Sendo Sincera

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Aeeeee! Consegui resumir o capítulo! Ao menos ele ficou menor do que eu pensei e trouxe todo o conteúdo que eu queria, heheh.

Essa é a última parte do "passado de Samuel Hunter" e a partir do próximo vamos poder descontrair um pouquinho :)

Não que isso vá durar, afinal, a bruxa, quero fizer, Helen, ainda vai dar as caras por aqui.

Um beijo e boa leitura para vocês.

Até a próxima!

☆☆☆

-- Ainda tem mais?! -- explodi, quase a beira de lágrimas. -- Pelo amor de Deus, Sammy! Como as coisas podem ter continuado ruins depois de tudo isso?

Ele deu de ombros, abrindo um pequeno sorriso gentil. Parecia ausente, quase intorpecido. Ter convivido com aquelas lembranças por tanto tempo parecia tê-lo endurecido para consigo mesmo.

-- A imprensa estava em cima de nós, formando uma teoria atrás da outra, todos queriam saber como tudo tinha acontecido. Muitos me culpavam, outros pareciam ter pena de mim. Enquanto minhas memórias iam voltando aos poucos, eu só ia me sentindo pior e pior. Era como se eu tivesse finalmente aberto os olhos de verdade para tudo que eu tinha vivido até aquele momento e visto que estava tudo errado. Os poucos amigos de verdade que eu tinha não sabiam como lidar comigo e com a minha mudança, alguns deles deviam me culpar também e Isabel não era uma exceção. Ela só me visitou uma vez depois que eu acordei, quando minhas memórias já estavam se estabilizando. Não conseguia parar de chorar. Não conseguia falar comigo direito. Mal conseguia olhar para mim. Ela disse que não podia ficar mais comigo, porque olhar para mim era lembrar que a irmã dela estava morta, enquanto eu tinha sobrevivido. Aqueles foram os piores dias da minha vida, os mais surreais. E o que doeu em mim quando Isabel terminou tudo, foi perceber que eu não me importava e que eu também me culpava.

-- Juro que se você me disser que ainda tem essa culpa, dou um belo tapa na sua cara -- resmunguei o interrompendo e ele riu baixinho. A essa altura do campeonato eu não estava mais querendo chorar, estava ficando com raiva. Não dele, mas de todo o resto.

-- Não será necessário, a parte boa começou a partir daí. Foi quando Achyle entrou na história -- ele abriu um sorriso de verdade quando viu a minha expressão surpresa. -- Nos conhecemos desde o início do ensino médio, éramos amigos, apesar de eu desconfiar que ela não gostasse muito de mim naquela época, mas, de qualquer modo, não éramos muito próximos. Até um dia em que, depois de uma conversa que teve com a minha mãe, ela deu uma de louca e simplesmente invadiu o meu quarto de hospital e começou a me dar lição de moral em alto e bom som, dizendo que a culpa não era minha, que acidentes acontecem e que eu era um completo ingrato por me sentir culpado por ter sobrevivido. Até hoje ela ainda me chama assim. Quando as enfermeiras praticamente a arrastaram para fora, ela já tinha me dado um grande choque de realidade, que continuou a reforçar em suas próximas visitas, até que estivesse satisfeita.

-- E foi depois dessa entrada triunfal dela que você decidiu mudar completamente de babaca para homem dos sonhos?

-- Homem dos sonhos? -- perguntou erguendo uma sobrancelha.

-- Responda a pergunta -- falei mal-humorada, mas tenho que admitir, estava mais tentado distrair a nós dois do peso do passado dele. Descontrair um pouco, afinal, eu sabia que meu mau humor o divertia. Homens tem gostos estranhos.

-- Também -- respondeu. -- Mas as coisas nunca poderiam ter continuado as mesmas de qualquer forma. Meu relacionamento com a minha família melhorou muito depois de tudo, exceto com Justin. Nós já não nos dávamos bem, mas a situação só fez piorar depois que fui preso. E esse é o fim da história.

Ele falou aquilo com tanta simplicidade. Tanto desapego. Até a raiva que ele tinha sentido antes parecia ter desaparecido por completo. Nem sequer sobrara vestígio de seu sorriso de antes.

-- Você parece vazio -- falei depois de alguns instantes em silêncio, desviando minha linha de visão para a água da piscina. Ele permaneceu calado. -- Mas há algo que eu preciso te dizer e você pode até achar que sou cruel por isso: nem Lina, tampouco Isabel mereciam você -- ainda em silêncio. -- Não as conheci, não posso julgá-las por completo, mas as odeio por tudo que você me contou. Não vou dizer que Lina mereceu morrer, mas ela procurou por isso. Você descreveu uma pessoa obcecada que se importava mais com o bem-estar de um ser humano desprezível, do que com ela mesma. Eu não posso sentir pena dela. Quanto a Isabel, ela não tinha direito nenhum de atribuir a culpa a você, mesmo sem ter dito com todas as letras. Talvez eu a entenda um pouco, mas não lhe dou razão.

Voltei a olhar para ele, que agora parecia triste, o que não era totalmente ruim. Uma emoção que seja, é melhor que nenhuma. Me aproximei ainda mais dele, colando minha testa na sua e tocando seu rosto com as duas mãos. São momentos como esse que tem a capacidade de mandar a vergonha para o espaço.

-- Eu sei que mesmo que não diga em voz alta, você ainda se culpa um pouco e sinto muito por isso tudo ter acontecido com você -- falei baixinho. -- Mas se te consola, tudo acontece por um motivo. Eu achava que minha vida era miserável até que te conheci... então se tudo aquilo aconteceu para qur você mudasse, não foi totalmente ruim.

Quando ele falou, seu tom foi tão suave quanto o meu:

-- Obrigado.

Loucamente Apaixonada [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora