Tenso.
Essa seria a palavra usada para descrever o meu estado enquanto eu me encaminhava para o carro de Júlio.
Desligada.
Seria a palavra para me descrever dentro do carro.
Assim que tinha visto Júlio não mostrar nenhuma reação sobre o que tínhamos insinuado fazer, decidi me desligar e me concentrar em pensamentos positivos para que tudo desse certo!
Evitei o máximo não desviar minha atenção da janela, que meus olhos encaravam praticamente desde que entrei no carro, para olhar de relance para Júlio. Mesmo quando o carro parava e eu sentia seu olhar em mim decidi não ceder à tentação e encontrar seus olhos incomuns.
E tinha sido muito bem-sucedida em minha missão até que o carro passou por um porteiro, que só de olhar me deu medo, para entrar no estacionamento privado de um prédio. No momento que o carro parou em uma das várias vagas do estacionamento tive o impulso de fechar os olhos e tomar uma leve respiração para poder controlar a minha ansiedade.
Abri meus olhos novamente a tempo de ver Júlio, que já tinha saído do carro, rodar a frente e seguir para a o meu lado. Quando ele abriu a porta eu já segurava a minha bolsa pela alça. Assim que pisei meu All star no chão olhei em volta e reparei que tinha somente um par de carros e uma moto estacionados por ali.
Nós seguimos até o elevador em silêncio. Não demorou um segundo depois de Júlio apertar o botão para as portas se abrirem e entrarmos no elevador, que tinhas espelhos em suas laterais.
Assim que Júlio apertou no vigésimo as portas se fecharam trancando-nos naquele pequeno cubículo. Olhei para o espelho tentando colocar minha atenção em qualquer lugar, mas não foi uma coisa muito inteligente de se fazer. Júlio já olhava na minha direção em que eu olhei e foi inevitável não encontrar os seus olhos no espelho.
—Seus olhos são muito incomuns. —eu disse a primeira coisa que passou pela minha cabeça.
Esse clima de, sei lá, não era legal e o que custaria eu tentar mudar.
—Digo os mesmo dos seus... —disse ele em resposta.
Virei o rosto sorrindo um pouco para ele. Se esse era o primeiro passo para esquecermos o que nos constrangia (ou que só me constrangia) estava no caminho certo.
De repente sem que eu esperasse ele se aproximou de mim e se você pensou que ele me daria um beijo, você estava meio certo. Ele colocou sua mão e minha nuca e me deu um beijo, só que na minha testa. Um singelo beijo que fez meu corpo dar um leve estremecimento e um aquecimento surgir no coração. Um gesto de respeito e carinho, que eu necessariamente não precisava naquele momento.
Ou talvez precisasse...
Não pensei mais nisso, pois além das portas do elevador terem se aberto no andar desejado, Júlio já se a caminhava para fora dele.
Me juntei a ele pisando sob o carpete preto e seguindo pelo pequeno corredor que se abrira entre dois sofás de canto. Um dos sofás estava ocupado por Julia, que quando me viu se levantou me mandou um sorriso receptivo e caloroso antes de vir em minha direção e colocar seus braços em minha volta. Fiquei um momento sem reação, mas depois retribuí o abraço dela. Eu não era acostumada com essas demonstrações de carinho, mas eu não poderia dizer que era ruim. Ao contrário, pois ter alguém que realmente se importe com você é muito bom.
—Tudo bem? —ela perguntou quando se afastou.
Somente assenti para ela, que continuou sorrindo condicente.
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Perdendo-se pelo Caminho
ActionAntes de começar a ler essa história aconselho ler antes "Caindo pelo Caminho", que está completa no perfil! Mas também dá para entender essa história indepente se leu ou não o livro citado acima. Fica a critério de vocês! ☆-☆ :D