Ansiosa? Claro.

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Tinha se passado quanto tempo desde que entrei no apartamento de Achyle? Dez minutos?Vinte? Não sei. Não tenho a miníma ideia. Passamos um tempão ouvindo-a xingar e praguejar por ter concordado em ir ao jantar, mas não dei bola e me joguei no sofá dela enquanto Gabriely e Wendy a arrastavam junto a Mikaelle para o quarto, para que as duas pudessem se vestir como a ocasião pedia.

Entrei no twitter para deixar meus seguidores sabendo superficialmente das novidades e quando finalmente o nome de Samuel apareceu na tela quase gritei, mas substituí o ato pela ação de me sentar e atender o maldito celular.

– Sammy?

Pareci ansiosa? Sim.Nervosa? Sempre.

Você não tem ideia de como é bom ouvir sua voz. – ele disse parecendo sorrir.

Meu coração começou a bater a mil por hora, mas então lembrei do que ele disse no aeroporto –"Eu não quero que você se apaixone por mim agora, Heather." –,e perguntando-me pela milésima vez o que diabos tinha sido aquilo,praticamente implorei para que ele deixasse de ser tão animadinho.Meu coração, claro, tão teimoso quanto eu, não me ouviu.

Ao fundo ouvi risos e vozes de garotos falando algo que não intendi, mas que fez Sammy responder com um "calem-se, seus idiotas" abafado. Ele devia ter afastado o celular do rosto.

– Tem alguém aí? – perguntei com tom levemente divertido. Ele não parecia estar com raiva do que quer que os "idiotas" estavam dizendo, pois ao xingá-los havia uma nota de riso em sua voz.

Meus amigos super prestativos vieram me buscar no aeroporto. – respondeu ironicamente.– E não param de me irritar um segundo.

Hum...interessante. Desde que cheguei em Londres, Samuel nunca me pareceu ser focado em outras amizades que não fossem de nosso grupo ou da família dele. Fiquei curiosa sobre esses garotos e, não pela primeira vez, uma súbita vontade de estar lá me preencheu. Mas eu não iria. Não mesmo. As vezes a distância faz bem para alma. E com certeza minha sanidade está precisando disso agora. Sem contar que Sammy foi para Nova Iorque para trabalhar e não dar uma de babá de Heather Sharpe. Mas, pensando bem, logo meu pai vai viajar para lá, e dar uma passadinha como quem não quer nada, não poderia fazer mal a nenhum de nós.

Ah, Deus! A quem eu estou querendo enganar? É claro que me faria algum mal. Minha cabeça não precisa ficar ainda mais confusa do que está agora. Você está proibida de sair da cidade, Heather! Proibida!

– E como foi seu voo? – espantei meus pensamentos como quem espanta um mosquito e tentei fazer minha voz soar normal.

– Ocorreu tudo bem, mas fora isso foi tedioso. Dormi a maior parte dele.

– Ah, pobre garoto rico que não gostada primeira classe...–debochei sorrindo.

– Passar horas dentro de um avião não é uma das melhores diversões, Little Witch. Aposto que ele entedia você na primeira meia hora.

Nos primeiros dez minutos para falar a verdade.

– Touché. Detesto até mesmo um jatinho particular. Não suporto passar tanto tempo sem poder andar livremente.

– Temos mais uma coisa em comum. – comentou.

– É, temos sim. – concordei, meio que para mim mesma.

Ultimamente parecia ser inevitável que algum tema de nossas conversas fosse decerta forma inflamável. Bastava uma faísca de algo que parecesse ser mais do que realmente era e então minha pela entrava em combustão instantânea emeus pensamentos passavam a detonar antigos julgamentos e preencher minha cabeça de novas possibilidades com tons cor-de-rosa, como se de uma hora para outra –e com a ajuda de um certo alguém –, tudo fosse se acertar. Só que não vai.

– Então – comecei, tentando entrar em terreno seguro ao mudar de assunto. –, estou me preparando mentalmente para impedir que a Achyle assassine o meu primo hoje.

Ele riu.

– Nada muito diferente do normal entre eles, certo? A única diferença do quadro é que antes você a deixava fazer o que quisesse.

– É, mas dessa vez será em público. Meu pai me convidou para jantar e deixou que eu levasse quem quisesse. Levarei meus primos, Achyle e a prima dela e sua irmã.

Queria que você estivesse aqui para ir com a gente.

Não ouse dizer isso, Heather Sharpe.

– Espero que seja uma noite agradável para você. – agora ele estava sério. – Vi como sua mãe a deixa estressada, por isso quero que me prometa uma coisa.

– O que?

– Não suma de novo. Dessa vez não estou mais aí para procurá-la e com toda certeza meu avô não apreciaria se eu tomasse o primeiro avião de volta para Londres.

Oh. Meu. Deus! Ele não está dizendo isso. Não está.

–Prometo. – disse eu, solenemente.– Mas não se preocupe. Nem sei se minha mãe estará lá esta noite. Papai anda meio estranho, mas, em geral, estou me sentindo bem agora. Viver cerada pelos outros não é tão ruim.

–Que bom que está entendendo isso. – Sammy falou. – Mas infelizmente vou ter que desligar agora. Logo conversaremos novamente e então você me conta mais sobre seu pai e o jantar, tudo bem?

– Claro. – assenti já mal esperando para ouvi-lo novamente. – Tchau, Sammy.

A linha ficou muda por alguns segundos e então ele voltou a falar:

 – Até logo, Little Witch.



Loucamente Apaixonada [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora