Capítulo Cinco

1.6K 147 3
                                    

   Tenso.

   Essa seria a palavra usada para descrever o meu estado enquanto eu me encaminhava para o carro de Júlio.

   Desligada.

   Seria a palavra para me descrever dentro do carro.

   Assim que tinha visto Júlio não mostrar nenhuma reação sobre o que tínhamos insinuado fazer, decidi me desligar e me concentrar em pensamentos positivos para que tudo desse certo!

   Evitei o máximo não desviar minha atenção da janela, que meus olhos encaravam praticamente desde que entrei no carro, para olhar de relance para Júlio. Mesmo quando o carro parava e eu sentia seu olhar em mim decidi não ceder à tentação e encontrar seus olhos incomuns.

   E tinha sido muito bem-sucedida em minha missão até que o carro passou por um porteiro, que só de olhar me deu medo, para entrar no estacionamento privado de um prédio. No momento que o carro parou em uma das várias vagas do estacionamento tive o impulso de fechar os olhos e tomar uma leve respiração para poder controlar a minha ansiedade.

   Abri meus olhos novamente a tempo de ver Júlio, que já tinha saído do carro, rodar a frente e seguir para a o meu lado. Quando ele abriu a porta eu já segurava a minha bolsa pela alça. Assim que pisei meu All star no chão olhei em volta e reparei que tinha somente um par de carros e uma moto estacionados por ali.

   Nós seguimos até o elevador em silêncio. Não demorou um segundo depois de Júlio apertar o botão para as portas se abrirem e entrarmos no elevador, que tinhas espelhos em suas laterais.

   Assim que Júlio apertou no vigésimo as portas se fecharam trancando-nos naquele pequeno cubículo. Olhei para o espelho tentando colocar minha atenção em qualquer lugar, mas não foi uma coisa muito inteligente de se fazer. Júlio já olhava na minha direção em que eu olhei e foi inevitável não encontrar os seus olhos no espelho.

—Seus olhos são muito incomuns. —eu disse a primeira coisa que passou pela minha cabeça.

   Esse clima de, sei lá, não era legal e o que custaria eu tentar mudar.

—Digo os mesmo dos seus... —disse ele em resposta.

   Virei o rosto sorrindo um pouco para ele. Se esse era o primeiro passo para esquecermos o que nos constrangia (ou que só me constrangia) estava no caminho certo.

   De repente sem que eu esperasse ele se aproximou de mim e se você pensou que ele me daria um beijo, você estava meio certo. Ele colocou sua mão e minha nuca e me deu um beijo, só que na minha testa. Um singelo beijo que fez meu corpo dar um leve estremecimento e um aquecimento surgir no coração. Um gesto de respeito e carinho, que eu necessariamente não precisava naquele momento.

   Ou talvez precisasse...

   Não pensei mais nisso, pois além das portas do elevador terem se aberto no andar desejado, Júlio já se a caminhava para fora dele.

   Me juntei a ele pisando sob o carpete preto e seguindo pelo pequeno corredor que se abrira entre dois sofás de canto. Um dos sofás estava ocupado por Julia, que quando me viu se levantou me mandou um sorriso receptivo e caloroso antes de vir em minha direção e colocar seus braços em minha volta. Fiquei um momento sem reação, mas depois retribuí o abraço dela. Eu não era acostumada com essas demonstrações de carinho, mas eu não poderia dizer que era ruim. Ao contrário, pois ter alguém que realmente se importe com você é muito bom.

—Tudo bem? —ela perguntou quando se afastou.

   Somente assenti para ela, que continuou sorrindo condicente.

Perdendo-se pelo CaminhoOnde histórias criam vida. Descubra agora