Mas, no fim das contas, acabei chorando.
Sempre fui péssima em esconder emoções, o que se provou ainda mais real para mim quando chegamos e Amélia me perguntou o que tinha acontecido. Aparentemente eu estava com uma aparência abatida e Samuel parecia que queria matar alguém -- palavras dela, não minhas. --, o que não me deixava sozinha nesse barco.
Por insistência dela e de Sammy, finalmente encontrei minha voz e contei o que aconteceu no meu quarto. Lembrar de como minha mãe foi cruel, não apenas fisicamente, mas principalmente de forma verbal, fez com que lágrimas silenciosas caíssem sem que eu pudesse contê-las. E odiei Helen ainda mais por isso.
Agora eu estava sentada no sofá, com uma xícara de café nas mãos e Amélia acariciando meus cabelos, enquanto esperava Samuel retornar para a sala. Ele tinha nos deixado a sós assim que lhe dei o número de papai, obviamente querendo conversar em particular com ele, mas, vez ou outra, sua voz exaltada chegava a nós, mesmo que as palavras não fossem completamente distinguíveis.
-- Seu café está esfriando, querida. -- disse Amélia pondo uma de suas mãos sobre as minhas que apertavam a xícara como se minha vida dependesse disso.
A canpainha tocou, mas Amélia não saiu do meu lado. Pouco depois a governanta da casa -- Mary. --, foi abrir a porta.
-- É claro que ele está aqui, Charles. A moto dele está lá fora. -- disse a voz de um garoto.
-- Não é como se ele não tivesse um carro. -- replicou outro.
Um segundo depois eles estavam entrando na sala e um deles parecia de péssimo humor.
-- Bom dia, dona Amélia. -- disse o mal-humorado. -- Onde está aquele...
Ele calou a boca e arregalou os olhos olhando para mim. Eu realmente devia estar péssima.
-- Heather Sharpe. -- disse o outro, que presumi ser Charles já que ele parecia mais surpreso que estressado.
O estressadinho era moreno e tinha os olhos castanho-escuros e cabelos pretos, já Charles era loiro e de olhos castanhos, uns dois tons mais claros. Os dois eram bem bonitinhos, mas eu ainda prefiro Sammy mil vezes.
-- Hã... chegamos no momento errado, não é? -- o estressado parecia envergonhado e confuso agora. -- É melhor nós...
-- Mike, eu já disse que não vou ficar saciando a curiosidade da sua irmã o tempo inteiro. -- disse Samuel ao voltar para a sala. O humor dele parecia melhor. -- Se ela gosta de fofocas o problema não é meu e nem da Heather.
-- Diga isso para a pirralha, não para mim. -- disse Mike, ainda meio que surpreso.
Amélia pegou a xícara de café que eu obviamente não ia tomar e se retirou em direção a cozinha.
Sammy se agachou na minha frente e pegou meu rosto entre as mãos.
-- Eu conversei com seu pai e ele disse que vai resolver tudo, mas precisam dele na empresa agora, então ele só vai conversar com a Helen a noite, quando chegar.
-- Ele não deve estar feliz. -- comentei.
Samuel balançou a cabeça negativamente.
-- As coisas já estão ruins a algum tempo. Helen só terminou de destruir o que já estava caindo aos pedaços.
-- O que não está me dizendo, Samuel? -- ele apenas ficou olhando para mim e me corrigi: -- Sammy.
Ele se levantou e eu também, porque, sinceramente, já sou baixinha, ficar olhando ele de baixo não dá.
-- Lembra de quando seu pai pediu para falar comigo antes? -- assenti. -- Ele me disse uma coisa que não queria que você ficasse sabendo ainda. Mas se eu te disser hoje não vai fazer diferença.
-- O que foi?
Voltou a negar.
-- Agora não, só depois que você comer alguma coisa. -- certo, alguns minutos a mais não iriam fazer diferença. Sammy me contaria tudo... depois. -- Mike e Charles, já que vieram, estão encarregados de distraí-la e sem fazer perguntas erradas, por favor, ou eu ponho vocês para fora.
Charles ergueu uma mão, como um garotinho do primário querendo perguntar algo ao professor.
-- O que é? -- perguntou Sammy.
-- Cara, até quando você vai continuar dizendo que vocês são só amigos? -- questionou com os olhos estreitos e eu arregalei os meus, sentindo minhas bochechas corarem.
-- Ela veio até aqui. -- disse Mike. -- De Londres. E você está com esse olhar todo meloso, sem falar que ficou todo delicado de repente.
-- E ela te chamou de Sammy. -- completou Charles. -- Só a sua família te chama assim.
-- Me chame de delicado de novo e eu quebro a sua cara. -- Samuel disse a Mike, não com raiva, apenas como se estivesse declarando um fato. Eu observava curiosa o modo como eles se tratavam. Sammy não tinha muitos amigos em Londres e vê-lo interagindo com outros garotos era bem curioso para mim. -- E eu não estou dizendo que somos só amigos, agora será que podem deixar de besteira e de agir como garotinhas fofoqueiras?
Charles e Mike se entreolharam, depois olharam para mim.
-- Sam, acho que a sua garota está passando mal. -- disse Charles. -- Ela está com esse olhar vidrado e a pele vermelha como...
-- Cala a boca. -- pedi ficando mais vermelha ainda. -- Só fica caladinho, por favor, Charles.
Sammy acabou de insinuar para os amigos que não somos só amigos! Ai, meu Deus!
Mike riu.
-- Heather Sharpe está com vergonha. -- ele disse. -- Que gracinha.
-- Não me chame de Heather Sharpe, é só Heather. -- corrigi.
-- Já somos íntimos? -- ele brincou, me fazendo revirar os olhos. -- Tudo bem. -- bateu as palmas uma vez e abriu um sorriso para mim, então pegou meu pulso. -- Vamos te alimentar, gracinha.
-- Não me chame de gracinha! -- pedi enquanto ele me puxava em direção a cozinha.
Olhei para trás e vi Charles e o traidor do Samuel sorrindo para a cena que eu e Mike estávamos formando. Estreitei os olhos para Sammy e articulei com os lábios um "você me paga!", que ele pareceu ter entendido, pois sorriu ainda mais.
☆☆☆
E mesmo querendo postar a tarde, nunca tenho tempo.
I'm sorry.Gostaram do capítulo? Que tal clicar na estrelinha bonitinha? Heheh.
O capítulo foi maiorzinho porque não sei se vou conseguir postar outro hoje, mas se não conseguir, amanhã tem mais e vocês vão conhecer um pouco da época de badboy ao extremo do Sammy.
Beijo, anjos!
Até o próximo!
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Loucamente Apaixonada [Completo]
HumorHeather sempre teve tudo que o dinheiro poderia comprar: Bolsas, sapatos e roupas de grife. Mas nunca teve o amor dos pais, que preferiam passar seu tempo em algum lugar do Atlântico do que com a filha. Disposta a começar uma nova vida, ela se muda...