17. Quem joga melhor

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— Não pensei que algum dia veria esse lugar com meus próprios olhos.

Elric se virou para Olívia, que encarava os portões gigantescos da Fortaleza de Pedra de Mance, completamente deslumbrada. Ele entendia bem o sentimento. Na primeira vez que tinha estado ali, tinha achado que não existia nada no mundo que pudesse vencer as muralhas gigantes daquela cidade. A fortaleza inteira parecia ter sido esculpida pelas mãos da senhora das forjas Brigit.

A cidade de Mance cercava a fortaleza em 180 graus e em três níveis perceptíveis desde a metade da montanha até seu cume. Quando a conheceu, Mance era o berço da arte e do artesanato. De lá saíam os melhores artesãos de todo o país, as peças mais caras e exóticas de roupas, de armas e armaduras e também de joias, as pedras preciosas eram retiradas do labirinto de minas sob toda a montanha e quem não trabalhava debaixo da terra, estava lá em cima trabalhando com o que era tirado de lá. Elric tinha vindo com os pais no início do verão para celebrar o nascimento do herdeiro da família Ferrante, Julius Ferrante, e toda a cidade festejou por três dias inteiros. Era fácil esquecer que Mance era feita de pedra e que tinha um solo difícil para cultivo quando o lugar inteiro era cheio de flores e árvores coloridas, cheiros de comida e perfume de flores. Cercado por música, dança e teatro em todas as praças e grandes centros.

Agora, as antigas árvores, acostumadas a resistirem ao solo duro e infértil davam os seus primeiros sinais de renascimento. A maior parte das casas e construções ainda estava de pé, mas eram todas negras, cobertas pelas cinzas de seus habitantes, consumidos pelo fogo do dragão vermelho. O grande teatro central teve seu domo destruído e a parte interna consumida pelas chamas com tanta intensidade que metade do telhado desabou. Elric tinha visto sua primeira peça ali e ficou apaixonado pela arte da dramaturgia na época.

— Você deveria ter visto antes — o príncipe respondeu sem tirar os olhos do horizonte desértico, — não existia nada igual.

— Juntos podemos recuperar a antiga glória mais uma vez, Elric.

Olívia estava segurando sua mão agora e havia pouca coisa além de pura determinação e carinho em seu olhar. Elric nunca a visitou na infância, mas a família Fawell era hóspede frequente no castelo branco. Se lembrava da pequena Olívia, alta e esguia e atrapalhada pelo cumprimento das próprias pernas, ela era sempre facilmente provocada e estava sempre instigando Elric a desobedecer seus tutores para ir brincar lá fora. Elric a achava terrivelmente irritante e grudenta.

Agora, ele sabia que por mais que os soldados estivessem se esforçando muito para não demonstrar, toda a guarda Fawell prestava atenção nos dois. Tinha sido assim desde que fugiram de Pilatos. Por isso, Elric apertou de volta a mão da lady e sorriu antes de se virar de novo para os portões.

Gabriel tocou seu ombro antes que pudesse tocar no portão.

— Tem certeza disso?

Elric sorriu.

— Olha o tamanho dessa coisa, pesa toneladas. Não tem como entrar por aqui, vamos dar a volta.

— Não foi isso que-

— Eu sei o que você quis dizer, Gabriel. E eu não teria evacuado a cidade daquele jeito e feito vocês viajarem por um mês se não tivesse certeza disso.

O guarda se afastou então e assentiu fazendo uma pequena reverência. Olívia aceitou o plano de Elric com tanta facilidade que ele ficou feliz por Gabriel cumprir o papel de desconfiar de basicamente tudo. Depois que Alice e Kyetvet deixaram a cidade, tudo o que o príncipe precisou fazer foi transmitir a mensagem através das pessoas da cidade para que aqueles que desejassem fugissem para o leste onde encontrariam toda a guarda Fawell os esperando para levá-los a um lugar seguro. Assim, quando o exército vermelho chegou, de fato, aos portões do palacete Fawell, tudo o que encontraram foi uma casa vazia.

Alice no País das Sombras [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora