias criam vida. Descubra agora