Sonho

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Quando cheguei em Nova Iorque já era noite, como eu tinha imaginado. Foi quase inacreditável ver que papai estava me esperando ao lado de dois de seus seguranças que eu reconhecia, Diego e Scott. Ele veio até mim e me abraçou.

-- Você me assustou, mocinha. -- disse depois, olhando bem para mim. -- Quando ligou pedindo a passagem, pensei que algo ruim tinha acontecido e você queria ir embora.

A preocupação não era a toa, afinal, antes eu vivia me mudando, e agora que eu tinha encontrado meu lugar em Londres, era de se estranhar que eu quisesse sair de lá.

-- Me desculpe, não era minha intenção -- sorri um pouquinho. Os seguranças - que eram um pouco desnecessários no momento. - pegaram minhas malas e começaram a nos escoltar para onde provavelmente estava o carro. -- Londres continua maravilhosa como sempre, mas decidi passar um tempo aqui antes da faculdade começar.

-- Vou fingir que isso tem mais haver com querer se aproximar da família e menos com o garoto Hunter. -- ele comentou seriamente, mas logo abriu um sorriso para mim.

-- Se com me aproximar da família, está querendo dizer do senhor, pode até ser, mas da mamãe nem pensar. -- eu disse, ignorando descaradamente a parte sobre Samuel. O único ponto verdadeiramente ruim de Nova Iorque: Helen estava aqui. -- Nem quero imaginar a cara dela quando me vir, não nos demos muito bem da última vez.

Depois que eu disse isso, papai ficou com uma expressão pensativa, e se eu não estivesse enganada, ele parecia um pouquinho atormentado.

-- Uma moeda pelos seus pensamentos. -- brinquei quando ele entrou no carro logo depois de mim.

Ele me deu um sorriso triste.

-- Acredite, querida. Você não vai querer saber.

***

Relatório da minha chegada na mansão da família:

1. Não vi Helen em lugar algum e nem me dei ao trabalho de perguntar por ela.

2. Liguei o celular e vi que tinha recebido uma enxurrada de mensagens indignadas (principalmente de Gabriely), do tipo "Você foi mesmo embora e nem me avisou direito????? Jogo sujo, Heather. Implore pelo meu perdão".

3. Fui correndo tomar um banho e me arrumar.

-- Pai, eu já vou indo! -- avisei ao passar pela sala e beijei rapidamente o rosto dele.

-- Você realmente está me trocando por aquele garoto. -- disse com falso pesar.

-- Não banque o dramático, paizinho. -- ri e fui correndo para fora, onde o motorista me esperava.

Dei o endereço a ele e me mantive o caminho todo nervosa.

***

O porteiro anunciou minha chegada a avó de Sammy e ela logo permitiu minha entrada. Foi ela quem abriu a porta para mim, recebendo-me com um olhar avaliativo. Então ela abriu um grande sorriso. A avó de Samuel era uma mulher bonita, obviamente se cuidava, mas não parecia ter aderido a plástica nenhuma, o que era um alívio.

-- Seja bem-vinda! -- pegou minha mão, guiando-me pela casa.

Franzi a testa diante de seu comportamento animado.

-- Desculpe, senhora, mas eu perdi alguma coisa?

Ela ergueu uma sobrancelha para mim, parando no meio da escadaria, consequentemente me fazendo parar também.

-- Me chame de Amélia. -- pediu. -- E não estranhe o meu comportamento -- ela riu. Acho que sou transparente demais. -- É que a Charlote ligou como pediu e me falou muito sobre você. Podemos conversar depois, mas agora você tem algo a fazer.

Ela voltou a andar e eu ainda estava estranhando tudo.

-- Você veio mesmo para Nova Iorque. -- ela disse como se meditasse sobre o assunto. -- Vejo que meu neto não está enganado em seus julgamentos.

-- O quê?

Ela parou novamente, dessa vez no corredor.

-- É a porta no fim do corredor. -- disse ela. -- Não precisa bater.

A partir daí ela simplesmente saiu andando calmamente.

Segui franzindo a testa e caminhei até a porta. Realmente, essa história de "Não precisa bater", me deixa mais nervosa que qualquer outra coisa. Mas eu abri a porta e entrei no quarto devagar.

Samuel estava na cama, o que me fez novamente lembrar o dia em que entrei em seu quarto pela primeira vez em Londres, mas diferente daquele dia, ele realmente estava dormindo. Um livro estava caído sobre o seu peito, os óculos de leitura estavam no rosto e fones estavam em seus ouvidos. A música estava tão alta que pude escutá-la assim que cheguei perto. Me sentei na beirada da cama, olhando para seu semblante calmo, me perguntando se deveria ou não acordá-lo. E aí a ideia mais louca veio em minha mente. Deitei ao seu lado, devagar. Ficamos cara a cara.

-- Sammy? -- chamei, correndo uma unha pelo rosto dele, suavemente. -- Eu sei que você está cansado, mas estou com saudades. -- peguei sua mão e entrelecei nossos dedos. -- Sammy?

Suas pálpebras se mexeram, e preguiçosamente seus olhos foram se abrindo. Até que se abriram por completo e pude contemplar aquela cor verde incrível.

Ele ergueu uma mão e tocou meu rosto.

-- Meu melhor sonho em dias. -- disse ele com a voz rouca e então simplesmente...

... me beijou.

Loucamente Apaixonada [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora