Estou fervendo. Minha raiva está tão presente que a única coisa que me faz sorrir é o pensamento de que tipo de flores poderei levar para o velório de Gavin, quando eu matá-lo. Acho que girassóis seriam o suficiente para demonstrar toda minha alegria nesse dia, certo?
-- Aqui. -- Gabriely me passou a toalha de banho que havia sido oferecida por um funcionário do restaurante e sequei meus cabelos como deu.
Eu estava de pé em frente ao espelho de banheiro só de calcinha e sutiã, pouco me lixando para a possibilidade provável de mais alguém entrar aqui e preocupada apenas em tirar todo o vinho da minha pele e cabelo. Gabriely tinha se oferecido para vir comigo porque, sabe-se lá Deus por qual motivo, tinha um vestido na bolsa que daria em mim e seria melhor que eu vestisse do que ficar manchada de vinha tinto a noite inteira. Enquanto refazia minha maquiagem, eu pensava menos em quem diabos sai para um restaurante, ou qualquer outro lugar, com uma muda de roupas extra e um kit de maquiagem, e mais na possibilidade de que o vestido na bolsa dela fosse uma monstruosidade rosa. Eu teria preferido sair do banheiro nua nesse caso.
-- Bem, agora que sua maquiagem está pronta, tome o vestido. Eu teria aconselhado algo mais leve para usar com ele, mas vai ficar sexy, então tá valendo.
Ela retirou o vestido de dentro da bolsa, o desdobrou e deu umas batidinhas para tirar o amassado. Dei um passo para trás.
-- O que foi? -- perguntou Gabriely.
-- Você só pode estar de brincadeira se acha que vou vestir isso.
-- Você vai. -- ela parecia verdadeiramente certa do que dizia.
Não é que fosse a monstruosidade rosa que eu estava esperando, mas, ainda assim, era... contra qualquer coisa que eu já tivesse vestido. Era meigo demais.
Primeiro de tudo: Ele era branco. E tomara que caia. E curto para caramba -- não que eu não vista coisas curtas. E tinha uma fitinha azul que dava acabamento na parte de cima e se unia pequeno decote em forma de coração formando um laço. E segundo:
-- Isso parece roupa de boneca.
Ela franziu a testa, mas não pareceu dar importância ao que eu havia dito. Pôs o vestido de frente ao meu corpo e abriu um sorrisinho como se estivesse convencida de que eu era a mais nova e perfeita versão da Barbie ruiva. Maldição.
-- Ele realmente combina com os seus sapatos. Toma -- ela praticamente o empurrou em meus braços. -- Vou encontrar alguém que possa levar seu vestido para a lavanderia e voltar para nossa mesa. Te espero em cinco munutos, estou louca para ver como vai ficar.
Ela pegou meu vestido preto em cima da pia e praticamente foi saltitando até a porta, onde abriu uma pequena fresta e saiu, tendo a delicadeza de lembrar como estou vestida.
-- O que você está fazendo aqui? -- ouvi sua voz vindo de fora. -- E cadê o restante das suas roupas?
-- O que parece? -- Gavin. Claro que aquele estúpido não me deixaria em paz. -- Estou esperando. Quanto as roupas, me livrei de parte delas.
-- Sim, você "se livrou" de um terno italiano, da gravata e da camisa social como se nada? Estúpido. Desde quando é apropriado estar em um restaurante como esse apenas de calça e camiseta regata? Isso não é uma lanchonete.
-- Jura, irmãzinha? Nossa, perdão. Acho que eu nunca teria imaginado se você não tivesse mencionado, afinal, eles deixam entrar todo tipo de gente louca aqui.
Ele com certeza estava se referindo a mim. Olhei para o espelho -- eu, de calcinha e sutiã. -- e para o vestido. Gavin está lá fora. Espelho. Vestido. Suspirei. Com certeza levarei girassóis.
Dei uma olhada naquela minúscula peça de roupa e constatei que tinha a droga de zíper nas costas.
-- Inferno. -- murmurei. Acho que em sua felicidade cor-de-rosa Gabriely se esqueceu desse pequeno detalhe.
-- Você pode sair da frente dessa porta -- Gavin voltou a falar. -- Não é como se eu fosse invadir o banheiro feminino. Se quisesse já teria feito isso.
-- E ela teria arrancado sua cabeça. -- debochou Gabriely. Então ouvi o som de seus passos, os saltos fazendo um pequeno barulho rítmico que diminuiu a medida que se afastava.
Ela desistiu rápido. Que droga.
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Loucamente Apaixonada [Completo]
MizahHeather sempre teve tudo que o dinheiro poderia comprar: Bolsas, sapatos e roupas de grife. Mas nunca teve o amor dos pais, que preferiam passar seu tempo em algum lugar do Atlântico do que com a filha. Disposta a começar uma nova vida, ela se muda...