Capítulo Dezesseis

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   Antes de descer as escadas, onde lá em baixo eu já podia ouvir baixos murmúrios, sentei no primeiro degrau e tratei de tirar os saltos brancos e colocar os confortáveis coturnos pretos nos pés. Com os coturnos colocados e amarrados joguei os saltos de volta no saco e desci às escadas, que ainda eram revestidas por um tapete de veludo avermelhado. Antes mesmo de chegar no último degrau avistei os cabelos claros de Júlio e logo a sua expressão, que parecia quase aliviada ao me ver. Avistei perto dele Julia, que olhava para a porta, até virar para ver o que chamará a atenção do irmão.

—Você está bem? —perguntou Júlio assim que me alcançou no final da escada e me olhou como se estivesse à procura de qualquer marca que Alexander poderia ter deixando em mim. Sua mão no meu queixo só deixou mais aparente que ele estivera preocupado comigo até o momento.

—Estou bem. —afirmei assim que algo puxou uma batida a mais em meu coração.

—Está tudo limpo lá fora. —ouvi a voz de Henrique adentrar o salão.

   Júlio abaixando a mão do meu queixo e voltando comigo em seus calcanhares a Henrique, que passará pelas portas do hall as deixando abertas e empunhando abaixada uma arma preta em sua mão esquerda.

—Só tinha aqueles três seguranças na entrada. —ele disse quando parou na pequena roda que havíamos formado.

—Quantos ele falou que tinha? —Júlio perguntou para mim.

—Vinte, mas que tinha emprestado quatorze. Tem quatro homens para umas quinze garotas lá em baixo. —respondi me lembrando as informações que Alexander falou para mim.

—Será uma caçada de gato e rato naquele lugar que não conhecemos. —falou Henrique.

—Vocês são os gatos. Agora vão! —apressou Julia. —Eu fico com isso. —ela pegou o saco da minha mão e uma piscadela encorajadora foi a última coisa que vi em seus olhos castanhos escuros.

—Então vamos lá. —disse Henrique começando ir em direção as portas opostas as da entrada.

   Com os meus passos atrás de Júlio, que agora já tinha uma arma na mão com um silenciador exatamente como a de Henrique, eu tentava me preparar para encontrar Marisa novamente.

   Assim que Henrique chegou as portas, que eram de um branco igual as pilastras antigas que tinham em alguns cantos, ele colocou imediatamente o ouvido nelas esperando que de alguma forma o barulho de lá debaixo se reverberasse até aqui em cima.

—Tem pelo menos duas vozes lá embaixo. —ele sussurrou para nós.

   Abrindo a porta com máximo de cuidado Henrique passou seguido por Júlio e eu no encalço deles tentando ser tão silenciosa quanto. Após o fechamento da porta atrás de mim ficou evidente a voz de uma pessoa, já que outra era mais choramingo do que palavras. Com o sinal de Júlio para eu ficar; ele e Henrique se puseram a descer a pequena depressão até as escadas. Assim que eles saíram do meu campo de visão não demorou muito para que um som abafado seguido por um baque no carpete fofo ser ouvido. Com isso me pus a descer cuidadosamente aquele espaço que não eram bem iluminado. Quando cheguei lá embaixo vi Henrique já perto de uma garota, que só poderia ser a dona dos choramingo, enquanto Júlio pairava em cima do corpo grande no chão, que se encontrava esparramado perto bar. Após Henrique dizer algumas palavras para a garota morena que tinha lágrimas descendo pelo rosto com manchas arroxeadas, ela se levantou cambaleante e veio em direção as escadas, que ainda eu me encontrava parada.

—Obrigada! —disse a garota brasileira com sotaque carioca, no momento que a segurei quando as pernas dela a ameaçaram se dobrar. Vi um par de segundos antes dela se recompor o tanto que pode e começar sofridamente a subida nas escadas, que ela era muito mais grata do que só por eu ter evitado sua queda.

Perdendo-se pelo CaminhoOnde histórias criam vida. Descubra agora