19 de Maio de 2005

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Querido amigo, 

Eu sinceramente não sei o que dizer, eu me formei.

Meu diploma está do meu lado nesse momento e eu não acredito nisso.

Alexandre também se formou, todos nós estávamos com aquelas batas pretas esquisitas e a faixa vermelha na cintura, ouvimos discursos de vários professores que nos falaram por tantos anos que somos emprestáveis, agora dizendo que éramos a melhor turma desde 1980 e que eles tinham aprendido muito conosco.

Nós rimos, todos nós, e eles ficaram com aquela cara estranha, como que diz: respeite os mais velhos peste. Depois chamaram nossos nomes, um por vez, fazendo parecer que somos tão únicos e tudo mais, e quando chegou a minha vez, eu apenas peguei aquele canudo esquisito e ri, eu ri muito, e ninguém entendeu nada, até eu dizer que não acreditava que finalmente estava livre daquele bando de velhos carrancudos, fazendo todo o auditório rir comigo e ser expulsa do palco.

Foi legal, e eu vou ao baile na semana que vêm com Alexandre, eu não quero ir, mas não posso perder a chance de fazer uma coisa que sempre quis fazer com aquela loira de farmácia que namorou com ele, e agora eu posso por que não tenho mais medo, e isso é bom afinal, por que me lembro muito bem da primeira carta que te mandei, eu não sabia como crescer, como perder meus medos e tudo mais, bom, acabei aprendendo que ninguém perde seus medos, apenas aprende a lidar com eles, armazenando-os no fundo de nossa alma, e sei que ninguém cresce, apenas nos abrimos a novas idéias e deixamos as antigas para trás.

Eu nem acredito que consegui fazer isso.

Com amor, 

M.A.A



Cartas Sem RemetenteOnde histórias criam vida. Descubra agora